terça-feira, 12 de março de 2013

Batida entre micro-ônibus e carreta deixa três mortos na BR-381, em MG

12/03/2013 22h04 - Atualizado em 12/03/2013 22h04

Segundo bombeiros, três pessoas ficaram gravemente feridas.
Acidente aconteceu na altura do km-417, perto de Nova União.

Do G1 MG

Um acidente envolvendo uma carreta e um micro-ônibus deixou três mortos, e três pessoas gravemente feridas na tarde desta terça-feira (12), na BR-381, altura do km-417, perto de Nova União, na Região Central de Minas Gerais, segundo informações do Corpo de Bombeiros.

microonibusMicro-ônibus caiu em ribanceira, mas ficou preso em árvore (Foto: Emmerson Silva / TV Globo Minas)

Ainda de acordo com os militares, 10 pessoas tiveram ferimentos leves. Os mortos são duas mulheres e um homem. Três feridos foram encaminhados para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, os demais foram encaminhados para unidades de saúde da região, segundo os bombeiros.

Testemunhas disseram que o acidente aconteceu após o motorista da carreta invadir a contramão para fazer uma ultrapassagem. Com a batida, o micro-ônibus caiu em uma ribanceira, mas ficou preso em uma árvore. O micro-ônibus levava passageiros para cidades da Região Central do estado. Eles haviam feito tratamento médico em Belo Horizonte.

O motorista da carreta fugiu do local, mas foi detido pela Polícia Rodoviária Federal. Às 20h35, a PRF informou que a rodovia estava interditada.

Fonte: G1 MG

Microônibus que transportava pacientes para BH cai em ribanceira e deixa pelo menos três pessoas mortas na BR-381

TRAGÉDIA

12/03/2013 18h32

ALINE DINIZ / GABRIELA SALES

Siga em: twitter.com/OTEMPOonline

FOTO: JOÃO GODINHO / O TEMPOfoto_12032013221926Microônibus voltava para a cidade de Ferros com 16 pacientes

Um acidente deixou pelo menos três pessoas mortas, na tarde desta terça-feira (12), no KM 417 da BR-381, em Roças Novas.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um microônibus que transportava pacientes da cidade de Ferros, região Central de Minas, para a capital teria sido interceptada por uma carreta que realizava uma ultrapassagem em local proibido. Com o impacto da batida, o veículo, que estava com 16 passageiros, caiu em uma ribanceira de aproximadamente 30 metros.

Conforme informações do Corpo de Bombeiros, três pessoas morreram na hora - sendo duas mulheres e o motorista do microônibus. Três vítimas foram socorridas em estado grave e outras dez com ferimentos leves. O helicóptero Arcanjo da corporação resgatou uma mulher inconsciente para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Ana Lúcia de Castro, de 53 anos e Cláudio Andrade Ferreira, de 46 anos, foram resgatados com traumas no rosto.

Crédito: João Godinho / OTEMPO

Com impacto da batida, baú de carreta ficou parcialmente danificado

A PRF informou que o motorista da carreta, Vicente de Paula Bastista, de 52 anos, foi submetido ao teste do bafômetro. Nada foi acusado no exame. Abalado, o motorista não soube explicar o que teria acontecido na hora do acidente. A suspeita da polícia é que o condutor tenha assustado com a aproximação de outro veículo e teria reduzido a velocidade invadindo a outra pista, o que pode ter contribuído com a batida.

Ainda de acordo com a PRF, para o salvamento das vítimas, a via está completamente interditada.

Fonte: O Tempo Online

Micro-ônibus cai em ribanceira após batida e deixa pelo menos três mortos na BR-381

Coletivo levava pessoas que faziam tratamento médico em Belo Horizonte. Veículo bateu de frente com uma carreta antes de sair da pista

João Henrique do Vale

Publicação: 12/03/2013 18:38 Atualização: 12/03/2013 20:04

Um acidente entre um micro-ônibus e uma carreta deixou pelo menos três mortos no início da noite desta terça-feira na BR-381, em Roças Novas, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Outras 16 pessoas ficaram feridas, três em estado grave e dez com ferimentos leves. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os veículos bateram de frente no km 417 da rodovia. Com o impacto, o coletivo caiu em uma ribanceira. A pista está totalmente interditada no trecho.

De acordo com as primeiras informações do Corpo de Bombeiros, os passageiros do micro-ônibus estavam em Belo Horizonte onde faziam tratamento médico e voltavam para a cidade de Ferros, na Região Central de Minas Gerais. Todas as vítimas estavam no coletivo.

Uma mulher, ainda não identificada, foi resgatada inconsciente e levada pelo helicóptero Arcanjo dos bombeiros para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. O estado de saúde da vítima não foi informado.Outras duas vítimas, Ana Lúcia de Castro,de 53anos, e Cláudio Andrade Ferreira,46, foram resgatados com trauma de face e levada para o hospital. Duas aeronaves e sete viaturas dos bombeiros ajudaram no resgate.

Conforme a PRF, já há um longo congestionamento nos dois sentidos da rodovia. Ainda não há previsão para a liberação da pista. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas.

Fonte: Estado de Minas

Relevo mineiro pesa na letalidade da BR-381

Gabriela Pacheco

Publicação: 12/03/2013 06:00
Atualização: 12/03/2013 07:13

Que o relevo do trecho de mais de 300 quilômetros da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, torna a rodovia bem mais perigosa, muitos motoristas poderiam dizer sem estudar. No entanto, pesquisadores da UFMG conseguiram confirmar que grande parte dos acidentes ocorridos na Rodovia da Morte estão diretamente relacionados aos aspectos geológicos da região, originados cerca de 1 milhão de anos atrás. Mais que isso, eles acreditam que, se o poder público tivesse levado em consideração esses aspectos cerca de 50 anos atrás, quando a estrada foi implantada, muitas teriam sido evitadas.

A pesquisa dividiu o espaço estudado em quatro trechos de cerca de 30 quilômetros cada. Nesse primeiro momento, os pesquisadores fizeram o cruzamento de informações geomorfológicas com dados de acidentes de trânsito. “Essa é uma linha de pesquisa ainda no começo. Observamos que, onde o terreno é mais acidentado, temos mais registros de acidentes. Isso acontece porque, para sair das falhas geológicas, foram colocadas curvas mais sinuosas na via, algumas com raio de curvatura até menor do que o exigido pelo Dnit atualmente”, comenta o professor de geoprocessamento da UFMG Bráulio Magalhães da Fonseca.

Para ele, a pesquisa serve de alerta para que o poder público leve em consideração os aspectos geomorfológicos de uma área antes mesmo de planejar construções do tipo. “Antes de promover qualquer projeto é importante fazer uma análise mais aprofundada do relevo e não só estabelecer o traçado pela maior facilidade. No caso da 381, um outro traçado poderia ter evitado muitas mortes.”

O trecho em que a relação entre relevo e violência no trânsito foi mais nítida fica entre os kms 380 e 348, entre Itabira e João Monlevade. “Ele tem o maior índice de acidentes dos últimos quatro anos e também a maior quantidade de falhas e estruturas geológicas, por isso o relevo mais acidentado.” Nessa faixa da rodovia também existem mais elevações e declives e o maior número de curvas: 37.

Segundo o pesquisador, uma solução para o traçado seria a implantação de pontes e túneis pelo trecho, para diminuir a ocorrência de curvas perigosas. “Para a época em que a rodovia foi construída, acredito que isso já fosse uma solução de engenharia viável, mas não financeiramente. Se pegarmos o que diz a legislação ambiental de hoje e sobrepormos ao traçado da 381, constataremos uma série de coisas erradas também.”

Para este ano, os três pesquisadores pretendem continuar os trabalhos de campo. Futuramente, a meta é analisar como trechos menores, de curvas, aclives e declives influenciam diretamente a forma pela qual os acidentes acontecem.

Fonte: Estado de Minas

Dnit derrapa de novo na BR-381

Rodoanel Metropolitano tem edital cancelado

Sem avisar nem ao estado, que deve assumir a obra, departamento suspende licitação para parte da alça que deve retirar tráfego pesado de várias cidades. Duplicação também está parada

Mateus Parreiras

Guilherme Paranaiba

Publicação: 12/03/2013 06:00 Atualização: 12/03/2013 08:42

20130312001531181207eCaminhão tomba em uma das curvas da ligação entre a capital e governador Valadares: armadilhas e tráfego pesado

Considerada fundamental para exorcizar da BR-381 o título de “Rodovia da Morte”, a construção do Rodoanel Metropolitano é avaliada como tão importante quanto a duplicação do trecho de Belo Horizonte a Governador Valadares. Ainda assim, o edital de licitação da parte norte do contorno viário teve o mesmo destino da obra de ampliação da estrada: foi suspenso pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ameaçando prolongar a rotina de desastres. A alça, que passará por Betim, Contagem, Ribeirão das Neves, Pedro Leopoldo, São José da Lapa, Vespasiano, Santa Luzia e Sabará (veja mapa), evitando conflitos entre o tráfego urbano e o rodoviário proveniente da 381, teve a concorrência revogada em 13 de janeiro. A providência, contudo, foi silenciosa, pegando de surpresa inclusive o governo de Minas Gerais, que só ontem tomou conhecimento da medida, após contato da equipe do Estado de Minas, apesar de ser citado inclusive na justificativa do Dnit .

De acordo com o departamento federal, o edital foi revogado “porque atende ao planejamento do governo de Minas Gerais, que está com a iniciativa do projeto e da construção do Contorno Norte”, como informou, por meio de nota. Contudo, dois meses depois da suspensão da concorrência, nenhum termo de transferência de jurisdição ou de celebração de convênio – necessário para que o estado assuma as intervenções de competência federal – foi assinado entre o Dnit e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). Anteriormente, o Dnit já havia suspendido as duas licitações que tratam da duplicação da estrada.

Quando pronto, o Rodoanel evitará que milhares de motoristas que vêm das BRs 040, 381 e 262 entrem na área urbana de Belo Horizonte, Contagem e Betim para seguir viagem. O traçado da via retira boa parte do tráfego pesado desses municípios e foi dividido em três alças. A Norte ficou a cargo do estado, mas já contava com o edital de concorrência publicado – e agora suspenso – pelo Dnit; a Sul ficou sob responsabilidade do próprio Dnit; a Leste foi assumida em conjunto pela Prefeitura de BH e pelo departamento federal. Enquanto a licitação do projeto da Alça Norte foi suspensa sem nenhum aviso, a Sul (Betim, Ibirité e BH) teve a empresa vencedora homologada e o projeto poderá começar nos próximos dias. Nada foi feito ainda no trecho Leste.

Violência

Pela avaliação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de especialistas, apenas a duplicação não acabará com os desastres e as mortes na BR-381. Prova disso, argumentam, é a violência na parte sul da estrada, de BH a São Paulo, trecho conhecido como Rodovia Fernão Dias. Mesmo dotada de pistas duplas, com mãos de direção segregadas e concedida à iniciativa privada, essa parte da via registra mais acidentes e quase o mesmo número de mortes por quilômetro que o trecho norte. Segundo dados da PRF de 2009 a 2012, a média anual de acidentes da Fernão Dias é de 17,6  acidentes por quilômetro. Na Rodovia da Morte foram 8,6 desastres por quilômetro. De BH a SP houve, nesse período, média de um morto a cada 2,7 quilômetros, contra uma vítima a cada 2,2 quilômetros de BH a Valadares.

Estudo divulgado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela PRF reforça essa avaliação, ao mostrar que dois dos 10 mais violentos trechos de rodovias federais estão justamente na BR-381, em Minas Gerais. O mais perigoso deles – o terceiro pior do Brasil – fica entre os kms 480 e 490, do fim da Avenida Cardeal Eugênio Pacelli, em Contagem, na altura da empresa de sistemas de segurança Ritz, já em Betim. Foram 12 mortes, 283 feridos e 863 acidentes computados entre janeiro e setembro de 2012. Os 10 mil metros seguintes, entre os kms 490 e 500, da empresa Ritz e até a interseção com a Rodovia MG-05, integram o sétimo trecho mais perigoso do país, com 13 mortes, 280 feridos e 789 acidentes.

Foi nesse percurso que a PRF removeu do fundo de uma lagoa, no km 497, em Betim, um Fiat Uno que se acidentou matando mãe e filho no domingo. O veículo despencou de um barranco de 25 metros, matando Simone Aparecida Santiago, de 40 anos, e seu filho, Weslei Balbino de Castro, de 22.

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De acordo com o assessor de imprensa da PRF, inspetor Adilson Souza, o Rodoanel será fundamental para reduzir desastres como esse. “Desviar o tráfego rodoviário dos grandes centros elimina o conflito de quem está num ritmo de viagem e de quem está trafegando como se estivesse numa avenida”, afirma.
O professor de engenharia de transportes Márcio Aguiar, da Universidade Fumec, considera o Rodoanel a única solução para reduzir esse tipo de conflito. “O encontro de veículos de passagem com o tráfego da cidade é explosivo. Mas, como as obras do anel metropolitano não saem, o que deveria ser feito é implantar mais radares e ter uma presença contínua de agentes da PRF na via”, considera.
O Dnit informou em nota que o estudo das causas dos acidentes realizado pela PRF é usado com subsídio pelo departamento, que “instala os redutores eletrônicos de velocidade visando a redução de acidentes”.

50 anos de tragédias

Na primeira e segunda reportagens da série sobre os 50 anos da primeira morte no trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade, o Estado de Minas contou a história do atropelamento de Teófilo Severino, morto em 1963, e relatou os traumas da viúva, Julieta Margarida, e de outras famílias marcadas por acidentes na Rodovia da Morte. Também mostrou que a estrada continua perigosa: a estrutura defasada, o traçado sinuoso e a má conservação das pistas expõem os motoristas a risco. O EM também destacou que a ameaça de acidentes é alta devido à imprudência. Só no ano passado, mais de 12 mil multas foram aplicadas na estrada.

Fonte: Estado de Minas

segunda-feira, 11 de março de 2013

Imprudência torna a Rodovia da Morte ainda mais perigosa

Não bastasse a má condição da estrada, o desrespeito às leis de trânsito torna trecho da BR-381 entre BH e João Monlevade mais perigoso. Em 2012, PRF aplicou 35 multas por dia

Publicação: 11/03/2013 06:00 Atualização: 11/03/2013 07:34

Paulo Henrique Lobato

20130311073404635339eAdahyr Júnior mostra imagem do irmão, morto em 2009, quando tinha 26 anos: "Ele morreu muito novo."

Hoje é uma data triste para a família do empresário Adahyr Geraldo Syrio Júnior, de 32 anos. Há exatamente quatro anos, ele viu o irmão, Alberty, morrer na Rodovia da Morte, como é conhecido o trecho de 110 quilômetros da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade. Os dois estavam numa van atingida por um caminhão carregado com vergalhões que passou direto na curva do km 435, depois de Sabará, em alta velocidade. A imprudência do condutor do caminhão deixou seis mortos e 13 feridos. Todos ocupantes da van, que levava universitários da capital para Caeté.

O desrespeito às leis de trânsito é o tema da segunda reportagem sobre os 50 anos da primeira morte no trecho mais perigoso da BR-381. O acidente que matou Alberty e feriu Adahyr ocorreu a cinco quilômetros da curva em que Teófilo Severino, a primeira vítima da Rodovia da Morte, foi atropelado. Se a via fosse duplicada e houvesse divisão física entre as direções opostas, possivelmente o caminhão não teria atingido a van com universitários. Mas a demora de autoridades para revitalizar o trecho – os editais para duplicação estão suspensos, com promessa de retomada no fim do mês – não é o único problema na rodovia.

A imprudência também contribui para o alto número de mortes. De 2007 a 2012, foram 461 óbitos, segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Para se ter ideia do quanto usuários – motoristas, passageiros, ciclistas e pedestres – ignoram as leis de trânsito, balanço da PRF indica a aplicação de 12.832 multas em 2012 – média de 35 por dia. Para piorar, a primeira infração no ranking em 2012, com 3.746 ocorrências, foi a ultrapassagem em local proibido. O número ganha dimensão uma vez que o traçado sinuoso da estrada, com cerca de uma curva a cada 500 metros, facilita colisões frontais, principais causas de mortes. Dos 461 óbitos registrados no trecho entre 2007 e 2012, 207 – 45% do total – ocorreram em razão desse tipo de batida, de acordo com a PRF.

Radares

O Dnit instalou radares ao longo da via na tentativa de inibir o excesso de velocidade. Um dos equipamentos foi colocado na curva em que o caminhão atingiu a van com universitários. A medida veio tarde para os seis ocupantes do escolar. “Toda vez que passo naquele trecho… É complicado falar. Meu irmão completaria 30 anos em 2013. Morreu muito novo. Montamos um grupo, o S.O.S. BR-381, e já fomos a Brasília, ao Dnit. E o que conseguimos? A rodovia ainda não foi duplicada”, lamentou Adahyr. No dia 13, ele e moradores de Caeté planejam interromper o trânsito no trevo de acesso à cidade, como forma de pressionar o poder público a acelerar o processo de duplicação da Rodovia da Morte.

O Dnit, por sua vez, não tem previsão de quando publicará o edital para licitar a obra. O deputado federal Fábio Ramalho (PV), o Fabinho Liderança, porém, teve uma reunião com representantes do órgão, na última semana, e diz que o governo assegurou que os novos editais serão publicados ainda este mês. Em 2013, todos os editais que previam intervenções na pista foram suspensos. A medida deixou o caminhoneiro Geraldo Ricardo Lana, de 50 anos, indignado. Ele passa todas as semanas pelo trecho. “Levo carga seca de Belo Horizonte a Vitória (ES) e nessa estrada precária. Todo ano preciso trocar o amortecedor por causa do asfalto ruim. Gasto no mínimo R$ 840”, disse.

Ranking das multas

Infração    2012
Ultrapassagem proibida    3.746   
Transitar pelo acostamento    1.744   
Veículo sem licença    1.127
Ultrapassagem pelo acostamento    634   
Motorista sem CNH    594
Veículo em mau estado de conservação    549
Passageiro sem cinto de segurança    458
Condutor sem cinco de segurança    455
Veículo sem documento de porte obrigatório    442
Ultrapassar pela contramão em viadutos    256
Outras    2.827
Total    12.832

50 anos de perigo

Na primeira reportagem da série sobre os 50 anos do primeiro óbito na Rodovia da Morte, o Estado de Minas relatou dramas e traumas de quem perdeu parentes no trecho e mostrou que a estrada continua oferecendo risco. No trecho de 110 quilômetros entre BH e João Monlevade, a estrutura defasada, o traçado sinuoso e a má conservação das pistas expõem quem passa pela rodovia a risco.

Fonte: Estado de Minas

domingo, 10 de março de 2013

Perigo real

Autor de livro que tratava dos riscos da BR-381 morreu na estrada

Oswaldo França Júnior morreu em 1989. Obra inspirou filme e seriado na televisão

Paulo Henrique Lobato - Encontro

Publicação: 10/03/2013 00:12 Atualização: 10/03/2013 07:29

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O cinema e a literatura se renderam às armadilhas da BR-381. Por ironia, o autor da ficção mais famosa a tratar dos perigos da estrada morreu num desastre na Rodovia da Morte. Em 1967, o mineiro Oswaldo França Júnior publicou Jorge, um brasileiro, cujo enredo é a saga de oito caminhoneiros numa viagem do Vale do Aço a Belo Horizonte. No fim do romance, ele alertou os leitores: “Perto de Monlevade, entramos na estrada nova e começamos a correr. Tive que me lembrar e diminuir aquela correria, porque com carros pesados como estavam aqueles, isso não era coisa boa”. Vinte e dois anos depois, o Escort que o romancista dirigia rodou na pista e despencou numa ribanceira, de 60 metros, perto de Monlevade.

França Júnior tinha ido à cidade para um encontro cultural. Seu romance, no ano da publicação, fora contemplado com o Walmap, o principal prêmio de literatura da época. Dois dos jurados foram Guimarães Rosa e Jorge Amado. Um ano antes de o escritor morrer, Jorge, um brasileiro foi destaque no cinema. Levado para a telona em 1988, o filme foi estrelado por Carlos Alberto Riccelli. O sucesso do romance inspirou ainda o seriado Carga pesada, exibido na TV Globo. Poucas mudanças significativas ocorreram na estrada desde a morte do escritor, em junho de 1989, quando a 381 era chamada de 262.

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Depoimento
Carlos Herculano Lopes
Repórter, autor do livro poltrona 27, em que relata viagens pela 381

A notícia da morte de Oswaldo França Júnior chegou rapidamente às redações dos principais jornais do Brasil. Eu estava de plantão no Estado de Minas naquela tarde de sábado. Ficamos comovidos. Todos os meses sou obrigado a encarar a BR-381 até o trevo de Itabira para viajar a Coluna, no Vale do Rio Doce. Confesso que vou com o coração na mão. Teve uma noite, voltando de Santa Marta, em que o caos começou no trevo de Caeté, onde uma carreta, lotada de carvão, tinha virado no meio da estrada, causando a morte de duas pessoas. Quando conseguimos passar, estavam acabando de tirar o corpo do motorista das ferragens. Tinha sangue por todo lado. O outro, de uma mulher, já estava estendido no acostamento, sem nada que o protegesse. É por isso que prefiro ir de ônibus. Quando acontece de viajar em ‘carro baixo’, como se diz por aquelas bandas, chego tenso, devido a tantas barbaridades que vejo na estrada. Constatei não valer a pena. Pelo menos, no ônibus, normalmente na poltrona 27, por costume antigo, me poupo desses dissabores. Sempre me benzo antes de sair de casa, pedindo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida, cuja medalhinha carrego no peito, que me tragam de volta e não deixem que eu seja um número a mais na triste estatística das mortes.

Corredor de tragédias
Cinco acidentes que marcaram a BR-381:


2/08/1993
Uma batida de frente entre um ônibus da Gontijo e um da Pássaro Verde, próximo a João Monlevade, matou 21 pessoas. A colisão foi tão violenta que algumas vítimas tiveram a cabeça decepada. A cena de horror chocou até os experientes homens do Corpo de Bombeiros e da PRF que atenderam a ocorrência.

21/02/1996
Um ônibus da viação São Geraldo, que fazia a linha Marataízes (ES) a Belo Horizonte, despencou da ponte sobre o Rio Engenho Velho. No total, 31 pessoas morreram e 16 ficaram feridas. O coletivo transportava foliões que haviam ido curtir o carnaval no litoral capixaba.

26/12/2002
Próximo a Bom Jesus do Amparo, um Kadett que seguia em direção a Vitória não conseguiu fazer a curva do km 396. O veículo invadiu a contramão e colidiu com uma carreta. Os quatro ocupantes do veículo de passeio morreram no local. O mais velho tinha 29 anos.

17/02/2005
Uma van da Prefeitura de Sabará rodou na pista, perto de Ravena, e bateu num caminhão de refrigerantes. Três passageiros, sendo dois secretários municipais, morreram no local. O veículo de carga ficou atravessado na pista, provocando congestionamento de 30 quilômetros.


11/03/2009
Um caminhão perdeu o freio na descida do km 30, invadiu a contramão e acertou em cheio uma van que levava universitários (foto). O motorista do escolar e cinco estudantes morreram. O grupo morava em Caeté e estudava na capital. No local, hoje, há um radar eletrônico, mas o equipamento é insuficiente para evitar desastres.

Fonte: Estado de Minas

Uma sucessão de armadilhas

Rodovia da Morte tem estrutura defasada, pistas simples e traçado sinuoso

Nova promessa do governo federal é lançar editais de duplicação para o trecho de 110 quilômetros no fim deste mês

Paulo Henrique Lobato - Encontro

Publicação: 10/03/2013 00:12 Atualização: 10/03/2013 07:24

“A Rodovia da Morte levou minha família: marido, filho e filha”. O desabafo é de dona Rogélia Perez de Castro Rosa, de 52 anos. Moradora de Caeté, ela clama pela duplicação da estrada. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que em 2013 suspendeu todos os editais para a obra, prefere não se manifestar sobre o assunto, mas há expectativa de os certames serem novamente publicados no fim de março. Quem informa é o coordenador da bancada federal de Minas, deputado Fábio Ramalho (PV), o Fabinho Liderança: “Tivemos uma reunião com representantes do Dnit, na última quinta-feira, e nos garantiram isso”.

Dona Rogélia torce para que o Dnit cumpra com a palavra: “Espero que ninguém mais sofra o que eu continuo sofrendo”. O EM percorreu a estrada e mapeou as armadilhas. Ao longo da viagem, uma constatação comum dos usuários: a BR está ultrapassada. Sua estrutura se opõe à importância dela para o desenvolvimento do país, uma vez que o trecho é caminho para polos produtores, como o Vale do Aço, e para portos, entre eles o de Tubarão (ES). É também caminho para destinos turísticos, principalmente cidades históricas de Minas – Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais – e municípios do litoral do Espírito Santo e da Bahia.

Os dois maiores problemas são o traçado sinuoso, que acompanha montanhas, e as pistas simples e sem divisão física. A combinação desses ingredientes matou familiares de dona Rogélia  em dois acidentes. Em 1990, ela perdeu o marido, Artur, de 33 anos, e o filho, xará do pai, de 4, numa curva próxima a Sabará, onde um caminhão invadiu a pista contrária e acertou em cheio o carro em que os dois viajavam. Em 2009, outra carreta entrou na direção oposta e destruiu a van em que estava sua filha, a universitária Ranaly, de 21.

Rogélia acredita que os três poderiam estar hoje ao seu lado se o trecho fosse duplicado. Enquanto a sonhada obra não sai do papel, os usuários precisam ter atenção e sorte. Para se ter ideia, há cerca de 200 curvas entre BH e Monlevade, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Logo ao sair da capital, o motorista se depara com uma delas, no km 456. O local exige perícia do condutor, pois a curva é num declive. À frente, a placa que informa a existência da ponte sobre a linha férrea está danificada. É uma das primeiras mostras de que a sinalização na rodovia é deficiente.

No km 428, pouco depois do trevo para Caeté, há uma ponte em curva. Dois quilômetros adiante, uma placa alerta: trecho com alto índice de acidentes. O asfalto está danificado no km 381, onde há duas faixas amarelas contínuas, o que confunde motoristas. Já no km 365 há “costelas” no pavimento. No km 360, sentido Belo Horizonte, o problema é o início de uma erosão no asfalto. O local está sinalizado, mas prejudica a circulação de veículos. O caminhoneiro José Ronaldo Fernandes, de 44, reclama do trecho. “O piso da 381 está uma porcaria. As curvas têm precipitações. Elas ‘empurram’ o caminhão de banda se o motorista não segurar firme na direção.”

Manifestação

Às 10h do próximo dia 25, representantes da bancada federal de Minas vão fazer uma manifestação, próximo à entrada para o Hotel Tauá, em Caeté, pela duplicação urgente da 381. “Convidamos o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e o diretor-geral do Dnit Jorge Ernesto Pinto Fraxe. Deputados federais, estaduais, prefeitos da região também estarão presentes, mas quero dizer que o evento é um ato apolítico. Essa rodovia precisa ser duplicada logo”, disse Fabinho Liderança, que organiza o evento ao lado de outros colegas, como a deputada Jô Moraes (PcdoB), uma dos parlamentares que tiveram a ideia da manifestação.

Nos últimos anos, uma das medidas adotadas pelo Dnit para reduzir os acidentes foi o alargamento de pontes em parte do trecho. Outra foi a instalação de radares. Para José Aparecido Ribeiro, especialista em segurança no trânsito e fundador da ONG SOS Rodovias Federais, as medidas são insuficientes para acabar com as tragédias. “O correto é refazer a rodovia, com um traçado menos sinuoso e com menos inclinações. Até porque não há como realizar uma obra de duplicação com o volume de veículos no local”.

O engenheiro Herzio Mansur, professor de logística e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), também não poupa críticas. “Como admitir uma estrada dessa? O governo precisa entender que ele existe para propiciar segurança aos cidadãos. É uma rodovia homicida”.

Fonte: Estado de Minas

Até quando?

Às vésperas dos 50 anos do 1º acidente fatal na BR-381, EM relata drama

Perigo ainda continua na rodovia, o 1º acidente foi entre BH e João Monlevade

Paulo Henrique Lobato -

Publicação: 10/03/2013 00:12 Atualização: 10/03/2013 17:56

20130310071847199840iTrecho da BR-381 com placa em homenagem a morto em acidente na rodovia: edital para duplicação está suspenso

Aos 100 anos, Julieta Margarida tem prazer em dividir suas histórias com familiares e amigos de Ravena, distrito de Sabará. As lembranças, quase sempre, vêm acompanhadas de sorrisos. Uma delas, porém, a deixa com os olhos marejados. E a voz custa a sair. Quem a conhece bem logo diz que é saudade. “De Teófilo Escolático Severino”, entrega a mulher. Os dois foram casados por três décadas e meia. Trabalharam na lavoura e tiveram 23 filhos – a última gestação foi de gêmeos. O sonho do casal, de envelhecer lado a lado, se transformou em pesadelo na tarde de 5 de abril de 1963, quando um caminhão em alta velocidade atropelou o agricultor. O corpo dele ficou dilacerado. Teófilo foi a primeira vítima da Rodovia da Morte, como foi rotulado o trecho de 110 quilômetros da BR-381 de Belo Horizonte a João Monlevade.

De lá para cá, os acidentes se tornaram frequentes. Na maior tragédia, em fevereiro de 1996, um ônibus caiu da ponte sobre o Rio Engenho Velho: 31 pessoas morreram e 16 ficaram gravemente feridas. O poder público não tem  estatística consolidada de desastres no trecho. O balanço mais completo, o da Polícia Rodoviária Federal (PRF), se refere apenas aos últimos seis anos. Mas é o bastante para revelar números assustadores. De 2007 a 2012, foram 9.149 acidentes e 461 mortes. O total de óbitos é ainda maior, porque o levantamento exclui o saldo de feridos que perderam a vida em ambulâncias ou em leitos de hospitais. Na primeira reportagem de série sobre os 50 anos do primeiro óbito na Rodovia da Morte, o Estado de Minas relata dramas e traumas de quem perdeu parentes no trecho e mostra que a estrada, cuja duplicação está com editais suspensos, continua oferecendo risco a motoristas e pedestres.

“Foi uma cena horrível.” É assim que Julieta Margarida descreve o acidente que matou seu marido, Teófilo. Na tarde do acidente, ela e o companheiro tinham ido a uma roça vizinha buscar espigas de milho. Queriam fazer fubá. Por volta das 16h30, o casal foi surpreendido por um caminhão, com placas de Anápolis (GO), próximo ao trevo de Ravena. Desgovernado, o veículo passou por cima do agricultor e por pouco não atingiu sua companheira. O motorista só conseguiu parar o caminhão a um quilômetro de lá. Apavorado, fugiu. Outras três pessoas estavam na boleia: um homem, uma mulher e um adolescente. Levados a uma delegacia de Sabará, eles confirmaram que o motorista guiava o caminhão em alta velocidade.
Imprudência
Um dos caronas revelou aos policiais que havia suplicado ao condutor, minutos antes do acidente, que tirasse o pé do acelerador porque o trecho era bastante sinuoso. O apelo foi ignorado. E Teófilo pagou com a vida pela imprudência do desconhecido. O atropelamento impediu o lavrador de ver como sua família se multiplicaria. “Ao todo são 38 netos, 41 bisnetos e três tataranetos”, conta Julieta. “Se vivo fosse, papai iria gostar de saber como mamãe continua vaidosa”, acrescenta Olga, uma das filhas do casal. Ela diz que a mãe faz questão de pintar as unhas, uma vez por semana, e sempre na cor vermelha. Diz mais: “O par de brincos é acessório certo. Tal qual o perfume, que ela usa todos os dias”.

Em novembro passado, quando festejou seus 100 anos, a ex-lavradora deu trato ainda melhor no figurino. Quem dera a festa fosse completa: faltou Teófilo. “A rodovia precisa ser duplicada”, cobra a viúva. Desde a construção da estrada, porém, ocorreram poucas mudanças significativas para garantir a segurança dos usuários. Projetada no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1902–1976), no fim da década de 1950,  a rodovia foi construída para encurtar o caminho da capital mineira ao Leste do estado, ao Espírito Santo e ao Sul da Bahia. Em 1964, no plano de numeração das BRs, passou a ser parte da 262. Na última década, o governo concluiu que o melhor seria integrá-lo à 381.

Para usuários e especialistas, porém, o nome apropriado é Rodovia da Morte. O engenheiro Herzio Mansur, professor de logística e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), considera o “modelo de tragédias anunciadas”, diz. “Esse trecho é um dos grandes assassinos que agem em Minas. Quando a estrada foi feita, a realidade do fluxo de veículos era outra”, opina. “Hoje, a estrada não comporta o movimento. Aliás, há anos que a BR se mostra ineficiente. É um modelo ultrapassado”.

20130310071902248007uJulieta Margarida mostra foto do marido, Teófilo, atropelado por caminhão em abril de 1963: "Foi uma cena horrível", diz

Fonte: Estado de Minas

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