Edital da duplicação da 381 é adiado

Representantes de entidades do Vale do Aço manifestam decepção com a decisão

12/11/2011 - 00h00

Arquivo DAIntensas manifestações pela duplicação já ocorreram na BR-381

DA REDAÇÃO - Embora a presidente Dilma Rousseff (PT) tenha prometido na campanha eleitoral, e anunciado, no dia 1º de setembro, que as obras dos quatro primeiros lotes da duplicação da BR-381 Norte, entre BH e Governador Valadares, seriam iniciadas ainda este ano, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, confirmou, nessa quinta-feira, (10), que os editais serão lançados no primeiro trimestre de 2012.

Somente depois da publicação dos editais é que a licitação será efetivada, com a contratação das empresas vencedoras para a execução das obras. O processo dura no mínimo 90 dias, se não houver objeções. No caso de algum concorrente discordar do resultado e recorrer, esse prazo pode ser bem maior.

De acordo com o Ministério dos Transportes, os lotes que darão início à duplicação do trecho crítico da rodovia são os de números 6, 7 e 8 entre Belo Horizonte e o rio Una, perto de São Gonçalo do Rio Abaixo. Os projetos executivos referentes a dois lotes seriam lançados no começo do segundo semestre deste ano. No entanto, mas o escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, que acarretou na queda do ministro Alfredo Nascimento, suspendeu os processos. Nascimento foi o segundo dos seis ministros que saíram do governo após escândalos envolvendo abusos com o dinheiro público.

A duplicação da BR-381 é um desafio. Prevê obras em trechos de difícil acesso e até uma variante (lotes 9 e 10), a partir do Rio Una até Nova Era. A proposta é construir uma nova estrada. Nos outros trechos estão previstas redução das subidas e descidas, eliminação de curvas em alguns pontos, construção de pontes e viadutos, aumento do raio das curvas.

Enquanto a duplicação da BR-381 não sai do papel, pesquisas apontam que a rodovia permanece como uma das mais perigosas do país. Segundo a 15ª Pesquisa CNT de Rodovias 2011, divulgada em outubro último, na sede da Confederação Nacional do Transporte, 12,6% da malha são consideradas ótimos; 30%, bons; 30,5%, regulares; 18,1%, ruins; e 8,8% estão em péssimas condições. O trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e o Vale do Aço figura entre os trechos apontados no estudo como o mais perigoso para o tráfego e potencialmente propício à ocorrência de acidentes fatais.

Wellington FredA BR-381, palco de diversos acidentes, justifica o apelido de “Rodovia da Morte”

Perigo

O estudo da CNT cita relatório do próprio Dnit, que mapeou os locais com maior número de acidentes e ocorrências registradas com óbitos. A BR-381 Norte é a mais perigosa do Estado. Nessa estrada, foram registrados, só em 2010, 1.237 acidentes com feridos e 113 com mortos. E conforme dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal no Estado, no total ocorreram 334 mortes no ano passado em toda a extensão da rodovia. A BR-101, no Espírito Santo, é a segunda colocada no ranking de periculosidade, apresentando 94 acidentes com vítimas fatais em 2010.

Nesta edição do levantamento foram avaliados 92.747 km, o que representa 100% da malha federal pavimentada, as principais rodovias estaduais pavimentadas e as concessionadas. São 1.802 km a mais do que o analisado na pesquisa anterior.

O objetivo do estudo, realizado pela CNT e pelo Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), foi o de avaliar as condições das rodovias brasileiras pavimentadas segundo aspectos perceptíveis aos usuários, identificando as condições das vias – em relação ao pavimento, à sinalização e à geometria da via – que afetam o conforto e a segurança.

Para fazer a análise, 17 equipes da CNT percorreram o Brasil durante 39 dias, entre 27 de junho e 4 de agosto deste ano. Os resultados foram apresentados por tipo de gestão (pública ou concedida), por tipo de rodovia (federais ou estaduais), por região e por unidade da Federação.

Mobilização
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais – regional Vale do Aço, Luciano Araújo, é necessário realizar uma nova mobilização. “Precisamos nos unir e mobilizar as lideranças da região para mostrar ao governo federal a força da região do Vale do Aço e a importância desta duplicação, pois o desenvolvimento da região está comprometido”, explicou.

O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi), Gustavo de Souza, faz parte da quarta geração à frente da entidade a lutar pela duplicação da BR-381, e vê esse adiamento como “frustrante”.
“A nossa preocupação com essa obra é muito grande, não só para o progresso da região, mas para a preservação das vidas. Espero que a presidente Dilma Rousseff não termine seu mandato sem iniciar a licitação de 50% dos lotes para a duplicação do trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. Estamos frustrados, mas ainda com esperança de ver a duplicação da BR-381”, ressaltou.

Já o presidente da Associação Comercial (Acicel) Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Coronel Fabriciano, Ivair Andrade, confessa que está desanimado com a duplicação. “Já vi tantas vezes essa cena de adiamento da duplicação e percebo que está a cada dia mais distante este sonho se realizar. Acho um descaso e um desrespeito do governo federal, que leva muito dinheiro da nossa região por meio de impostos”, pontuou.

Por sua vez, o presidente da Associação Comercial de Timóteo (Aciati) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Hiler Félix, ressaltou que recebeu a notícia com muita tristeza. “Repudio a atitude do governo federal. Acredito ser um descaso com a nossa região e a região nordeste do Brasil que depende deste trecho para chegar à capital”, concluiu.

Fonte: Diário do Aço