terça-feira, 16 de março de 2010

Dados estatísticos da BR 381 fornecidos pela PRF - 2008 - Informações sobre a ONG SOS Rodovias Federais

Prezados

Um ano se passou desde a morte dos 6 estudantes de Caeté que a caminho de casa em uma van, na noite do dia 11/03/2009, bateram de frente com um caminhão desgovernado no "KM 30" da "Rodovia da Morte - BR 381". Este local é conhecido pelos acidentes trágicos em uma seqüência de 4 curvas onde já morreram mais de 100 pessoas no 53 anos de vida da BR 381, cujo nome de "fantasia" por sí só já diz tudo.

O "km 30" na verdade fica no km 435 e é o início da subida da Serra da Piedade, ou o final da sua descida. O desnível entre o topo da pista e o ponto mais baixo ultrapassa 1000 metros em um trecho de 8 km de descida íngreme, onde os acidentes provocados por perda de freios são comuns.

Esse teria sido mais um acidente, de tantos que acontecem todos os dias na "381", provocando mortes que só em 2008 somaram mais de 500, se não fosse a indignação de parentes e o trabalho da ONG SOS Rodovias Federais de Minas Gerias com o apoio da imprensa. Dois dias após o acidente, dia 13/03, deram inicio uma série de manifestações que fecharam a 381 por 8 vezes durante o ano de 2009, pedindo a sua reconstrução. De lá para cá pouca coisa mudou na prática, mesmo com 2 reuniões em Brasília e meia dúzia de promessas do DNIT, a Rodovia segue matando por razões já conhecidas e que devem ser lembradas.

Contudo, não por acaso nesta data, o DNIT convocou uma entrevista coletiva para anunciar providencias que todos querem acreditar ser verdadeiras definitivas para a reconstrução da BR 381, no seu trecho conhecido como "Rodovia da Morte". Um 'raio x' da Rodovia na opinião da ONG SOS Rodovias Federais pode ser útil.

  • A pista da BR 381 nos 320 km entre BH e Governador Valadares é simples, estreita e não possui proteção física de concreto entre uma mão e outra. A faixa de 48 cm de largura é o que divide uma pista da outra e a vida da morte, todas as vezes que entramos na "381 Norte"...

  • O volume de caminhões é maior do que a capacidade por ela ser uma rodovia federal que escoa mercadorias de vários gêneros, em especial aço, alimentos e bebidas. O que significa eixos de carrocerias maiores do que o padrão normal.

  • A topografia acidentada e as curvas fora dos padrões de segurança tiram o carro de sua trajetória na "381" e joga ele de encontro ao veículo que segue em sentido contrário. Muitas vezes isso acontece sem que o motorista esteja esperando e tenha tempo de corrigir o curso do carro ou do caminhão, provocando colisões frontais.

  • Na maioria dos acidentes neste trecho da "381", entre BH e Nova Era não existe presença de álcool e nem tão pouco de imprudência, os acidentes acontecem por fatores relacionados ao traçado da rodovia. A velocidade contribui, mas não é a causa principal.

  • A "381" foi construída há 55 anos atrás, e seu projeto original seguiu a rota dos "burros de cargas" que faziam o transporte entre BH e João Monlevade, quando os recursos de engenharia eram bastante limitados. De lá para cá, a tecnologia de construção de estradas evoluiu, mas não foi aplicada na BR 381 Norte.

  • Os veículos daquela época não desenvolvia velocidade superiores a 120 km e os caminhões eram bem menos potentes. A realidade hoje é bem diferente. A indústria automobilística, especialmente a de carga evoluiu mas a rodovia continua a mesma. Carros cada vez mais potentes, motoristas menos experientes e o mesmo cenário de 50 anos atrás. Um "coquetel" perfeito para as tragédias.

  • O fluxo de veículos e caminhões praticamente duplicou nos últimos 10 anos e todo o movimento que cruza o País do Norte e Nordeste para o Sudeste, Centro Oeste e Sul, passam pela BR 381...Parte significativa dos óbitos são de motoristas de outros Estados que não conhecem a Rodovia.

  • As carrocerias estendidas de carretas carregadas com aço, é uma realidade só da BR 381, em virtude das Siderúrgicas da região do Vale do Aço. Elas costumam invadir a pista contrária não por imprudência dos motoristas, mas por questões de engenharia das curvas deficientes, que são fechadas e não comportam este modelo de carrocerias, provocando acidentes por colisões laterais, ou desprendimento de cargas. (bobinas de aço).

  • A topografia exige dos freios dos caminhões mais do que eles suportam. Há um grande número de subidas e descidas longas em todo o percurso até Ipatinga 223 km partindo de B. A topografia muda de Ipatinga até Governador Valadares, nos 100 restantes.

  • A maioria das mortes são por colisões frontais, 92% dos acidentes na "381" poderiam ser evitados se a Rodovia tivesse pistas separadas, por conseqüência o número de mortes seria também 90% menor do que é atualmente.

Outras informações importantes sobre o Movimento e sobre a Rodovia:

  • Os números de acidentes na "381" colocam o assunto em níveis de segurança nacional. 500 mortes por ano é mais do que muitas guerras ou catástrofes naturais. Em 2008 foram 8.207 acidentes graves, 3.707 acidentes graves, 1.248 acidentes graves e 277 mortes no local. No trecho de 100, que recebe o estigma de "Rodovia da Morte", entre BH e João Monlevade, foram 138 óbitos no local e segundo os "Anjos do Asfalto" ONG que faz o resgate em acidentes, 40% dos que são feridos graves, morrem a caminho do hospital ou alguns dias depois. O que eleva o número de mortes para mais de 500 pessoas em um ano apenas.

  • A Polícia Rodoviária Federal não divulgou os índices de acidentes durante o ano de 2009 e tudo leva a crer que são piores do que os de 2008.

  • A Rodovia tem 923 KM entre a divisa de Minas com São Paulo até a divisa de Minas com o Espírito Santo em São Mateus no ES.

  • Se a licitação começar hoje, considerando os processos normais, a "381" ficaria pronta somente daqui a 6 anos. Isso por que uma licitação não é feita em menos de um ano e a obra levará pelo menos 5 anos para ser concluída.

  • Independente das obras, a Rodovia precisa de um plano de emergência para mitigar o auto índice de acidentes com mortes.

  • A Polícia Rodoviária tem os números de acidentes, sabe onde e como eles acontecem em cada curva. Isso sugere uma sinalização especial, instalação de barreiras eletrônicas, lombadas e redutores de velocidade, onde os acidentes são mais comuns.

  • A Rodovia exerce influência em 56 cidades de MG onde vivem mais de 6 milhões de pessoas.

  • O Governador Aécio Neves tentou tomar do governo federal a concessão e manutenção da rodovia em troca da CID e verbas federias destinadas à sua reconstrução em 2008, mas não conseguiu

  • A Bancada Estadual da ALMG composta pelos Deputados da Comissão de Transporte daquela Casa, estiveram ao lado do Movimento SOS Rodovias durante todo o tempo, realizando audiências públicas sobre o tema e com presença física em todas as manifestações durante o ano de 2009.

  • Foram feitas duas visitas em Brasília durante o ano de 2009, com a presença de vítimas e familiares além do vice presidente e do ministro dos transportes.

  • Estiveram envolvidas diretamente no movimento Prefeituras e Câmaras Municipais de 28 Cidades por onde a Rodovia passa.

  • As 8 manifestações contaram com a participação de mais de 6 mil pessoas. Interrupção do trafego em vários pontos da Rodovia.

  • Nenhum acidente aconteceu durante as manifestações que interromperam o tráfego na Rodovia e todas elas contaram com o apoio da PRF, que é a favor da reconstrução e tem feito tudo que pode para evitar os acidentes enquanto a reforma não vem.

  • O tempo de duração das manifestações foram de 2 horas em média.

  • As opiniões sobre a manifestações ficaram divididas. Alguns motoristas eram compreensivos, não se incomodavam com o fechamento da Rodovia, já outros achavam que as manifestações deveriam ser feitas em Brasília e o alvos deveriam ser o Presidente da República, a Ministra Chefe da Casa Civil que é Mineira, do Vice Presidente e do Ministro dos Transportes.

  • As três maiores manifestações aconteceram nos trevos de João Monlevade, Itabira e Caeté. O último aconteceu em Nova União e teve presença maciça da Polícia Militar.

  • As manifestações ganharam destaque em praticamente toda a mídia nacional, em especial as televisões, rádios e Jornais. Somente as revistas de circulação nacional não fizeram a cobertura do assunto.

  • Foram criados dois sites que servem de canal de comunicação entre as lideranças do movimento, imprensa e usuários da BR 381. São eles: www.br381.org e www.sosrodoviasfederais.org

  • A ONG nunca recebeu qualquer verba pública ou privada para a sua subsistência e todas as ações contaram com a participação de populares das cidades onde foram feitas as manifestações, espontaneamente.

  • Três pessoas falam em nome da ONG: José Aparecido - 31-9953-7945/ Fernando: 31-8891-8940 e Jadson: 31-8454-5894

José Aparecido Ribeiro
ONG SOS Rodovias Federais de Minas Gerais
Especialista em transito, transporte e assuntos urbanos
CRA MG 0094-94
31-9953-7945

Um comentário:

  1. tenho um sítio em roças novas , e concordo plenamente com o texto acima .Acho que vcs devem pedir ajuda a vale do rio doce e Usiminas, elas tem força para duplicar ou não a 381.Devem ser colocadas placas com fortes lembretes do perigo da 381 até a duplicaçao.
    Cássio Maio

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