Descaso (I)
Nesta quarta-feira, dia 28 de outubro, mais 12 pessoas perderam a vida na BR-381 - a famigerada ‘Rodovia da Morte’, próximo a Governador Valadares, na mesma curva onde mais de uma centena de pessoas morreram vítimas de acidentes nos últimos 10 anos... Será apenas mais um acidente que entrará para a conta do descaso do Ministério dos Transportes com Minas Gerais. E só mais um artigo meu a respeito, pela trigésima segunda vez...
As fotos do acidente, veiculadas na imprensa, mostram nitidamente que a colisão frontal poderia ter sido evitada se uma pista fosse separada da outra com barreiras físicas de concreto ou de aço, como deve ser em uma rodovia federal decente.
O que tem a nos dizer o ministro dos Transportes e o superintendente-geral do Dnit a respeito desta carnificina que está só começando nesta estação das chuvas nas rodovias federais que atravessam o Estado de Minas Gerais?
Posso apostar que eles dirão que a culpa é da “imprudência” e da fatalidade. Fácil e cômoda a justificativa de ambos, sobretudo porque as vítimas não são parentes deles.
Ora, se é a imprudência a causa, alguém morreu de graça, pois não podem dois condutores cometer imprudências ao mesmo tempo. A lógica nos diz que, neste caso, o que estava cumprindo suas obrigações pagou, com a sua vida, pelo erro do outro.
Tudo conversa fiada, pois todos que morreram, foram vítimas de um modelo de rodovias falido, que permite que dois veículos se cruzem em sentidos opostos, em alta velocidade, por falta de proteção física entre uma pista e outra. As duas faixas de 40 centímetros de largura que separam uma pista da outra não podem evitar colisões frontais, basta ter bom senso para perceber isso.
Com efeito, qualquer outra justificativa é desculpa que não fará o tempo retroagir e menos ainda diminuir a dor de quem perdeu parentes em mais um acidente estúpido na 381. Acidente que deve ser debitado na conta do Ministério dos Transportes e do Dnit, que está nos enrolando há anos para reconstruir a rodovia no trecho de 320 quilômetros entre BH e Governador Valadares. Trecho que, diga-se de passagem, matou mais de 500 pessoas em um ano apenas.
José Aparecido Ribeiro
Administrador/Consultor Especializado
Especialista em Trânsito e Assuntos Urbanos ONG SOS Rodovias Federais de MG. Belo Horizonte
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Descaso (II)
O grave acidente envolvendo uma van e um ônibus nas proximidades de Periquito, que até a tarde de ontem contabilizava doze mortos, foi manchete em todos os telejornais. Certamente pelo número de vítimas em um único desastre. Pelo visto, nem é mais notícia a triste rotina da BR-381, a conhecida “Rodovia da Morte”, que não passa um dia sem ceifar a vida de seus usuários. Curioso que, há mais de 40 anos, as promessas de duplicação já serviram para eleger muitos políticos. Agora, falam na realização de estudos para a “realização” em 2013. É brincadeira!
Caio Márcio de Azevedo Moreira
Fonte: http://diariodoaco.com.br/noticia.php?cdnoticia=28387
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