segunda-feira, 26 de julho de 2010

2010.07.26 - Silêncio e revolta param a 381 – Estado de Minas

Parentes das vítimas de acidente que tirou a vida de nove pessoas fazem manifestação perto de Caeté, cobrando providências para diminuir a violência na Rodovia da Morte

Daniel Antunes

Pedro Vilela/Esp. EM/D.A PRESS20100725211650471"Esta estrada destruiu meu sonho de casar e ter uma família. Meu noivo foi mais um que teve a vida interrompida nesta rodovia e infelizmente não será o último", Michele de Freitas Ribeiro (C), noiva de um dos mortos em desastre ocorrido há um mês

O caseiro Sebastião Juninho Queiroz completaria hoje 32 anos. Seria o último aniversário na condição de solteiro, mas provavelmente a festa não teria a mesma fartura das anteriores, já que ele estava economizando para pintar a casa que havia alugado em São José da Lapa, na Grande BH, onde moraria depois do casamento, marcado para dezembro. Os planos foram bruscamente interrompidos em uma curva da temida BR-381, próximo ao trevo de Caeté. Sebastião estava entre os nove mortos em um grave acidente, ocorrido em junho, entre um Gol, uma Parati e um caminhão carregado de bobinas de arame de aço. Todos os mortos estavam nos carros que seguiam para Baixo Guandu, na divisa de Minas com o Espírito Santo. Entre as vítimas havia dois casais, sendo que uma mulher de 24 anos, grávida de nove meses, pretendia ter o filho no estado vizinho.

Ontem, quando o acidente completou um mês, parentes e amigos dos mortos participaram de um protesto que interrompeu o trânsito na rodovia, uma das mais movimentadas e perigosas do país. Todos usavam camisas estampadas com fotos das vítimas. Com cruzes e segurando faixas, eles cobravam medidas urgentes de segurança nos trechos mais perigosos da estrada entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. "Esta estrada destruiu meu sonho de casar e ter uma família. Meu noivo foi mais um que teve a vida interrompida nesta rodovia e infelizmente não será o último", lamentou Michele de Freitas Ribeiro, noiva de Sebastião Juninho, que dirigia um dos veículos envolvidos no acidente. "Hoje (domingo), provavelmente estaria feliz pelo aniversário da pessoa que mais amava. Não imaginava estar com uma cruz e lembrando a morte dele", emocionou-se.

A paralisação durou cerca de uma hora e meia e ocorreu de forma intercalada. A cada 20 minutos, um sentido da pista era fechado, enquanto do outro lado o trânsito era liberado. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou a manifestação e não houve tumulto. O protesto aconteceu em silêncio. Alguns motoristas apoiaram a manifestação e cumprimentaram os familiares das vítimas. “Há 30 dias, a BR- 381 matou nove pessoa inocentes, que estavam animadas, preparando-se para passar o fim de semana juntas. Hoje, a gente quer lembrar o que aconteceu e pedir aos governantes que tomem providências”, comentou o irmão de uma das vítimas, Carlos Eduardo Lino, de 29. Ao protesto também se juntaram familiares de cinco estudantes de Caeté que morreram em março do ano passado, na mesma rodovia. Todos estudavam em Belo Horizonte e voltavam para casa quando a van em que estavam foi atingida por uma carreta desgovernada. "Meu irmão estava nesse carro, tinha apenas 25 anos e era estudante de geografia. Tinha planos lindos, mas não teve ao menos a chance de tentar. Morreu na 381 e nós morremos um pouco, junto com ele", disse o também estudante Adair Junior, de 29, que depois do acidente trancou matrícula numa faculdade de BH.

Um novo fechamento da Rodovia da Morte está programada para o dia 13. No ano passado, integrantes da organização não governamental (ONG) SOS Rodovias Federais organizaram nove manifestações na BR-381, a última delas em 11 de outubro, pedindo reformas na estrada. Em março deste ano, a ONG promoveu um protesto em frente à sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) em homenagem aos estudantes de Caeté que estavam na van.

Pela manhã, ao mesmo tempo em que familiares de vítimas da Rodovia da Morte protestavam, dois acidentes na mesma estrada deixaram o trânsito lento e colocaram a polícia em alerta. O primeiro deles aconteceu no km 415. O Fiat Uno placa GFP 9187, de Belo Horizonte, capotou numa curva. O motorista foi socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros, mas teve apenas ferimentos leves. A poucos quilômetros dali, próximo a Sabará, um caminhão de Cariacica (ES), placa MQQ 4402, que transportava lonas, tombou na pista, deixando o trânsito lento no sentido BH. Ninguém ficou ferido.

Fonte: http://www.uai.com.br/EM/html/sessao_18/2010/07/26/interna_noticia,id_sessao=18&id_noticia=146524/interna_noticia.shtml

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