Condutor de caminhão desgovernado, que esmagou três carros e matou quatro pessoas, alega falta de freios. Motoristas perdem a paciência com um congestionamento de 20 quilômetros
Pedro Rocha Franco
Beto Novaes/EM/D.A Press
A rodovia registrou um longo engarrafamento, nos dois sentidos, durante operação de socorro e limpeza
Cenário de repetidas tragédias, a Rodovia da Morte justifica, mais uma vez, o motivo do macabro título. Num acidente em que sobreviver seria a certeza de um milagre para os ocupantes de três automóveis, quatro pessoas morreram esmagadas por um caminhão carregado de azulejos de cerâmica. O caminhoneiro disse ter perdido o controle do veículo, na descida da serra de Bom Jesus do Amparo, na Região Central, a 69 quilômetros de Belo Horizonte. Desgovernado, chocou-se contra os carros que vinham na mão contrária.
O caminhão seguia para Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, carregado com 15 toneladas de azulejos, depois de uma curva acentuada, numa descida, o freio não teria funcionado. É o que contou o caminhoneiro Raimundo Araújo de Lima, de 36 anos, que não conseguiu controlar a direção. Com isso, o veículo invadiu a contramão, bateu em dois carros e os prensou num barranco às margens da rodovia. O veículo ainda subiu dois metros da encosta. A carga tombou sobre um terceiro automóvel.
Segundo o patrulheiro rodoviário Luciano Soares, é preciso investigar o acidente para identificar as causas. “Não dá para afirmar se realmente foi um problema no freio ou excesso de velocidade. Ele veio embalado da serra”, afirma. Além disso, não foi achada nota fiscal para comprovar o peso total da carga do caminhão.
Segundo relato do caminhoneiro, que sofreu escoriações leves nos braços, ele saiu de São Paulo anteontem e passou a noite em Belo Horizonte. Pela manhã, seguiu viagem para Governador Valadares. “Quando vi a fila parada, não consegui fazer mais nada para impedir a batida”, relata Raimundo de Lima, há 12 anos na profissão.
As latarias dos carros ficaram irreconhecíveis. No primeiro veículo atingido, um Fiat Uno de Ibirité, estavam dois ocupantes: Paulo Henrique dos Santos, de 39, e um segundo sem identificação. Logo atrás, vinha um Polo, de São Bernardo do Campo (SP), dirigido por Vicente Luís Mota, de 44. O carro atingido pela carga da carreta era uma picape Fiorino, de Itabira. O motorista, Luiz Ricardo Alvarenga Dionísio, de 49, também morreu.
Devido ao acidente, a Polícia Rodoviária Federal fechou a rodovia nos dois sentidos por três horas. Das 8h30 às 11h30, carros e caminhões foram impedidos de trafegar para a retirada dos corpos das vítimas e dos veículos e para limpeza da pista. Extensas filas se formaram nos dois sentidos da via, resultando num engarrafamento superior a 20 quilômetros. Muitos motoristas desistiram de esperar e retornaram para tentar rotas alternativas.
Fonte: Estado de Minas
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