Policiais rodoviários recomendam velocidade moderada e atenção redobrada para evitar acidentes durante feriado
Gabi Santos - Repórter - 12/11/2010 - 19:54
Maurício de Souza
Em vários trechos, as sinalizações das placas estão escondidas
Velocidade moderada, atenção redobrada, e nada de manobras arriscadas, como ultrapassar na faixa contínua. Essas são algumas das principais recomendações para quem vai viajar, dirigindo, pela BR-381, a rodovia que liga Belo Horizonte a João Monlevade e Governador Valadares. Essa estrada é, reconhecidamente, uma das mais perigosas do país, e, de sábado (13) até a noite de segunda-feira (15), um componente a mais vai aumentar o risco nessa rodovia: o meteorologista Claudemir de Azevedo, do 5º Distrito de Meteorologia, prevê que vai chover no sábado , domingo e na segunda-feira, nas regiões por onde passa essa estrada. Isto significa pista escorregadia e visibilidade prejudicada.
Uma rodovia longa, sinuosa, com 200 curvas ao longo de cem quilômetros, de BH até João Monlevade. Algumas dessas curvas são tão fechadas que surpreendem os motoristas que não conhecem o trecho ou que abusam da velocidade. O policial rodoviário federal Flávio Marc, que há mais de dez anos trabalha na fiscalização na 381, acha que é impossível saber quantos acidentes viu pela frente. Para ele as curvas são o maior perigo. Principalmente a que fica no quilômetro 434 (antigo quilômetro 30), perto do trevo de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“Acho que essa curva é uma das mais perigosas de todo o trecho. Ela é muito fechada, nos dois sentidos, e o tráfego é pesado, com muitos caminhões. É um local onde já aconteceram muitos acidentes graves. Além dessa, acho que as curvas dos quilômetros 398, em Bom Jesus do Amparo, e 401, no mesmo município, são as outras duas onde acontecem muitos acidentes graves”, disse. Está na memória de muitos o trágico acidente no ano passado, quando uma Van que transportava estudantes de Caeté foi atingida por um caminhão. O resultado, cinco mortos e vários feridos.
“Já perdi muitos colegas e amigos nessa estrada, pela qual passo todos os dias”, disse o motorista Carlos Magno Magalhães Bastos, 56 anos, casado, que trabalha com uma ambulância da Prefeitura de São Domingos do Prata. “Vejo acidentes todos os dias nessa estrada que não aceita erros. Se você errar aqui é acidente na certa. Para mim, os dois principais motivos para explicar os acidentes são a imperícia dos motoristas e o traçado da estrada, que está ultrapassada há mais de 30 anos, porque hoje o volume de tráfego nela é muito grande”.
Sinalizações escondidas pelo mato
Os motoristas ouvidos no trecho comentam que o asfalto, recuperado, quase não tem buracos em grande parte dos cem quilômetros da capital até Monlevade. Mas, em compensação, as sinalizações das placas e na pista ou estão escondidas pelo mato ou apagadas. “Além disto, falta fiscalização na estrada”, denuncia o caminhoneiro Henrique Saibel, 75 anos, casado, que está no volante há 52 anos e nunca sofreu um acidente. “Falta autoridade nas rodovias, isto é, fiscalização severa. Porque essa estrada por exemplo, a BR-381, não é ruim. Ruins são muitos motoristas que dirigem por ela. Se a velocidade é de 80 quilômetros por hora, tem motorista que passa a 120 e comete muita imprudência. Então, a culpa maior é nossa, dos motoristas. Eu procuro dirigir com cuidado e obedecendo a lei, porque já vi muitas tragédias nesses anos todos. Mas, a verdade é que essa rodovia já devia ter sido duplicada há muito tempo e eu fico pensando o que vamos enfrentar daqui a cinco ou dez anos. Isto, se eu ainda estiver dirigindo”.
O comerciante aposentado Carlos Pinto Ferreira Júnior, 73 anos, sabe bem o que é dirigir na BR-381. “Depois de aposentado me mudei para uma chácara em Nova União. Mas meus filhos continuam morando em Belo Horizonte, o que me obriga a ir vê-los sempre, viajando por essa estrada. Mas, do jeito que está, já me decidi: vou voltar para a capital para não ser obrigado a dirigir nessa estrada”.
Na última quinta-feira, quatro pessoas morreram quando um caminhão transportando 15 toneladas de cerâmica ficou desgovernado em uma descida, invadiu a contramão e atingiu três carros. O acidente aconteceu no KM 401, no município de Bom Jesus do Amparo, Região Central de Minas.
Nesta sexta-feira (12), o governador em exercício, Alberto Pinto Coelho, divulgou uma nota de solidariedade aos familiares das vítimas. “Em nome do governo do Estado, venho prestar solidariedade aos familiares das vítimas de mais uma tragédia na BR-381, conhecida como rodovia da morte. O momento de dor e de indignação deve abrir espaço para que o Governo Federal priorize o início das obras de duplicação da rodovia, conforme compromissos assumidos e renovados publicamente. Não podemos mais conviver com tragédias diárias que mutilam vidas e famílias. Histórias que poderiam ser diferentes se essa antiga reivindicação de Minas e dos mineiros tivesse tido a devida atenção”, diz a nota.
Fonte: Hoje em Dia
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