sexta-feira, 12 de novembro de 2010

2010.11.12 - Grave acidente reabre protesto contra demora da duplicação - Portal Uai

Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas
Pedro Rocha Franco -
Publicação: 12/11/2010 07:41 Atualização:

A morosidade do governo federal em duplicar os 310 quilômetros entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, contribuiu na quinta-feira para mais uma tragédia na macabra BR-381. Por volta das 8h30, uma carreta carregada de azulejos invadiu a contramão, na íngreme descida do km 405, perto de Bom Jesus do Amparo, na Região Central, e atingiu em cheio um Uno, um Polo e um Fiorino. Os três motoristas dos carros de passeio e um passageiro perderam a vida. O desastre ocorreu no trecho conhecido como Rodovia da Morte, formado pelos 108 quilômetros entre a capital e João Monlevade.

Estatística do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) mostra que apenas no primeiro semestre deste ano 55 pessoas morreram e outras 601 ficaram feridas em 858 acidentes na Rodovia da Morte – média de quase cinco ocorrências por dia. Boa parte das tragédias foi causada por motoristas imprudentes, que não respeitam o limite de velocidade e fazem ultrapassagens em locais proibidos.

Mas uma importante parcela dessa violência pode ser debitada na conta do governo federal, pois Minas Gerais cobra a duplicação da malha há anos. E, na melhor das hipóteses, a população só receberá a rodovia em perfeita condição de uso em 2015. O Dnit informou que a licitação para a megaobra no trecho Belo Horizonte/Governador Valadares, orçada em R$ 3,5 bilhões, será publicada no primeiro semestre de 2011. As intervenções devem ser concluídas quatro anos. Até lá, centenas de pessoas serão vítimas das armadilhas da movimentada BR. Na quinta-feira, foi a vez de quatro famílias chorarem a perda de entes queridos. Quem passou pelo km 405 se emocionou ao ver os três carros destruídos pela carreta. A indignação com a lentidão da União em duplicar a estrada, uma das mais perigosas do Brasil, é visível no rosto dos viajantes. Não há quem não condene o perigoso traçado da 381, que segue fundo de vales e contorna largas montanhas. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), há cerca de 200 curvas só nos 108 quilômetros entre a capital e João Monlevade – média de quase uma a cada 500 metros.

Muitas curvas têm ângulos fechados, o que facilita a invasão da pista contrária. Uma das mais perigosas está no km 30, perto de Caeté, na Grande BH, onde, em maio de 2009, um caminhão de Sergipe causou um dos mais graves acidentes do trecho. O veículo de carga desceu a pista embalado, não conseguiu completar a curva e atingiu em cheio uma van que transportava universitários. O motorista do veículo escolar e seis estudantes perderam a vida.

Sem divisória

A sinalização precária e o asfalto ruim também são responsáveis por muitos desastres no corredor, mas a pior armadilha é a falta de divisória física entre as pistas contrárias, o que aumenta o risco de colisões frontais. E o perigo se torna ainda maior com o intenso trânsito de carretas. Boa parte dos desastres envolve os chamados pesos pesados, pois a estrada é o principal caminho para o Leste mineiro, de onde saem diariamente toneladas de aço e de minério.

E um caminhão carregado de bobinas de aço foi o causador de uma das maiores tragédias da 381. Em junho, o veículo tombou perto do trevo de Caeté e atingiu dois carros que seguiam para um casamento no Espírito Santo. Nove pessoas morreram, entre elas uma grávida e um bebê.

“O descaso com a BR-381 é uma imensa falta de responsabilidade dos governantes. Uma rodovia que mata mais do que guerra? Vamos ver se o próximo governo conseguirá pôr fim às mortes”, desafia o engenheiro José Aparecido Ribeiro, presidente da organização não governamental (ONG) SOS Rodovias Federais, criada para sensibilizar o poder público a melhorar as condições da malha terrestre. Ele alerta que a estatística de mortes nas rodovias brasileiras é muito maior do que a divulgada por órgãos do governo, pois “cerca de 40% dos feridos morrem a caminho dos hospitais ou poucos dias depois do acidente”.

Radares

Enquanto as obras de duplicação da BR continuam na promessa, o Dnit pretende reduzir a mortandade punindo os motoristas que pisam fundo no acelerador. Na quinta, homologou o resultado da licitação para contratar as empresas que vão operar, em todo o país, 421 radares. O edital prevê 63 para a extensão da 381 em Minas Gerais, mas o Dnit não informou quantos serão instalados nos 310 quilômetros entre a capital e Governador Valadares. Os contratos, que terão duração de cinco anos, devem ser assinados ainda este mês, como antecipou o Estado de Minas na edição de 14 de outubro, as operadoras terão até 120 dias para iniciar a prestação do serviço. Elas receberão R$ 804 milhões pelo trabalho.

Fonte: Portal Uai

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