Minas concentra pontos críticos

Rodovias.Pesquisa revela que Estado abriga 49 locais com elevadíssimos riscos de acidentes, ou 1/5 do total

Técnicos da CNT percorreram todas as rodovias federais e trechos das estaduais

Publicado no Jornal OTEMPO em 27/10/2011

TÂMARA TEIXEIRA

FOTO: RODRIGO CLEMENTE - 19.3.2009Rodovia da Morte. A BR-381, na saída de BH para Vitória, tem um dos maiores índices de acidentes

A rodovias que cortam Minas concentram o maior número de pontos críticos do Brasil, onde há elevadíssimos riscos de acidentes. São 49, ou 22% do total (219). A constatação é da pesquisa CNT de Rodovias 2011, da Confederação Nacional dos Transportes, que revelou uma ligeira melhora nas condições gerais das vias. Em 2010, 68,4% das estradas mineiras, de jurisdição federal e estadual, foram consideradas ruins, péssimas ou regulares. Esse índice caiu para 60%.

Mas o nível de excelência visto em países desenvolvidos está longe de ser alcançado. Apenas 9,7% das estradas mineiras receberam a chancela "ótima" e 31,8% "boa". O Estado tem a maior malha rodoviária federal do Brasil, com 10.636 km.

Ainda no âmbito estadual, os números de 2011 mostram que 90,7% das rodovias não são duplicadas, o que aumenta significativamente o risco de acidentes com colisões frontais e mortes.

Técnicos da CNT percorreram todas as rodovias federais do Brasil e trechos das estaduais, entre 27 de junho e 4 de agosto. O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, explica que os pontos críticos são aqueles onde o risco de acidentes são muito grandes e as condições de tráfego, péssimas.

"Os dados traduzem a dificuldade do governo em promover melhorias e a manutenção das rodovias. Dois pontos impactam mais na segurança oferecida aos motoristas: a sinalização e as condições de manutenção da via", disse. Em Minas, o melhor trecho é privado, na BR-050, entre São Paulo e Uberaba. O pior está na BR-418, na divisa da Bahia com Teófilo Otoni, em 97º lugar de 109 estradas analisadas.

Céu e inferno. A BR-381 obteve resultados extremos. Os 458 km de via cedida à iniciativa privada, entre Belo Horizonte e São Paulo, aparece em 21º lugar. Já o trecho gerido pela União, entre Governador Valadares e Nova Era, figura em 57º lugar do ranking.

Orçamento escasso: Gasto bilionário daria apenas para consertos

O estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que seriam necessários R$ 5,1 bilhões de investimentos para sanar os problemas de trincas, buracos e desgastes de pavimentação nas rodovias federais e estaduais em Minas. A pesquisa não distingue quanto precisaria ser gasto nas BRs e MGs.

O orçamento da União previsto para as federais que cortam Minas, em 2011, é de R$ 1,7 bilhão. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não informou quanto foi liberado até o momento.

Do R$ 5,1 bilhões contabilizados pela CNT, não estão incluídas as duplicações, por exemplo, das BRs 381 e 040. A maior parte do recurso, R$ 3,48 bilhões, seria gasta com a manutenção de trechos desgastados e R$ 1,55 bilhão seriam usados na restauração de trincas, ondulações, buracos e afundamentos de vias.

O caminhoneiro Edgar Garcia trafega diariamente pelos rodovias. Ele lamenta que trafegar por uma via segura ainda esteja longe da realidade. "A gente sai todos os dias com o coração na mão, sem saber se volta. Além dos acidentes, sofremos com os gastos. Com a pista ruim, a manutenção do carro é mais cara". (TT)

Fonte: O Tempo