terça-feira, 18 de outubro de 2011

Rodovia da morte - Só interdição freia número de vítimas na BR-381

Quantidade de óbitos na estrada mais perigosa do estado cai com o fechamento da ponte sobre o Rio das Velhas. Em relação aos oito primeiros meses de 2010, redução foi de 20%

Guilherme Paranaiba, Mateus Parreiras e Pedro Rocha Franco -

Publicação: 18/10/2011 06:00 Atualização: 18/10/2011 06:50

20111017231711131547iEfeito colateral inesperado: filas impostas pelas obras reduziram a velocidade na estrada, dificultaram ultrapassagens e reduziram violência

Pouco adiantou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) instalar 24 radares ao longo da Rodovia da Morte, trecho de 110 quilômetros da BR-381 entre BH e João Monlevade, na Região Central de Minas. Somente a interdição da estrutura da ponte sobre o Rio das Velhas, em Sabará, na Grande BH, conseguiu reduzir o número de mortos em acidentes na rodovia. De janeiro a agosto de 2010, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 67 pessoas morreram na estrada. O número registrado no mesmo período deste ano, com 54 vítimas, é 20% menor. Destas, 38 mortes ocorreram antes de 20 de abril, quando estrutura sobre o rio teve o tráfego interrompido ou restrito. A situação chegou a gerar engarrafamentos de mais de 30 quilômetros, mas as baixas velocidades a que foram submetidos os motoristas reduziram as mortes para 16 registros até 31 de agosto.

O especialista em transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro afirma que a soma dos radares com a situação de restrição de trânsito pela ponte sobre o Rio das Velhas criou um padrão de tráfego que reduziu a gravidade dos acidentes. "O trânsito intenso e pesado cadenciou a circulação na forma de pelotões. Longas filas de veículos atrás de caminhões e carretas lentas deixaram menos espaço para ultrapassagens perigosas. É diferente de uma pista de tráfego disperso, com lugar para imprudência dos motoristas", avalia. Monteiro lembra que durante o tempo em que a ponte provisória estava sendo instalada, e mesmo depois que esteve ativa, com circulação reduzida, os motoristas procuraram desvios e caminhos alternativos.

A redução de 13 óbitos na Rodovia da Morte repercutiu diretamente no saldo geral deste ano nas estradas federais. A diferença entre janeiro e agosto de 2011 para o mesmo período de 2010 foi de 20 registros. No ano passado morreram 857 pessoas nas BRs. Neste ano foram 837 (-2,3%). Desconsiderando-se os dados da BR-381, as demais estradas federais foram responsáveis pela redução de sete mortes.

Para o chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nilson Tadeu Ramos Nunes, a restrição de tráfego na ponte em Sabará foi um fator decisivo para a diminuição do número de mortos no trecho. “A instalação das pontes provisórias obrigou os veículos a diminuírem a velocidade”, lembra o especialista. Porém, o professor adverte que, com a inauguração da nova ponte, a tendência é o número de mortes voltar a subir, caso a fiscalização não atue com rigor na punição dos motoristas que excedem o limite de velocidade.

Embora a fiscalização ajude a resolver o problema dos acidentes, o engenheiro acredita que o alargamento do trecho é que vai solucionar a maioria das batidas. “Com a duplicação, o traçado atual, que tem mais de 50 anos, poderá ser atualizado e resolver a questão das colisões frontais. Nosso grande problema é que a frota aumentou, os carros ganharam potência e as estradas não se desenvolveram”, completa o professor da UFMG.

Duplicação

Mas as tão esperadas obras de ampliação da Rodovia da Morte ainda estão longe de serem uma realidade. De acordo com o Dnit, o projeto executivo para a duplicação do trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central do estado, está concluído e as audiências públicas obrigatórias já ocorreram. “O processo licitatório está em análise no Ministério dos Transportes”, informa o órgão. O trecho entre São Gonçalo do Rio Abaixo e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, ainda está em fase de elaboração do projeto executivo.

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Fonte: Portal Uai

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