sábado, 29 de janeiro de 2011

A tragédia no Anel Rodoviário de BH mais uma vez é da política.

Mais uma tragédia no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Até agora foram 5 mortes e 12 feridos. O que a de hoje tem em comum com as que ocorreram no mesmo lugar ano passado, chocando a opinião pública? O mesmo cenário e os mesmos políticos que continuam omissos, negligenciando um assunto que é urgente e exige atitudes emergenciais até que a burocracia seja vencida...

 

O Comandante do batalhão de transito que faz o policiamento do Anel vai dizer que o problema é a velocidade, o superintendente do DNIT dirá que foi uma fatalidade, mais uma, a imprensa irá cobrar ações e dentro de duas semanas ninguém lembrará mais do assunto e tudo continua seguindo a lógica da burocracia brasileira. Nesta hora ninguém lembra dos nossos representantes em Brasília, os que deveriam honrar seus mandatos, cobrando ações definitivas para essa via que mata dezenas de pessoas todos os anos. A tese do “filho feio e sem pai” encaixa-se perfeitamente aqui.

 

Este é o país dos improvisos, da falta de profissionalismo na gestão pública, da incapacidade de lidar com contingências e sobretudo planejamento urbano. Continuamos enxugando gelo com o mesmo amadorismo de sempre. "fechamos a porta depois que o ladrão passou". Tudo é permitido, ninguém tem responsabilidade e empurra-se com a barriga, pois já se sabe que nada acontece com os responsáveis, isso quando eles aparecem.

 

A morosidade na resolução do problema é culpa do tribunal de contas e ninguém será punido por mais essa carnificina que será esquecida em duas semanas, fruto da negligência, da prevaricação e da omissão de agentes públicos que não perdem seus empregos e por isso mesmo não se comprometem com nada e nem com ninguém...

 

Todos dirão que a responsabilidade é do motorista da carreta ou mesmo dos carros que viraram “latinha de cerveja” no asfalto, matando inocentes. Esquecem que estamos falando de uma “auto pista” que recebe 130 mil veículos por dia e deveria ter pistas largas, área de escape, locais de emergência, barreiras eletrônicas, sinalização especial, fiscalização, inclinação máxima de 6% e não de 20% nos 8 km de descida, causa maior dos acidentes e nenhum estreitamento de pista...

 

Alguns políticos aproveitarão o episódio para capitalizá-los em lucro político, culparão o governo federal, o mesmo que a maioria deles apoiou e que não se move. Dirão que estão sensibilizados dessa vez e que tomarão as providencias, alguns posarão de bonzinhos, mostrarão preocupação e editarão “estado de calamidade pública” na via.

 

Todos farinha do mesmo saco, incompetentes, negligentes, oportunistas, cafajestes e omissos. O principal deles chama-se Alfredo Nascimento, Ministro dos Transportes. Quem não o conhece, recomendo digitar este nome no Google e preparar-se para entender o por que do abandono desta e de todas as Rodovias Federais de MG. Ele padece da falta de vocação e do conhecimento técnico necessário para dirigir um Ministério com essa complexidade.

 

Sua biografia nos dá indícios das razões pelas quais o País é o campeão mundial de mortes no transito.  Com efeito, tudo continua seguindo o ritmo brasileiro, sem que o essencial seja discutido: o modelo eleitoral que permite a "qualquer um" o que não deveria ser para “qualquer um”, e que evitaria tragédias como estas e todas do cotidiano que dependem de decisões políticas...

 

Não esta que está aí, mas a boa, a que sabe priorizar e destinar o dinheiro público para onde ele precisa ser aplicado. Tristeza e indignação é o que fica, sofrimento e dor para os que de alguma forma estão sofrendo na pele e aos que arriscam diariamente nesta via, na iminência de se tornar mais uma vítima do ANEL DA MORTE.

 

José Aparecido Ribeiro

Especialista em assuntos urbanos

ONG SOS Rodovias Federais

Belo Horizonte - MG

CRA MG 0094 94 

31-9953-7945

jaribeirobh@gmail.com

 

 

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