sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Show da Vida cobra duplicação da BR-381

“A gente tinha que chamar a atenção das autoridades e de uma maneira diferente, usando a música"

18/08/2011 - 00h00

Flávia Henriques - DeFato I013029No palco, o organizador Aggeu Marques e os músicos que se apresentaram em João Monlevade

DA REDAÇÃO - Uma forma diferente de manifestar. Músicos mineiros se reuniram na Praça do Povo, em João Monlevade, na noite de terça-feira (16) para alertar as autoridades do país sobre a necessidade de liberação urgente de recursos para a duplicação da BR-381. Apenas em 2010, 111 pessoas morreram no trecho onde a duplicação é reivindicada, entre Belo Horizonte e João Monlevade.

Com o tema “BR–381: O Show da Vida pela Duplicação da Rodovia da Morte” as atrações foram Aggeu Marques, Ana Cristina, 14 Bis, Bauxita, Fabrício e Elcimar, Fio de Navalha, In Focus, Luís Carlos Sá (Sá e Guarabyra), Márcio Greyck, Maurício Gasperini, Paulinho Pedra Azul, Rômulo Ras, Telo Borges e Toninho Horta.

De acordo com o organizador do show, o médico e músico Aggeu Marques Filho, o acidente que envolveu o assistente de produção dos músicos da Banda 14 Bis, Wilson Maciel, no dia 17 de julho, foi a “gota d’água” para este protesto. Wilson morreu depois que o ônibus do grupo caiu num barranco após ser surpreendido por uma caminhonete que forçava uma ultrapassagem pela contramão, nas proximidades de Caeté.

“A gente tinha que chamar a atenção das autoridades e de uma maneira diferente, usando a música. Já queimaram pneus e bloquearam o trânsito e o objetivo é tentar trazer a atenção da sociedade e, principalmente, da imprensa, por ter um grande papel de levar a informação, para fazer chegar aos ouvidos em Brasília, que parecem não estar virados para a gente e dizerem, ‘Opa! estão fazendo um barulhinho pra gente’, que é envolver essa questão que é muito importante e de emergência”, explicou o organizador.

Aggeu destacou também que o próximo passo é a realização de eventos semelhantes em outras cidades ao longo do trecho que precisa da duplicação. “É necessário chamar a atenção das pessoas para tentar conseguir com que o governo federal e as autoridades competentes limpem as mãos, porque as mãos deles estão sujas de sangue derramados na BR-381”, enfatizou.

O cantor e compositor Cláudio Venturini, da Banda 14 Bis, cobrou soluções das autoridades e do governo. “A gente tem 10 mil quilômetros de estrada em Minas Gerais e somos o 13º colocado na hora de receber dinheiro, e não está certo isso. Em relação ao Estado que possui a maior malha viária no país, deveríamos ser o primeiro a receber. E o resultado é que somos o primeiro Estado em número de mortes”, lembrou.

Flávia Henriques - DeFato I013030Centenas de pessoas compareceram ao show na Praça do Povo, em João Monlevade

Violão autografado

Um violão foi autografado pelos músicos que participaram do evento e será doado ao Serviço Voluntário de Resgate (Sevor), de João Monlevade, que presta serviços nas estradas da região.

Entenda

Atualmente todas as licitações que envolviam o projeto de duplicação da BR-381 estão paradas por causa de recente escândalo que evolveu a saída do ministro Alfredo Nascimento e vários diretores da autarquia federal, acusados de envolvimento em atos de corrupção.

A BR-381 foi construída nos anos 1960, para comportar um fluxo calculado em 500 veículos/dia. Passados cerca de 50 anos, uma pesquisa encomendada pelo próprio Dnit, em 2009, mostra que no trecho mais movimentado da BR-381, entrada de Ipatinga, o fluxo atinge 63 mil carros/dia, maior até que o fluxo no trecho de Ravena, na entrada da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com 45 mil veículos. Em 2010, o balanço da Polícia Rodoviária Federal revelou que 138 pessoas morreram e 2.159 ficaram feridas em cerca de 2,9 mil acidentes no trecho da BR-381 Norte.

Antes de deixar o governo, o presidente Lula anunciou que a duplicação do trecho estava inserto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), com uma reserva de R$ 3 bilhões para a obra. Antes, em 2008, a obra tinha sido incluída no PAC1 e retirada logo depois, por decisão da então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

A decisão foi seguida de uma tentativa de retirar do Dnit a responsabilidade pelo projeto de duplicação e repasse para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para que a estrada fosse privatizada e a concessionária, com recursos de pedágio, assumisse a duplicação. Houve uma reação negativa à ideia, haja vista que, pelo custo estimado da obra, o marco tarifário do pedágio ficaria acima de R$ 4.

Eliminar os trechos sinuosos demandaria a construção de 150 obras de arte (pontes, viadutos, túneis e passarelas), além de uma variante em um trecho fora da área urbana de João Monlevade.

Ainda segundo o Dnit, de um total de 320 quilômetros entre Belo Horizonte e Governador Valadares, devem ser reconstruídos 218 quilômetros. Somente no trecho entre Belo Oriente e Governador Valadares, onde o fluxo diário é de 8 mil veículos/dia, serão feitas adequações.

Fonte: Diário do Aço

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