domingo, 2 de agosto de 2009

2009.08.02 - O preço da segurança - Estado de Minas

Paulo Henrique Lobato

As duas faces da br-381

Motoristas que deixam o litoral capixaba e viajam para São Paulo via BR-381 pensam que percorreram duas rodovias diferentes em Minas Gerais, pois a péssima infraestrutura da estrada na primeira parte do caminho, até Belo Horizonte, é o oposto do segundo trecho, da capital mineira à paulista. Nesse, a pista duplicada e a boa qualidade do asfalto permitem uma viagem mais segura. Mas a Polícia Rodoviária Federal(PRF) alerta aos condutores que não aproveitem essas características para pisar fundo no acelerador, pois o excesso de velocidade é sinônimo de acidentes.

E o recado é dado com números alarmantes: 139 pessoas morreram no ano passado na Fernão Dias, como é conhecido o caminho da 381 que liga Belo Horizonte a São Paulo. Na mesma estrada, mas no trecho entre a capital mineira e Governador Valadares, no Vale do Aço, 138 motoristas, passageiros e pedestres perderam a vida em 2008. As duas estatísticas não podem ser comparadas por alguns motivos, como o fato de as distâncias serem diferentes. Mas servem de alerta para os imprudentes.

Quem vive às margens da 381, no sentido São Paulo, sabe bem como uma rodovia duplicada põe fim à carnificina. A duplicação, por exemplo, acabou com a perigosa curva da Gruta, em Itaguara, na Grande BH, onde todas as semanas, segundo moradores, ocorria pelo menos um acidente. O alargamento da estrada e a instalação de divisória física entre as pistas contrárias – mureta de cimento numa parte do trecho e canteiro central em outra – já salvaram várias vidas.

A duplicação também acaba com a lentidão do trânsito, pois a rodovia conta com mais de uma pista de rolamento, o que possibilita ultrapassagem com segurança quando o motorista se depara com um veículo de carga. A boa sinalização ainda evita sustos: há placas em todas as curvas e trechos longos em declive. No asfalto, sonorizadores ajudam a alertar os condutores. A boa infraestrutura é garantida por várias equipes de operários, que passam o dia fazendo a manutenção da estrada.

Mas as obras que garantiram as mudanças na Fernão Dias têm um preço: desde fevereiro de 2008, a OHL Brasil S.A. administra a rodovia. São cinco praças de pedágio em Minas. Carro de passeio paga R$ 1,10 em cada uma delas. Motociclistas desembolsam R$ 0,50. “Não me incomodo de pagar a tarifa, pois a segurança melhorou bastante”, diz Edson Nogueira, de 39 anos, mecânico de bombas de postos de combustível. Toda semana, ele deixa Itaúna, no Centro-Oeste, em direção ao trecho duplicado da 381.

Ele recorda que, antes de a iniciativa privada gerenciar o trecho, a rodovia era bastante perigosa. O pagamento de pedágio, porém, divide usuários. A secretária Ana Quesia de Oliveira, de 25, justifica que é contra os pedágios, pois é uma obrigação do poder público garantir a trafegabilidade segura em todas as rodovias do país. “Brasileiro já paga muito imposto”, reforça a moça.

Fonte: http://www.uai.com.br/EM/html/sessao_18/2009/08/02/interna_noticia,id_sessao=18&id_noticia=109179/interna_noticia.shtml

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