sexta-feira, 14 de agosto de 2009

2009.08.14 - Quase dois anos de promessas não cumpridas pelo Dnit - O Tempo

fotoavulsa_13082009230422 Equipamentos estão desativados nas rodovias desde setembro de 2007

Eugênio Martins

Um ano e dez meses depois do desligamento de todos os radares nas rodovias federais em Minas, a novela da reativação dos equipamentos continua se arrastando. O descaso por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é evidente, uma vez que todas as promessas feitas até agora foram descumpridas. A última delas - de instalar, em caráter emergencial, 28 radares nas BRs 356, 381 e 040, além do Anel Rodoviário - estava prevista para a primeira quinzena de julho. Não foi cumprida e não há previsão de sair do papel.

O novo compromisso é publicar, ainda neste mês, segundo a assessoria do Dnit, o edital da licitação para a reativação dos radares. A concorrência, emperrada desde o vencimento do último contrato, em setembro de 2007, é para a aquisição, em todo o país, de 1.130 lombadas eletrônicas e 1.100 radares fixos, além de 466 equipamentos de controle de avanço de sinal. Minas irá receber 389 aparelhos. O custo total é de R$ 1,6 bilhão.

Para o presidente do movimento SOS Estradas Federais de Minas, José Aparecido Ribeiro, falta competência por parte do departamento de transportes. "O Dnit não consegue nem planejar contrato de manutenção de rodovias, a dizer manter o controle de velocidade. É uma situação de pleno descaso", reclamou.

Frequência. Quebrar promessas é algo corriqueiro do Dnit. Em maio, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, prometeu providenciar medidas emergenciais na BR-381, como a ativação de 35 radares. O Dnit, porém, não cumpriu o prazo, que venceu no fim de julho.

No início do mês passado, outro compromisso descumprido. O órgão informou que o contrato prevendo a elaboração do projeto executivo da obra de duplicação da 381 seria assinado em até 15 dias, o que não foi feito.
Segundo a assessoria do Dnit, o atraso se deve à burocracia na contratação das empresas que vão trabalhar nos oito lotes previstos na licitação. O assunto está sendo tratado pela coordenação de operações rodoviárias em Brasília, que informou esperar uma resposta nos próximos dias. A previsão para o início das obras de duplicação permanece para o segundo semestre de 2010.


Traçado

Cheio de curvas. Nos pouco mais de 100 km no segmento entre Belo Horizonte e Governador Valadares, existem 214 curvas na BR-381, o que aumenta o risco de acidentes.

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Rodovia da morte

Marcha até Brasília pede duplicação da BR-381

Deputados, vereadores, prefeitos e representantes de movimentos sociais de 27 cidades do eixo norte da BR-381 vão fazer uma marcha até Brasília, em setembro, para tentar uma audiência com o presidente Lula com o objetivo de tratar da duplicação do trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, conhecido como Rodovia da Morte. Ontem, cerca de 200 pessoas fizeram, na 381, o sexto protesto do ano, que fechou por quase duas horas o tráfego no trevo de Itabira, na região central. De acordo com a PRF, não houve registro de grandes retenções.

Segundo a presidente da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa, deputada Cecília Ferramenta, a intenção é fazer com que o Ministério dos Transportes libere o início imediato da obra de duplicação, sem delegar função ao Dnit. "O movimento está fortalecido, mas queremos sensibilizar o governo federal. Pelo número de mortes, a BR-381 é uma questão de segurança nacional", afirmou.

De acordo com o movimento SOS Estradas Federais, morrem duas pessoas por dia, em média, no trecho da rodovia. Segundo a PRF, no ano passado, foram 277 óbitos somente no segmento chamado de Rodovia da Morte. Para o SOS Estradas, o número pode chegar a mais de 700, uma vez que o levantamento da PRF não considera as vítimas que morrem após darem entrada nos hospitais. "O traçado da rodovia está completamente falido. A BR-381 precisa de um tratamento diferenciado", afirmou José Aparecido Ribeiro, do SOS Estradas Federais. (EM)

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Consequência

Mais de 2.000 pessoas morreram nas rodovias

As mortes continuam ocorrendo em grande quantidade nas rodovias em Minas. Do dia 1º de outubro de 2007, data da desativação dos radares, até 30 de julho deste ano, mais de 2.000 pessoas perderam a vida nas BRs do Estado, segundo a Polícia Rodoviária Federal. De janeiro a julho deste ano, 647 vítimas morreram nas rodovias. Somado com os 1.138 óbitos anotados em 2008 e os 264 no último trimestre de 2007, o número de mortes desde o desligamento dos radares chega a 2.049.

No período de um ano e dez meses anterior à desativação dos equipamentos foram 1.969 óbitos (1.108 em 2006 e 861 nos dez primeiros meses de 2007).

O especialista em segurança no trânsito Paulo Ademar de Souza Filho explica que o radar surte efeito, pois faz com que o motorista reduza a velocidade. "Em um acidente onde os veículos estão acima da velocidade permitida, o número de mortos é maior." (EM)

Publicado em: 14/08/2009

Fonte: http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1387&IdCanal=6&IdSubCanal=&IdNoticia=118655&IdTipoNoticia=1

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