Emmanuel Pinheiro/EM/D.A Press
Uno ignora a dupla faixa contínua e trafega na contramão, logo após curva, no final da descida da Serra de São Gonçalo.
Dez entre 10 motoristas que trafegam pelas estradas que cortam Minas Gerais não pensam duas vezes em afirmar que o trecho de 108 quilômetros entre Belo Horizonte e João Monlevade, na Região Central, é o mais perigoso do estado. Tanto que o “pequeno” trajeto – se comparado com os quase 7,5 mil quilômetros da malha viária federal mineira – recebeu o macabro apelido de Rodovia da Morte. Os defeitos no asfalto, a má sinalização, o traçado sinuoso e a pista com apenas uma faixa de rolamento em boa parte do percurso são algumas das várias armadilhas que fizeram centenas de famílias chorar a perda de entes queridos no local. Por outro lado, a imprudência de muitos condutores contribuiu com o indigesto apelido do trecho.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não tem o balanço de multas no trecho da Rodovia da Morte, mas a quantidade de notificações na malha do estado cresceu na comparação entre 2007 e 2008: passou de 119.604 para 127.384. O aumento mostra que, apesar de o governo federal ter que melhorar a condição das vias, os motoristas também precisam ter mais respeito às suas vidas e a de terceiros. O Estado de Minas percorreu a Rodovia da Morte e flagrou muita gente desrespeitando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Ultrapassagens em locais proibidos, por exemplo, ocorrem com frequência na 381. A infração, que rende sete pontos ao prontuário da carteira nacional de habilitação (CNH) e R$ 197 no bolso do condutor, é uma das principais causas de morte no local, pois o impacto das batidas frontais é tão violento que poucas pessoas sobrevivem para contar o sinistro.
Um dos trechos mais perigosos da Rodovia da Morte é a descida da serra que separa São Gonçalo do Rio Abaixo, a 85 quilômetros da capital, a João Monlevade, distante 108km. A pista entre os dois municípios é cheia de curvas acentuadas. Em alguns locais, há apenas uma faixa. Mas o maior perigo é a ausência de barreira física, como canteiro ou mureta, separando o trânsito em direção contrária. Apesar dos perigos, vários condutores se arriscam na ultrapassagem proibida.
O abuso é tanto que uma equipe da PRF se posicionou no fim da serra de São Gonçalo para flagrar os imprudentes. Vários condutores foram multados. Um deles foi o motorista de um Fiat Uno de Belo Horizonte, que, numa curva, iniciou a ultrapassagem sobre um caminhão. O rapaz dirigiu o carro de passeio por quase um quilômetro até ser surpreendido pelo agente da PRF. O desrespeito foi tão grande que, durante a abordagem, admitiu o erro grosseiro que poderia lhe ter tirado a vida.
Minutos depois de o rapaz ser liberado, a condutora de um Vectra da capital também foi parada pelo policial. Ela foi outra imprudente que ultrapassou um caminhão na curva. O que surpreendeu os agentes foi o fato de os condutores não terem respeito pelas suas próprias vidas. No início da serra, havia outra equipe da PRF. Alguns motoristas pensaram que a corporação não iria escalar duas viaturas numa distância inferior a 10 quilômetros. Enganaram-se.
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