A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou que a BR-381 Norte, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, vai mesmo ser concedida à iniciativa privada, provavelmente até julho. Em reunião com uma comitiva do Médio Piracicaba e deputados mineiros, o diretor geral do órgão federal, Bernardo Figueiredo, confirmou que a rodovia vai ser privatizada e que está descartado o projeto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que previa uma variante no trecho entre São Gonçalo do Rio Abaixo e Nova Era. E mais: os pedágios vão ser cobrados antes da duplicação.Segundo a ANTT, a duplicação, que está prevista para acontecer apenas entre o segundo e sexto ano de privatização, vai obedecer ao traçado original da rodovia. Ou seja, o trecho de Monlevade, que receberia apenas melhorias do Dnit, também vai ser expandido. Um técnico da Agência deve vir a João Monlevade, na sede da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Piracicaba (Amepi), ainda neste mês de abril, para explicar o projeto a prefeitos e lideranças das cidades cortadas pela BR-381 Norte. A data do encontro ainda vai ser definida pelo presidente da entidade, Raimundo Nonato Barcelos (Nozinho – PDT), e pela presidente da Câmara de Monlevade, Dorinha Machado (PMDB), que lideraram a comitiva em Brasília.
O grupo ainda foi reforçado pelo prefeito de João Mon-levade, Gustavo Prandini (PV), e pelo prefeito de Dionísio, Weber Americano (PMDB), pelos deputados federais Alexandre da Silveira (PPS) e José Santana de Vasconcelos (PR), e pela deputada estadual Rosân-gela Reis (PV). Eles ouviram do chefe da ANTT que a empresa vencedora da concorrência terá que, inicialmente, fazer me-lhorias na estrada e, depois de seis meses, já estará liberada para cobrar pedágios. As praças de cobranças serão em Periquito, Jaguaraçu, João Monlevade e Caeté. Inicialmente, o valor do pedágio está estipulado em R$4,18, mas um estudo da Confederação Nacional de Transportes (CNT) prevê que esse valor ultrapasse R$18 quando a duplicação for iniciada. Todos os participantes da comitiva discordaram da proposta de cobrar pedágio antes da duplicação e o deputado Alexandre da Silveira mostrou-se indignado com o projeto da ANTT. A deputada Rosângela Reis e toda comitiva apresentaram sugestões de alterações, mas o diretor da Agência se negou a discutir questões políticas sobre a proposta. “Discuto apenas questões técnicas, pois as questões políticas sobre o projeto devem ser discutidas com a cúpula do governo”, justificou.
Na Assembléia
Antes de seguir para Brasília, a comitiva do Médio Piracicaba participou de uma Audiência Pública que discutiu a duplicação da BR-381 Norte na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na terça-feira, 31 de março. O evento foi fruto de requerimento da deputada estadual Rosângela Reis e contou com a participação de legisladores das cidades cortadas pelo trecho, entre eles Ronaldo Magalhães (PSDB), de Itabira, e Mauri Torres (PSDB), de João Monlevade. A Audiência foi liderada pelo presidente da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG, Gustavo Valadares (DEM), que possui votação expressiva em São Gonçalo do Rio Abaixo.
O deputado estadual Mauri Torres, que já sofreu um acidente na 381, defendeu que entendimentos fossem feitos entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a iniciativa privada, para que a duplicação se torne uma realidade. Mas mostrou-se desacreditado na obra. “Não sei se vou estar vivo para ver”, disse.
O deputado federal Alexandre da Silveira, que já foi presidente do Dnit, voltou a afirmar que a duplicação estava garantida no Programa de Aceleração do Crescimento (Apac), mas que o valor das obras, mais de R$2 bilhões, era o que mais atrapalhava. A presidente da Câmara de João Monlevade, Dorinha Machado (PMDB), usou a tribuna e falou da campanha que ela iniciou na cidade pela criação de uma comissão permanente, cujo objetivo é acompanhar todos os passos do projeto de duplicação. Dorinha também lembrou que haverá um protesto no dia 13 de abril, às 15h, em Caeté, quando a BR-381 será interrompida. No dia 13 de maio, em Nova União, será feita a mesma coisa. Os dois trechos, a exemplo do de João Monlevade, são os que mais registram acidentes.
Vereadores estão frustrados
Os vereadores que participaram da Audiência Pública sobre a duplicação da BR-381, na Assembléia Legislativa, em Belo Horizonte, usaram os adjetivos “frustrado”, “triste” e “chateado” para definir a maneira de como voltaram da capital mineira após ouvir os deputados estaduais e as explicações do Dnit. Sinval Dias (PSDB) disse que não tinha vontade nem de ir até Belo Horizonte, porque desde que foi eleito vereador pela primeira vez, há 16 anos, já participou de várias audiências desse tipo e que nada é resolvido. O legislador mostrou-se pessimista quanto à duplicação da BR381/Norte e afirmou que não vai estar vivo para ver a rodovia expandida. Para o tucano, o Governo Federal mente quando diz que tem recursos no PAC para fazer as obras. O outro representante do PSDB, Guilherme Nasser, disse que voltou decepcionado de Belo Horizonte. O vereador comentou que os discursos dos deputados são muito bonitos e emocionantes, mas que ações não existem. O tucano afirmou que, para ele, não importa a maneira como a 381 vá ser duplicada. Contudo, deixou claro que não aceita pagar pedágio antes das obras. “Não se pode pagar para morrer”, exclamou.
Outro que foi até a Assembléia Legislativa é Robertinho do DVO (PMN). O vereador disse que não acredita que a concessionária que receber a rodovia do Governo Federal vá duplicar antes de cobrar pedágio. Para Robertinho, a empresa só vai fazer as obras quando tiver arrecadado bastante dinheiro dos motoristas.
Fonte: http://www.anoticiaregional.com.br/noticias.asp?Noticia=2457
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