quinta-feira, 26 de novembro de 2009

2009.11.26 - BR 381 - O que ainda falta para a segurança na rodovia da morte? - DeFato Online

Daniel Lança

Costumo fazer o trajeto BH – Itabira – BH quase todos os fins de semana do ano. Como bom itabirano que sou, apaixonado pela nossa terra e nosso povo, não costumo me apegar aos apelos consumistas dos shoppings belorizontinos nem às outras diversas comodidades que a capital mineira oferece nos finais de semana, sempre muito badalados. Essa fissura pela tranquilidade itabirana, e pelo ar que me passa de descanso e aconchego, me faz pegar o carro e atravessar uma das mais perigosas estradas do Brasil. Trata-se da BR 381, tragicamente apelidada de “rodovia da morte”, no trecho que se perfaz entre BH e Governador Valadares.

Nos últimos tempos, tem-se agravado vertiginosamente o número de acidentes nesse trecho. De acordo com a Movimento “SOS Estradas Federais”, somente ano passado foram registrados 2.076 acidentes, ocasionando 2.055 feridos e 138 mortes instantâneas. O número de fatalidades chega a mais de 800, uma vez que 40% dos feridos em acidentes graves morrem fora do local do acidente, a caminho do hospital ou dias depois, por complicações decorrentes dos desastres.

As razões de tantos números desastrosos são várias: situação precária das pistas de rolamento, constantemente “remendadas” quando aparecem buracos, sem a observância às condições toleráveis de adequabilidade do nível superficial das vias; excessivo número de curvas (mais de 500 no trecho em tela discutido, sendo 35 destas de altos índices de acidentes); não duplicação de todo o percurso; falta de preservação das pistas; não-existência de mecanismos controladores de velocidade; e, é claro, a imprudência dos condutores dos veículos.

Em confronto com essa realidade, têm-se percebido reações diferentes nas diversas facetas sociais. A população, que vive nas cidades que cortam a rodovia, está constantemente indignada, porque com a proximidade dessa realidade, vê tais desastres como algo passível de acontecer com alguém próximo. A classe política, cujo berço reside nessa área, tende a preocupar-se, também, com essa situação, e busca, com esforços possíveis, mas nem sempre eficientes, contribuir para alguma solução. Já a classe política que realmente comanda o país e que está diretamente vinculada à administração da rodovia, ou tem influência direta sobre esta, não demonstra a efetiva preocupação com os trágicos números e notícias que nos confrontam todos os dias. Eles viajam de jatos e helicópteros, e tem outras prioridades (eleitoreiras) para cumprir.

Diante da situação de apatia política e inércia das autoridades quanto às medidas que importem em solução eficaz ao problema, percebe-se que alguns caminhos não são mais tão eficientes: paralisações já não chamam a devida atenção; passeatas já não pressionam os governantes do âmbito federal (responsáveis pelas rodovias federais). Importante ressaltar que todas as ações sociais têm sua relevância e não podem ser minimizadas.

Mas a solução só virá com pressão política eficiente e contumaz. O problema da BR 381 é claramente o de falta de vontade política do Governo Federal, não obstante os gritos da população e os esforços sociais. Onde estão os deputados federais e senadores que receberam nossos votos nas últimas eleições? Onde estão nossos partidos que por aqui atuam, e que possuem representação no Congresso Nacional? Caso essa apatia política continue, só nos restará renovar os nomes dos mandatários do poder político, em todos os âmbitos da federação, na esperança, já desgastada, de que alguma coisa possa efetivamente mudar. E orar a Deus por proteção aos nossos familiares e amigos.

Fonte: http://www.defatoonline.com.br/colunas/?IdColuna=14&IdNota=&busca=381&busca=381&busca=381&busca=381&busca=381

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