
JOSÉ SANA
Na última reunião da Associação Microrregional dos Municípios do Médio Piracicaba (Amepi), realizada em 27 de março, em João Monlevade, um pensamento parecia ser consenso entre os presentes: o momento atual é impróprio para discussões sobre privatização agora ou depois da BR 381. “A hora já passou”, disse um prefeito após a reunião; “O presidente Lula quer é construir casas para os pobres e não estradas para os ricos”, complementou outro. Essa conversa foi captada por DeFato, mas os falantes pediram para não mencionar seus nomes.
O encontro de 1º de abril, realizado em Brasília, de uma comissão da Amepi com diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), resultou no seguinte: a BR 381 Norte — Belo Horizonte a Governador Valadares — será privatizada em breve. Quer dizer que o projeto, em execução pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está descartado. Serão feitos pequenos melhoramentos na extensão do trecho, incluindo término de obras em pontes inacabadas e outros reparos, entre os quais a construção do Trevo de Itabira e, logo em seguida, ocorrerá cobrança de pedágio.
DeFato falou com o deputado José Santana de Vasconcelos (PR), da base aliada do governo, que também participou do encontro em Brasília. Segundo ele, o projeto que está sendo executado pelo Dnit, de duplicação do trecho Belo Horizonte a Governador Valadares, poderá ser aproveitado pela iniciativa privada, caso fique decidida a privatização já. Segundo o parlamentar, a única mudança seria a não construção da variante de São Gonçalo do Rio Abaixo, que mudaria o percurso para Nova Era, excluindo João Monlevade.
Da reunião na ANTT participaram, além de Santana, os líderes da iniciativa no Médio Piracicaba — Raimundo Nonato Barcelos, Nozinho, do PDT (presidente da Amepi e prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo) e Dolires Machado, Dorinha, do PMDB (presidente da Câmara de Vereadores de João Monlevade); os prefeito Gustavo Prancini, do PV (de João Monlevade) e Weber Americano, do PMDB (de Dionísio) e os deputados Alexandre Silveira, do PPS (federal) e Rosângela Reis, do PV (estadual).
MAIS INFORMAÇÕES
Haverá uma reunião dos prefeitos da Amepi, a ser agendada para os próximos dias, com representantes da ANTT, cujo objetivo é explicar como funcionará o projeto pré-duplicação.
Em conversa com José Santana de Vasconcelos, na manhã desta sexta-feira, ficou esclarecido o seguinte:
— A conclusão da obra de duplicação, de Belo Horizonte a Governador Valadares, se dará em seis anos, mas é o prazo máximo. “Acredito na obra antes da Copa de 2014”.
— O projeto do Dnit, mesmo que privatizada a rodovia antes da duplicação, não será de todo descartado.
— Há possibilidades de reversão, ou seja, “nada está definido ainda, por enquanto tudo são hipóteses” ;
— O dinheiro reservado para a duplicação, originário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — R$ 1,6 bilhão — ainda está disponível para aproveitamento.
— Cabem às lideranças políticas discutirem e colocarem claras as suas opiniões.
— A reunião de técnicos da ANTT com prefeitos da Amepi poderá ser decisiva para as pretensões de todos.
— A reforma precária da rodovia seria iniciada em julho e, logo a seguir, a partida para cobrança de pedágio em quatro pontos do trecho.
DESCRÉDITO
Em 31 de março, houve audiência pública na Assembléia Legislativa. Dela participaram os deputados Mauri Torres e Ronaldo Magalhães, ambos do PSDB, e Gustavo Valadares, do DEM. O que se conclui dessa etapa é a mesma desilusão da reunião dos prefeitos da Amepi, ou seja, ninguém mais acredita na duplicação.
O governo quer ganhar tempo? Não tem dinheiro e a solução é mesmo a iniciativa privada? Esta discussão deveria ter se efetivada há cinco anos ou agora? — estas são questões que ficam no ar e que os prefeitos preferem delas se resguardar em público, deixando-a para o momento do cafezinho.
Fonte: http://www.defatoonline.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=2851
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