João Senna
Na última edição da semana do seu telejornal matinal, a Inter TV dos Vales (Rede Globo), destacou dois trágicos acidentes nas rodovias mineiras. No primeiro caso, perto de Teófilo Otoni, na também obsoleta BR-116 (Rio-Bahia), dez pessoas morreram no choque entre uma carreta e um ônibus.
Na manhã de quarta-feira, na “Rodovia da Morte”, trecho de Periquito, uma van bateu de frente com um ônibus, ceifando 12 vidas.
As duas tragédias, pelo número de vítimas, ocuparam amplo espaço nos telejornais e jornais impressos. No entanto, os acidentes rotineiros na BR-381 viraram algo tão banal que, muitas vezes, um ou outro desastre, mesmo envolvendo a perda de vidas, passa desapercebido.
Lá se vão quarenta anos de embromações, conversa fiada, promessas vazias, pais de uma criança que nunca nasce, discursos na Assembleia Legislativa e Câmara Federal, reuniões em palácios, recheadas de fotos e solenes declarações de compromisso para tirar do papel a duplicação da estrada no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. Curiosamente, quando os respeitados empresários Maurício Guerra e Helvécio Thomaz Martins reagiram contra mais uma reunião dominada pelo engodo, foram acusados de incapazes de compreender a grandiosidade do projeto então exposto.
Os fatos estão aí. A inclusão da obra no PAC, prometida pelo presidente Lula, foi detonada pela ministra Dilma Rousseff. Na inauguração da usina hidrelétrica de Baguari, foi lamentável a falta de teto em Ipatinga para o pouso do avião com a comitiva presidencial. Assim, a plastificada candidata à Presidência teria a oportunidade de, mesmo protegida por batedores, sentir um pouco do perigo a que estão expostos os motoristas e usuários da “Rodovia da Morte”.
Agora, provavelmente em vista da repercussão negativa às vésperas de mais um ano eleitoral, o Dnit anuncia a retomada de obras que estavam abandonadas há mais de uma década. Mas a ampliação de três pontes em trechos de curva é uma providência insignificante diante do emaranhado de problemas e armadilhas que só aumentam com o crescimento da frota e o descaso dos governantes.
Apesar de todo o barulho e da renovação de promessas, parece que as obras de duplicação - seja com dinheiro do PAC ou graças ao pagamento antecipado de pedágio (como deseja dona Dilma) - devem sair por volta de 2013. Bem-feito para nós que fabricamos aço e não somos candidatos a sediar Copa do Mundo e Olimpíadas!
Fonte: http://diariodoaco.com.br/noticia.php?cdnoticia=28435
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