domingo, 19 de setembro de 2010

2010.09.18 - BR-381 registra média de 200 acidentes a mais a cada ano – JVA Online

AKRcfRqtAAAAAAAAA Num levantamento detalhado nos 310 quilômetros da rodovia, nos últimos três anos, foram 8.203 acidentes com 397 pessoas mortas

IPATINGA - Cento e trinta e oito pessoas morreram, 705 ficaram feridas gravemente e outras 1.454 tiveram ferimentos leves em 2.975 acidentes ocorridos no ano passado nos 310 quilômetros da BR-381 que ligam Belo Horizonte a Governador Valadares. Os números revelam que as tragédias ocorridas na “Rodovia da Morte” no ano de 2009 superaram o índice de 2007 em 453 acidentes, representando um aumento de aproximadamente 15%. Em relação ao ano anterior, 2008, foram 269 acidentes a mais, o que corresponde a um crescimento de 10%. A média de acidentes na rodovia nestes três últimos anos foi de 200 acidentes a mais a cada ano.

No ano de 2008, a Polícia Rodoviária Federal registrou 2.706 acidentes no trecho entre Governador Valadares e Belo Horizonte. No total, 1.410 pessoas se feriram levemente, 645 tiveram ferimentos graves e 138 pessoas perderam suas vidas. Já em 2007, aconteceram 2.522 tragédias, com saldo de pessoas com ferimentos leves igual a 1.299, 686 casos de ferimentos graves e 121 mortos. Segundo um levantamento detalhado feito nos 310 quilômetros da rodovia, pela Polícia Rodoviária Federal, nestes últimos três anos foram 8.203 acidentes, nos quais 4.163 pessoas tiveram ferimentos leves, 2.036 se feriram gravemente e outras 397 pessoas morreram.

De acordo com o relatório, em todos os trechos da BR-381 pesquisados no ano passado, a PRF registrou acidentes. Todavia, o número pode ser ainda maior, se forem considerados o índice de pessoas com ferimentos graves que morreram nas viaturas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou em hospitais, visto que elas não são contabilizadas pelas estatísticas da PRF.

Segundo um levantamento da Ong SOS Rodovias, estima-se que nos últimos oito anos mais de 4 mil pessoas perderam a vida só na BR-381 e quase 60 mil foram feridas em acidentes desnecessários, que poderiam ter sido evitados se a rodovia já tivesse sido duplicada.

Trechos mais perigosos

Em 2008, para saber os trechos mais perigosos e responsáveis por acidentes e mortes, a Polícia Rodoviária dividiu os 310 quilômetros da rodovia entre Governador Valadares a BH. O levantamento dividiu a distância entre as duas cidades em 62 trechos de cinco quilômetros cada e permitiu a elaboração de dois rankings trágicos.

No primeiro, referente a acidentes, a liderança é ocupada pelo trecho do km 420 ao km 425, em Caeté, onde ocorreram 146 batidas e saídas de pista e nove pessoas morreram. A segunda tabela trata especificamente das mortes. Nesse caso, o trecho do Km 405 ao Km 410, em Nova União, é o primeiro colocado, com 19 vítimas e 117 acidentes. Outro trecho bastante perigoso fica entre o Km 440 e o 445, nos limites de BH com Sabará, onde foram computados 129 acidentes. Os dados alarmantes só servem para reforçar a importância da duplicação da “Rodovia da Morte”, uma reivindicação antiga dos usuários.

A maioria das tragédias que ocorrem na BR-381 são registradas onde a rodovia continua com o traçado da época de sua implantação, que é da década de 1950. Em sua maior parte são trechos que apresentam curvas com raios inferiores aos exigidos pelos padrões atuais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). De acordo com os especialistas, os trechos na BR-381 que são mais próximos às cidades são os mais perigosos.

Números nas estradas federais

O número de acidentes e de mortes registradas em 2010, que ocorreram nas estradas federais que cortam Minas Gerais, já é maior que o mesmo período do ano passado. Em 2009, 647 pessoas morreram nas rodovias de Minas e até o mês de julho deste ano, a Polícia Rodoviária Federal já registrou 703 mortes. Ainda de acordo com os dados da PRF, o número de acidentes também cresceu em 9% e, 14.249 já haviam sido computados até a metade do ano. O ano de 2008 apresentou um saldo inferior, e totalizou 13.052 acidentes.

Em 2007, a BR-381 foi que a registrou o maior índice de acidentes e mortes no período. Quando analisada completamente, a rodovia teve 7.296 acidentes e 292 pessoas mortas durante um único ano. Em segundo lugar ficou a BR-040, com 4.101 acidentes e 199 mortes. Logo atrás, a BR-116 registrou 2.515 acidentes e 181 mortos durante o período de 365 dias. Em todo o estado, nos 20.722 acidentes que ocorreram em 2007, 1.085 pessoas perderam a vida, 4.119 se feriram gravemente e outras 10.561 pessoas tiveram ferimentos leves nas rodovias que cortam o estado.

BR 381 é a mais perigosa do país

De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados revisados recentemente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), um caminhão se acidenta a cada 15 minutos nas estradas federais. Conforme o levantamento, do ranking de gravidade das rodovias, a BR 381, mais popularmente conhecida como “Rodovia da Morte”, foi apontada como a mais perigosa do país.

A estrada passa pelos estados de São Paulo, Minas Gerais e norte do Espírito Santo. Para fazer o ranking das estradas, foram analisados números de acidentes e de vítimas, sinalização, fiscalização, pavimento, sinuosidade e até a quantidade de roubos. De acordo com o Ipea, a diminuição na quantidade de acidentes e o aumento no número de mortes indicam que a gravidade dos desastres nas estradas aumentou.

Em 12 meses - segundo semestre de 2004 e primeiro semestre de 2005 -, foram registrados 110.086 acidentes envolvendo caminhões. Esse número diminuiu em comparação ao período anterior, que teve 112.457. Em compensação, foram registradas 6.346 vítimas fatais, ante 6.119 no mesmo período dos anos anteriores. A quantidade de feridos também cresceu: de 66.117 para 68.524.

Construída na década de 1950 para comportar um fluxo médio de 500 veículos por dia, a BR-381 ultrapassa hoje em mais de 120 vezes o limite original, chegando a 63 mil carros/dia em seu trecho mais movimentado, que é em Ipatinga.

Sem reformas de grande porte ao longo desse período, a chamada “Rodovia da Morte” sofre com a saturação do tráfego, agravado pelo intenso movimento de caminhões e carretas. O cenário de acidentes e tragédias aponta para um futuro ainda mais nebuloso diante da perspectiva de crescimento econômico da Região do Vale do Aço, que, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), deve ultrapassar as taxas de desenvolvimento do Brasil nos próximos anos.

Pesquisa mostra que 91% das rodovias de Minas têm pista simples e mal conservadas

Sinônimo de inúmeras tragédias nos últimos anos, a BR-381, no sentido BH/Governador Valadares, é exemplo clássico da composição mortal das estradas. Curvas em série, pista simples sem pontos de ultrapassagem e, para piorar, piso em más condições. O título dado a Minas de campeão de acidentes e vítimas, confirmado a cada feriado, não se resume a um único trecho. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que os mesmos ingredientes da “Rodovia da Morte” estão presentes em nove de cada 10 trechos de rodovias no estado.

Apenas no feriado do Carnaval deste ano, em Minas houve 3.233 acidentes, um acréscimo de 13% a mais que em 2009, que registrou 2.865 acidentes no mesmo período. Em relação ao número de mortes, em 2010 foram 143 óbitos nas estradas de Minas contra 127 no ano passado. Já o número de feridos no Carnaval deste ano também cresceu 13%, registrando 1.912 pessoas feridas contra 1.784 em 2009, que representa um crescimento de 7%. Já o total de acidentes aumentou de 471 para 493 em 2010, colocando o estado como campeão de acidentes no período.

O estudo constata que, dos quase 14 mil quilômetros analisados em Minas, 91,5% são formados de pista simples de mão dupla, condição que se agrava com os problemas de traçado, que afetam quase a totalidade das rodovias. Apenas três das 85 ligações percorridas foram classificadas nos conceitos bom e ótimo da categoria geometria.

Para o consultor em transportes Silvestre Andrade, o baixo conceito da malha rodoviária mineira, no que se refere à geometria, tem duas explicações principais: os procedimentos da engenharia rodoviária que vigoravam em décadas passadas e a própria constituição do relevo do estado. “Durante o governo militar, a boa técnica dizia que o traçado deveria acompanhar a topografia e não brigar contra ela. Estradas sinuosas não eram vistas como problema”, explica Andrade. O consultor define o perfil topográfico de Minas Gerais como muito ondulado, o que contribui para as infindáveis curvas das estradas.

Segundo Andrade, esse é um problema de difícil solução, principalmente pela questão financeira. Para ele, mudar o traçado de uma rodovia requer investimentos maiores que os demandados em uma duplicação. “Como a maioria de nossa malha viária é antiga e foi construída obedecendo à técnica antiga, acho que isso vai perdurar ainda por um bom tempo, é o tipo de mudança lenta”, prevê o consultor, que ressalta também a extensão da malha mineira, a maior do país, como outro complicador.

Os técnicos percorreram estradas federais e estaduais em todo o país e classificaram as rodovias a cada subtrecho de 10 quilômetros. O estudo mostrou que só 31,6% das ligações foram aprovadas nos conceitos de sinalização, pavimentação e geometria, enquanto o restante, mais de dois terços, foi incluído nos conceitos de péssimo, ruim e regular.

O consultor avalia como grave a carência de rodovias duplicadas em Minas. “Em algumas estradas, as obras até começaram, como na BR-262 até Nova Serrana, e na BR-040 até Curvelo”, diz Andrade. Porém, ele lamenta a falta de ações concretas naquele que considera o maior problema viário de Minas, a BR-381. “O projeto que o Dnit está desenvolvendo para a 381 não prevê uma duplicação tradicional, mas tem algumas variantes, como a eliminação de curvas. Porém, uma duplicação não implica apenas construir uma pista ao lado da existente”, explica.

O especialista aponta os prejuízos gerados pela falta de vias duplicadas: “Há aumento dos custos operacionais e a produtividade do equipamento fica reduzida. Isso sem contar os custos gerados pelos acidentes no sistema de saúde e previdenciário, como o pagamento de pensões por invalidez”, diz. Ele ressalta ainda o valor incomensurável da perda de pessoas próximas.

Fonte: JVA Online

2 comentários:

  1. Apesar de tentarem me calar, através da censura a um de meus posts, vou novamente falar.
    O problema não é a rodovia, o problema é o motorista. Neste exato momento uma ocorrência na pista, 4 mortos, mas vamos ver?

    "Motorista que teria causado acidente na 381, em MG, tinha bebido, diz PRF"

    " ultrapassou dois veículos pelo acostamento. "

    Estas aspas são trechos de texto da g1.

    Veja a estrada pode não ser aquela maravilha, mas de quem foi a culpa? da rodovia perigosa ou do motorista despreparado?

    Não adianta reformar a rodovia, adianta reformar o motorista!!!! Pois se a rodovia não é boa e todo mundo sabe disso, veja bem o que mais tem?

    Excesso de velocidade, ultrapassagem indevida, beber e dirigir...isto não tem haver com a rodovia e sim com o motorista!!! Se o motorista vai a 100 Km/h em um trecho de 40 Km/h e vai forçar ultrapassagem na curva, deixa pra frear em cima a culpa é de quem? Da rodovia ou do motorista?
    Pensa bem....tirar curva e colocar reta é legal é super, mas o que o infeliz vai fazer? se antes rodava a 100 Km/h vai agora a 140 Km/h ou mais... resultado em curto prazo começaremos o debate de novo....

    Como disse e volto a dizer meu pai morreu na citada estrada a 10 anos! Tenho documentos e fotos para provar (espero que não chegaremos a tanto né verdade). Quem foi preso, quem foi culpado? NINGUÉM!!! O resultado disso 2 dos motoristas envolvidos já morreram tb em ACIDENTES DE TRÂNSITO!!! Se tivessem sido punido TALVEZ não estivessem ao volante e logo teriam sido poupados...

    E espero que o blog de maneira democrática não remova minha postagem desta vez. A boa prática diz q vcs podem responder e discordar de maneira correta e ética as minhas postagem, mas não existem materiais contrários....

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  2. Concordo plenamente contigo Dr. Luis ... Vc falou tudo!!!!

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