domingo, 26 de setembro de 2010

2010.09.26 - As vidas que ficam pelo caminho das estradas – O Globo

BELO HORIZONTE e CAETÉ (MG) - Quem assumir em 1º de janeiro o cargo de presidente do Brasil terá pela frente um desafio que habita os discursos no período pré-eleitoral, mas que, nos anos seguintes, esbarra na burocracia e na falta de vontade política. Do avião presidencial, o chefe do Executivo passa ao largo da tragédia das estradas brasileiras, onde morreram 4.067 pessoas apenas nos seis primeiros meses deste ano, de acordo com o Dnit. É como se, a cada semana, caísse um Boeing 737 no país e todos os passageiros morressem.

Os 311 quilômetros que separam Belo Horizonte de Governador Valadares pela BR-381, em Minas Gerais, são considerados os piores do estado, que hoje contabiliza o maior número de mortes em suas estradas federais (471 apenas nos seis primeiros meses de 2010). Com mais de 500 curvas - quase metade delas no trecho de pouco mais de cem quilômetros entre a capital mineira e João Monlevade, conhecido como Rodovia da Morte -, a pista ainda segue o mesmo trajeto do tempo em que era usada para o transporte de burros. Apenas no ano passado, o trecho mais crítico da rodovia foi palco de 2,1 mil acidentes, que resultaram em 1,4 mil feridos e 81 mortos no asfalto.

- Todas as vezes em que passo pela 381, fico arrepiado porque tenho medo. A gente nunca sabe se vai chegar em casa com segurança. São tantas curvas, que não há como não ficar tenso ao imaginar uma carreta perdendo o controle e vindo para cima de você - conta o técnico em segurança Lúcio Mário Filho, de 35 anos, morador de Caeté, Região Metropolitana de BH, cujo principal acesso é pela BR-381.

Há pouco mais de um ano, Lúcio Mário mantém um blog (www.br381.org) onde reúne informações publicadas em sites noticiosos a respeito dos acidentes na Rodovia da Morte. Ele começou a fazer isso depois da morte do amigo Albert Silva Syrio, de 23 anos, em um acidente em março de 2009. Albert estava em uma van com outros 15 universitários de Caeté, que voltavam para casa após estudar em Belo Horizonte. A van em que estavam foi esmagada por um caminhão carregado de vergalhões. Além do motorista do veículo, seis jovens entre 19 e 28 anos morreram.

Fonte: O Globo

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