JOSÉ APARECIDO RIBEIRO
Especialista em trânsito e assuntos urbanos
Todas as vezes que acontece um acidente com mortes na BR-381, a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) rapidamente encontram um culpado, mesmo que ele esteja morto e não possa se defender. O culpado é sempre a vítima. Uma hora, a culpa é da bebida; outra, das condições do veículo; às vezes, da imprudência dos motoristas - nunca da rodovia que foi mal projetada há 55 anos e que vem sendo palco de tragédias há décadas.
São quase 500 mortes todos os anos. O número se compara ao de uma guerra.
Embora a imprudência seja causa de muitos desses acidentes, sobre ela o Estado não tem controle.
Todas as vezes que um motorista é imprudente, ele atinge outro que não é. Sendo assim, o único meio de proteger os condutores prudentes dos imprudentes é construir rodovias seguras e decentes, com pistas independentes e que possuam barreiras de concreto entre uma pista e outra.
Mais de 90% das mortes em rodovias federais que atravessam Minas Gerais, acontecem por causa de colisões frontais. O acidente da última terça-feira, dia 21, relatado por este jornal com o título "Bebida provoca tragédia na 381" (Cidades, 22.9), não foi diferente e poderia ter sido evitado se a BR-381 tivesse sido duplicada.
Colocar a culpa na vítima serve apenas para escamotear a incompetência e irresponsabilidade dos políticos. As desculpas já não colam mais.
Fonte: O Tempo
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