segunda-feira, 27 de setembro de 2010

2010.09.27 - BRs-381 e 116 lideram acidentes e mortes em Minas – Portal Uai

Pedro Rocha Franco - Estado de Minas
Publicação: 27/09/2010 07:48 Atualização:

Na matemática da carnificina rodoviária, a soma de três fatores – acidentes, feridos e mortos – tem como um dos resultados a atribuição do título de Rodovia da Morte à campeã das estatísticas. Em Minas, o trecho de quase 100 quilômetros entre João Monlevade e Belo Horizonte, da BR-381, ostenta essa marca dada à gravidade dos desastres que nela ocorrem. Fama reforçada por características que confirmam seus riscos, como a sequência de curvas sinuosas, a concentração de acidentes e o fato de não ser duplicada. Mas cruzamento de dados baseado em estudo recém-concluído pela Coordenação Geral de Operações Rodoviárias, braço do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mostra que, se considerada a letalidade dos acidentes, a coroa do reino das tragédias rodoviárias terá uma disputa acirrada, com a BR-116 também pleiteando o trono.

Os números mostram que a proporção de acidentes por morte na rodovia que corta o estado desde a divisa com o Rio de Janeiro até a Bahia supera em quase 50% o índice contabilizado para o segmento que sai da capital até o entroncamento com a BR-262, na Região Central, em direção ao Espírito Santo e ao Vale do Aço. A cada 10,65 acidentes registrados na BR-116 é anotado um óbito, enquanto na chamada Rodovia da Morte a cada 15,6 desastres se computa uma vítima fatal, o que revela os riscos do trecho de 815 km (veja arte).

Outras cinco rodovias também superam a BR-381, sentido Vitória (ES), no índice de letalidade, mas, dado o número bem menor de colisões e vítimas, o resultado pode estar “maquiado”. No entanto, a BR-116 supera a BR-381 em todos os quesitos – mortes, feridos e extensão. Por tratar-se de uma ligação maior, com 710 km a mais, a tendência é que o número de vítimas também fosse maior. O problema é que a gravidade dos acidentes também é maior – e muito.

Segundo o consultor técnico da Agência Metropolitana de Desenvolvimento e especialista em transportes e trânsito, Paulo Rogério Monteiro, o dado revela que o risco de morte é maior em caso de acidente. “Reflete onde uma batida é mais grave e ponto”, diz. Ele considera importante também calcular os riscos de ocorrer uma colisão com base no volume médio de veículos que cruzam a via e o total de acidentes. O alto grau de letalidade, segundo o especialista, está associado a fatores como a menor quantidade de curvas e a possibilidade de se alcançar velocidades maiores, uma vez que a Rodovia da Morte tem média de uma curva a cada 500 metros.

Em contrapartida, a Rodovia Fernão Dias, BR-381, entre BH e São Paulo, tem um dos índices de letalidade mais baixos do estado. Apesar de concentrar mais de um terço dos acidentes registrados no primeiro semestre, a estrada concentra menos de 10% das vítimas fatais. Se comparada à letatalidade da BR-116, o índice é quase cinco vezes menor.

Pontos críticos

O estudo lista os trechos, de um quilômetro cada, considerados críticos, sendo a definição atribuída aos segmentos com oito ou mais acidentes no ano. No primeiro semestre, só 24 pontos foram categorizados como críticos na BR-116. O número é baixo se considerada a extensão da rodovia. Ou seja, a cada 34 quilômetros se tem um problemático. Tais pontos registraram 269 acidentes e 12 mortes. Com isso, as outras 1.159 batidas e 122 vítimas fatais estão pulverizadas no restante da estrada.

O trecho mais letal é o km 518, próximo a Caratinga, no Vale do Rio Doce. Só nos primeiros seis meses do ano foram registrados oito acidentes no local, seis deles com vítimas. Ao todo, foram 15 feridos e seis mortes, o que dá média de quase uma vítima fatal por acidente. E o que causa mais apreensão é o fato de os óbitos não terem sido anotados numa colisão apenas, mas em três.

No caso da Rodovia da Morte, o estudo pontuou 58 km críticos, concentrando 646 dos 858 acidentes anotados pela Polícia Rodoviária Federal. Quase três quartos estão localizados nestes segmentos, o que confirma uma das características que lhe rende o título tenebroso e confirma que intervenções pontuais não são suficientes para sanar os riscos e a duplicação é essencial.

Acostumado com os dois trechos, o advogado José Adalberto, morador de Inhapim, no Vale do Rio Doce, transita diariamente pela BR-116 para ir a cidades próximas trabalhar e, nos últimos anos, tem acompanhado a repetição de graves acidentes. A associação do aumento de fluxo de veículos, número crescente de carretas e o desligamento dos radares é certeza da matança. “É uma estrada tortuosa”, diz o advogado, que, por 13 anos, fez o percurso de ida e volta de sua terra-natal até BH, cruzando a BR-381. “Quando jovem, gostava das curvas. Não me deixavam dormir. Tinha que estar sempre ligado. Mas, hoje, não basta ser bom motorista”, afirma.

Fonte: Portal Uai

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