sábado, 18 de setembro de 2010

2010.09.16 - Pesquisa mostra que 91% de rodovias de Minas têm pista simples e malconservadas – Estado de Minas

Estado de Minasbr-3811 Trecho da BR-381, entre BH e Governador Valadares, é apontado por especialista como o mais perigoso

Sinônimo de tragédia nas últimos anos, a BR-381, no sentido BH-Governador Valadares, é exemplo clássico da composição mortal das estradas. Curvas em série, pista simples sem pontos de ultrapassagem e, para piorar, piso em más condições. O título dado a Minas de campeão de acidentes e vítimas, confirmado a cada feriado, não se resume a um único trecho. Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que os mesmos ingredientes da Rodovia da Morte estão presentes em nove de cada 10 trechos de BRs no estado.

O estudo constata que, dos quase 14 mil quilômetros analisados em Minas, 91,5% são formados de pista simples de mão dupla, condição que se agra quando com os problemas de traçado, que afetam quase a totalidade das rodovias. Apenas três das 85 ligações percorridas foram classificadas nos conceitos bom e ótimo da categoria geometria.

Para o consultor em transportes Silvestre Andrade, o baixo conceito da malha rodoviária mineira, no que se refere à geometria, tem duas explicações principais: os procedimentos da engenharia rodoviária que vigoravam em décadas passadas e a própria constituição do relevo do estado. “Durante o governo militar, a boa técnica dizia que o traçado deveria acompanhar a topografia e não brigar contra ela. Estradas sinuosas não eram vistas como problema”, explica Andrade. O consultor define o perfil topográfico de Minas Gerais como muito ondulado, o que contribui para as infindáveis curvas das estradas.

Segundo Andrade, esse é um problema de difícil solução, principalmente pela questão financeira. Para ele, mudar o traçado de uma rodovia requer investimentos maiores que os demandados em uma duplicação. “Como a maioria de nossa malha viária é antiga e foi construída obedecendo à técnica antiga, acho que isso vai perdurar ainda por um bom tempo, é o tipo de mudança lenta”, prevê o consultor, que ressalta também a extensão da malha mineira, a maior do país, como outro complicador.

Os técnicos percorreram estradas federais e estaduais em todo o país e classificaram as rodovias a cada subtrecho de 10 quilômetros. O estudo mostrou que só 31,6% das ligações foram aprovadas nos conceitos conceitos de sinalização, pavimentação e geometria, enquanto o restante, mais de dois terços, foi incluído nos conceitos de péssimo, ruim e regular.

O consultor avalia como grave a carência de rodovias duplicadas em Minas. “Em algumas estradas, as obras até começaram, como na BR-262 até Nova Serrana, e na BR-040 até Curvelo”, diz Andrade. Porém, ele lamenta a falta de ações concretas naquele que considera o maior problema viário de Minas , a BR-381. “O projeto que o Dnit está desenvolvendo para a 381 não prevê uma duplicação tradicional, mas tem algumas variantes, como a eliminação de curvas. Porém, uma duplicação não implica apenas construir uma pista ao lado da existente”, explica

O especialista aponta os prejuízos gerados pela falta de vias duplicadas: “Há aumento dos custos operacionais e a produtividade do equipamento fica reduzida. Isso sem contar os custos gerados pelos acidentes no sistema de saúde e previdenciário, como o pagamento de pensões por invalidez”, diz. Ele ressalta ainda o valor incomensurável da perda de pessoas próximas.

Sobre o agravante de dois terços do pavimento das estradas brasileiras estarem deteriorados, o consultor apresenta uma teoria simples. “O problema é que não há uma cultura de manutenção no poder público e isso ocorre não só com estradas. Para muitos governantes, inaugurar rende faixas e cerimônias. Manter o patrimônio em bom estado não”, afirma o consultor.

Fonte: Estado de Minas

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