terça-feira, 19 de julho de 2011

BR-381 - Transtorno em dois extremos

Em dia de caos em uma das rodovias federais mais arriscadas de Minas, motoristas encaram acidentes e horas de tráfego lento. Apenas em Betim, 17 veículos se envolveram em desastre

Roney Garcia, Gabriella Pacheco e Carolina Mansur

Moisés Silva/EM/D.A Press20110718200841368Na Fernão Dias, saída para São Paulo, caminhão parou na pista e provocou engavetamento

Motoristas que tiveram que cumprir a missão de cortar a Região Metropolitana de Belo Horizonte cruzando a BR-381, seja na saída para São Paulo, seja na ligação com o Espírito Santo, viveram ontem uma segunda-feira de violência e caos. No acesso Sul, na altura de Betim, onde as condições de tráfego são melhores e a pista, duplicada, a rodovia mostrou porque é uma das líderes em aumento no número de acidentes entre as principais BRs do estado. Pela manhã, em uma das curvas mais perigosas do trecho, uma pessoa morreu em um engavetamento que envolveu quase duas dezenas de veículos e levou quem saía da capital a enfrentar  congestionamento de aproximadamente cinco quilômetros. Engarrafamentos desafiaram a paciência também dos motoristas que usaram o acesso Leste da estrada. Nesse caso, não devido a um dos inúmeros desastres graves que valeram ao percurso o nome de Rodovia da Morte, mas sim ao interminável impasse das pontes provisórias sobre o Rio das Velhas e ao aumento de tráfego provocado pelas férias escolares, além de batidas de pequenas proporções. Em ambos os casos, motoristas escorados sobre os volantes enfrentaram um misto de insegurança, preocupação e curiosidade, associado, claro, a um longo exercício de paciência.

Em Betim, na Grande BH, os transtornos começaram logo cedo, com mais um grave acidente em uma das curvas mais perigosas do sentido São Paulo, no Km 487, altura do Bairro Jardim Teresópolis. Desta vez, 17 veículos se envolveram em um engavetamento que matou uma pessoa e deixou pelo menos três feridas. Nívea Rodrigues de Castro, passageira de uma van, morreu no local. O motorista do mesmo veículo, Sebastião Manoel da Silva, ficou em estado gravíssimo e foi levado para o Hospital Regional de Betim. Até a noite de ontem, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vítima passava por uma cirurgia e corria risco de morte. Ainda de acordo com o órgão, duas outras vítimas foram socorridas, mas passam bem e permaneceram em observação no setor de politraumatizados.
Segundo motoristas envolvidos, tudo ocorreu após a parada inesperada de um caminhão de pequeno porte na pista central da rodovia, provavelmente devido a problemas mecânicos. O caminhoneiro teria tentado retirar o veículo da pista, mas não foi capaz de evitar as batidas em série provocadas por carros que vinham logo atrás. No total, dois caminhões de pequeno porte, duas carretas, uma van, um ônibus, uma moto e dez 10 veículos de passeio se envolveram na colisão. Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar organizaram uma força-tarefa para atender os feridos e retirar os veículos do local. Antes que as faixas fossem liberadas, porém, as pistas no sentido São Paulo registraram quatro quilômetros de engarrafamento. A curiosidade de motoristas que passavam pelo acidente também provocou lentidão no sentido contrário.

Vítimas do desastre relataram ainda que as primeiras batidas não foram graves, mas motoristas de duas carretas não conseguiram frear e acabaram batendo em outros veículos. A primeira carreta envolvida, segundo a Polícia Rodoviária Federal, transportava uma carga de aproximadamente 27 toneladas. O caminhoneiro chegou a informar que conseguiu ver o acidente de uma distância considerável, mas, devido ao peso que transportava, não foi capaz de parar a tempo.
Pouco depois, com o envolvimento da segunda carreta, mais dois veículos foram prensados. Um Palio e a van em que estavam Nívea e Sebastião foram esmagados pelo impacto da batida. O motorista do Palio, Lucas Eduardo, saiu ileso, e um passageiro do mesmo carro sofreu ferimentos leves. "Quando vi o caminhão parado no meio da pista, já comecei a frear e liguei o pisca-alerta", conta Lucas. Segundo ele, os dois estavam indo para um compromisso profissional em Divinópolis quando foram atingidos. O Palio teve o lado dianteiro direito quase todo esmagado pela traseira de um caminhão, enquanto a traseira foi completamente destruída pela van.

Em outro acidente grave ontem na Fernão Dias, pelo menos 11 pessoas ficaram feridas quando um ônibus que transportava romeiros tombou próximo a Três Corações, no Sul de Minas.

MEMÓRIA

Desafios em mão dupla

Em sua edição do dia 10, o Estado de Minas mostrou que a BR-381, nos dois trechos que partem de Belo Horizonte, proporciona aos usuários realidades bem distintas. A chamada Rodovia Fernão Dias, que liga a capital mineira a São Paulo, tem pistas duplicadas, mas apresenta um dos maiores índices de aumento de acidentes entre as principais BRs que cortam o estado. No confronto de dados relativos a 2007 e 2010, houve aumento de 46,75% na quantidade de desastres. A letalidade das batidas, por outro lado, foi a que mais caiu entre as vias federais: redução de 9,1%, considerados os mesmos anos. A explicação de especialistas para o fenômeno é de que a boa conservação das pistas favorece a imprudência, mas as condições de segurança minimizam a gravidade dos desastres, especialmente ao diminuir o risco de colisões frontais, as mais perigosas. Já o trecho da estrada que dá acesso ao Espírito Santo, em pistas simples e cheias de curvas no percurso mais crítico, teve 46,34% mais mortes na comparação 2007/2010. Um dado reflete bem os dois extremos da 381. Em 2010, foram 32 batidas frontais, com duas mortes, nos 485 quilômetros da Fernão Dias em Minas. Já nos 100 quilômetros da mesma rodovia entre BH e Governador Valadares, percurso conhecido com Rodovia da Morte, foram 132 choques de frente, com 34 mortos.

Fonte: Estado de Minas

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