Celso Martins
Repórter
Comerciantes, lideranças comunitárias e vereadores de João Monlevade, na Região Central do Estado, decidiram aderir ao movimento de fechamento da BR-381 que ocorre todo dia 13 de cada mês. O protesto é para forçar o Governo federal a liberar recursos para a duplicação da estrada. Batizada de “rodovia da morte”, por causa dos acidentes graves, a estrada ganhará hoje 650 cruzes e dez caixões nos dois acessos a João Monlevade. Sucatas de carros batidos de pessoas que morreram na rodovia nos últimos anos também serão colocadas às margens da BR.
No final de semana, três pessoas morreram em acidentes na BR-381, entre Belo Horizonte a Ipatinga, no Vale do Aço. A BR-381 será interditada hoje por uma hora, a partir das 15 horas, em São Gonçalo do Rio Abaixo, Caeté, João Monlevade, Nova Era, Ipatinga e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. “Em quatro anos, o número de mortos na 381 deve ter passado de mil. Não entram na estatística da Polícia Rodoviária Federal (PRF) as pessoas que morrem nos hospitais”, declarou a presidente da Câmara Municipal de João Monlevade, vereadora Dorinha Machado (PMDB), uma das organizadoras da manifestação.
Em João Monlevade, as cruzes e os caixões foram doados por comerciantes e igrejas. Segundo Dorinha Machado, durante o fechamento, voluntários vão pedir aos motoristas que assinem um documento pedindo ao Governo federal a duplicação da BR-381. Em dois meses, o documento já tem a assinatura de 2 mil pessoas.
O presidente do Movimento SOS Estradas, José Aparecido Ribeiro, informou que pretende levar uma caravana de parentes de pessoas que morreram na BR-381, vereadores, prefeitos e lideranças comunitárias para tentar falar com o presidente Lula. A ida a Brasília deve ocorrer em agosto. “Queremos o início da duplicação ainda neste ano para evitar que mais pessoas morram”, declarou.
José Aparecido reclama que a instalação de 30 radares entre Belo Horizonte e Governador Valadares, prometida para junho pelo Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ainda não foi feita. “Apesar do transtorno provocado pela interdição, os motoristas estão apoiando o movimento criado para cobrar a duplicação”, afirmou o caminhoneiro Antônio Lúcio de Aguiar.
Somente no sábado, nove motoristas foram presos nas rodovias federais do Estado por embriaguez. Em um dos acidentes na 381, em Nova União, no sábado à tarde, uma mulher que estava numa van morreu a caminho do hospital. O motorista que provocou o acidente estaria embriagado. “Entre João Monlevade e Belo Horizonte, são 200 curvas perigosas e pontes estreitas, além de um grande fluxo de caminhões”, disse o perito Paulo Ademar de Souza Filho, especialista na investigação de acidentes.
Apesar de admitir que a maioria dos acidentes ocorre por imprudência, ele acredita que a duplicação reduziria em pelo menos 70% as mortes na BR-381.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/v2/index.php?sessao=10&ver=1¬icia=9742
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