João Monlevade -
O protesto em prol da duplicação da BR 381 envolveu cerca de mil pessoas, conforme estimativa do tenente-coronel da 17ª Cia. Independente da Polícia Militar, Paulo José de Freitas. Na tarde dessa segunda-feira, 13, a BR 381 foi parada por uma hora e dez minutos no trecho entre o trevo de acesso ao bairro Santo Hipólito e o trevo do bairro Cruzeiro Celeste. A estimativa de público da PM leva em consideração motoristas e passageiros de ônibus que ficaram presos nos congestionamentos.
O movimento "Mobilização Permanente pela Duplicação da BR 381", liderado pela Câmara dos Vereadores de Monlevade atraiu dezenas de autoridades com representação política em Monlevade e região. Também participaram do movimento pessoas que perderam parentes e amigos em acidentes na rodovia, representantes de várias entidades de classe, como CDL, OAB, igrejas, Pró-Voluntário da ArcelorMittal Monlevade entre outras.
Caixões, carros batidos que se envolveram em acidentes na "rodovia da morte", tiras de tecido na cor preta e 650 cruzes foram utilizados com o objetivo de chamar a atenção do Governo Federal sobre a necessidade de duplicação da rodovia. Um grupo de mototaxistas distribuiu panfletos e adesivos alusivos ao movimento.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) a paralisação gerou engarrafamentos superiores a cinco quilômetros em cada sentido da rodovia. Tiveram acesso livre apenas ambulâncias e uma viatura da Suapi. Apesar do transtorno de ficar parado na rodovia por pouco mais de uma hora, motoristas aprovaram o protesto.
O motorista Clóvis Roberto Damião, 43, diz ser usuário da rodovia há 25 anos. Apesar do atraso da viagem, ele comenta ser favorável ao protesto. "O benefício será pra gente mesmo que usa a rodovia todos os dias", avalia. O manobrista Adelmo Nunes Ferro, 33, viajava com a família de São Paulo para Governador Valadares. Ele comenta ser a terceira vez que faz o percurso pela BR 381. "É um pouco chato ficar aqui parado. Mas a reivindicação é um direito da comunidade. Ainda há pouco presenciei um acidente nessa estrada que possui muitas curvas", comentou.
Discurso unânime das autoridades
Além do prefeito Gustavo Prandini (PV), estiveram presentes a vereadora e presidente do Legislativo, Dorinha Machado (PMDB), os petistas Belmar Diniz e Dulcinéia Caldeira, Vanderlei Miranda (PR), Doró da Saúde (PMN) e os tucanos Guilherme Silvério e Sinval Dias. O deputado estadual Mauri Torres chegou acompanhado do ex-prefeito Carlos Moreira. Autoridades da região, como os prefeitos Raimundo Nonato Barcelos, o Nozinho (São Gonçalo do Rio Abaixo), Fernando Rolla (São Domingos do Prata), João Izael (Itabira), Saulo Morais de Castro (Catas Altas) e alguns vereadores de Nova Era e Bela Vista de Minas também compareceram.
Autoridades tiveram discurso unânime e comentaram que a duplicação da BR 381 só depende de empenho e vontade política do Governo Federal. Para o prefeito Gustavo Prandini a adesão de Monlevade fortalece o movimento da Frente Parlamentar em Defesa da Duplicação da BR 381. "Nossa participação é para somar esforços junto às lideranças regionais e com a comunidade para sensibilizar o Governo Federal. Queremos que a BR 381 seja uma das prioridades do Governo. Esperamos uma decisão definitiva para agilizar o processo de duplicação", avalia Prandini.
O deputado Mauri Torres teceu críticas às autoridades federais. "É necessário boa vontade do Presidente da República e do Ministério dos Transportes. O governador Aécio Neves está indignado com a situação", defendeu.
O prefeito de Itabira, João Izael, lembra que a reivindicação em prol da duplicação da BR 381 é antiga. "No nosso entendimento a 381 ainda não foi duplicada por falta de vontade política do Governo Federal. Estamos preocupados com a BR 381 que cada vez mais tem acarretado grandes transtornos pro nosso povo." Ele lembrou que no dia 6 de agosto, Itabira também vai parar a rodovia. Segundo João Izael, a data diferenciada dos demais municípios tem o objetivo de enfatizar o empenho de Itabira perante a causa.
A Presidente da Frente Parlamentar Estadual em prol da duplicação da BR 381, deputada Rosângela Reis, também não poupou críticas ao Governo Federal. "É preciso que se tenha vontade política do Governo Federal para que haja a duplicação da 381. A verba do PAC de R$ 2 bilhões já esta assegurada e, no entanto, ainda não foi feita a licitação", comentou.
Já a presidente da Câmara de Monlevade, Dorinha Machado, avalia que o protesto foi positivo e será suficiente para sensibilizar o Governo Federal. "Acredito que surtiu o efeito esperado porque queríamos a presença da imprensa estadual e municipal, o que vai contribuir para chamar a atenção do Governo Federal", destacou.
Dorinha destaca que o próximo passo da Frente Parlamentar em Defesa da Duplicação da BR 381 será um encontro com autoridades do Governo Federal. A deputada Rosângela Reis estima que cerca de 300 mil assinaturas sejam apresentadas à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, em uma reunião que ocorre na primeira quinzena de agosto, em Brasília, em data ainda a ser definida.
Decisão demorada
Carlos Moreira, que ontem participou da mobilização na BR 381 acompanhado de Mauri Torres, quando prefeito de Monlevade não contribuiu muito para a agilidade dos trabalhos na rodovia. Em abril de 2007, ele protagonizou o episódio que impedia o Dnit de fazer levantamentos de impacto ambiental da duplicação da rodovia. Naquela época, ele se recusava a assinar os documentos necessários que autorizariam o órgão a realizar os trabalhos e chegou a mencionar a hipótese de acionar o Ministério Público para o Dnit, sob argumento de que queria garantir que a duplicação contemplaria o atual traçado. Moreira, à época, chamou de "balela" os argumentos dos técnicos do Dnit para que ele autorizasse o estudo de impacto e também se reuniu com prefeitos da região em busca de apoio. Moreira só assinou o documento depois que os engenheiros do órgão garantiram a duplicação do trecho entre Monlevade e São Gonçalo do Rio Abaixo, o que era fonte de muitas dúvidas. Naquela ocasião estava prevista a construção de uma variante na rodovia, que ligaria São Gonçalo a Nova Era.
Acidentes e mortes
Os números de mortos e feridos na BR 381 não param de crescer. Apenas em um acidente, ocorrido no sábado, 11, uma mulher morreu e outras 14 pessoas ficaram feridas. Quatro veículos se envolveram no acidente, provocado por um Siena, na altura de Nova União, por volta das 13h. O congestionamento na região chegou a atingir 14 km no sentido Belo Horizonte/João Monlevade.
Um Siena, que seguia no sentido Vitória, ultrapassou um caminhão de gás em uma curva e, em seguida, bateu de frente com uma van. O carro rodou na pista e atingiu o caminhão de gás e um Palio Weekend. O teste do bafômetro revelou que o motorista do Siena, Pedro Vilar de Oliveira, estava alcoolizado.
Uma passageira da van de 75 anos morreu a caminho do hospital. Outros 13 ocupantes do veículo ficaram feridos. O grupo seguia para um casamento em Lagoa Santa. A décima quarta vítima era passageira do caminhão de gás.
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