terça-feira, 14 de julho de 2009

2009.07.14 - Homenagem às vítimas da 381 - Estado de Minas

Paulo Henrique Lobato20090713212248984 Manifestantes usaram cruzes para protestar, no trevo de Caeté, contra a falta de investimentos. Dnit promete projeto, mas obra ainda demora

Amigos e familiares de mortos em acidentes na rodovia reclamam da lentidão do Ministério dos Transportes em iniciar obras de duplicação da via, uma das mais perigosas do país

Paulo Henrique Lobato

TRÂNSITO

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou ontem que ainda em julho vai assinar o contrato para a elaboração do projeto executivo da duplicação dos 310 quilômetros da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Aço. A previsão é de que o estudo fique pronto nos próximos meses e que a obra, orçada em R$ 2 bilhões, seja concluída entre 2013 e 2015. Até lá, centenas de famílias vão chorar a perda de entes queridos na Rodovia da Morte, como ficou conhecido o perigoso trecho de 108 quilômetros entre Belo Horizonte e João Monlevade, marcado por centenas de curvas, má sinalização, defeito na pista e falta de acostamento. Na tarde de ontem, moradores de várias cidades cortadas pela estrada voltaram a fechar o trânsito da via nos dois sentidos.

Houve uma manifestação no trevo de Caeté e outra em João Monlevade. Os protestos, que ocorreram das 15h às 16h30, causaram congestionamentos nos dois pontos. Foi a quarta vez que os manifestantes interromperam o tráfego na via este ano. A primeira, em 13 de março, ocorreu dois dias depois do trágico acidente que matou oito moradores de Caeté: sete universitários e o motorista da van que levava o grupo. Durante o primeiro protesto, amigos e parentes das vítimas decidiram que fechariam o trânsito da 381 todo dia 13, até que a União inicie a duplicação da estrada.

Ontem, espalharam dezenas de cruzes na margem da via. Uma delas homenageava o universitário Alberty Syrio, de 25 anos, uma das vítimas no acidente com a van. A mãe dele, Eliane Silva, de 59, esteve no protesto e se emocionou. “Há duas fases em minha vida. Uma antes e outra depois do acidente”. A van em que o filho dela estava foi atingida em cheio por um caminhão de São Paulo, que perdeu o freio e não conseguiu fazer a curva do km 30. Outro filho de Eliane, Adair Syrio Júnior, de 28, estava na van e por pouco não morreu.

Mas o acidente lhe deixou marcas e, receoso em ser a próxima vítima da rodovia, trancou o curso de geografia e análise ambiental numa faculdade de BH. “Estava no quarto período. Meu irmão, no quinto”, diz, recordando que, em maio, cerca de 50 moradores de Caeté e região alugaram um ônibus e foram a Brasília participar de uma reunião com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e deputados federais de Minas.

“O ministro prometeu que, enquanto a duplicação não tivesse início, iria instalar radares, balanças etc. Disse que o prazo era de mais ou menos 30 dias. Já se passaram quase 60 e nada”, reclamou Fernando Caetano Fonseca, de 35, coordenador do movimento BR-381: duplicação já. Procurado pela reportagem, o Ministério dos Transportes não soube informar quando a promessa do ministro sairá do papel. Já o Dnit informou que pretende assinar o projeto executivo que dará vida à duplicação da rodovia ainda em julho.
A demora do governo federal em pôr fim à mortalidade no trecho causou indignação em muitos usuários.

“Temos visto muita promessa e pouca solução. Sábado passado, assisti o motorista de um caminhão sendo retirado sem vida da boleia. Já perdi amigos na via. Falta vontade política para iniciar a obra de duplicação”, criticou a servidora pública Roberta Resende, de 28, que mora em Caeté. Ela e amigos colocaram várias cruzes na margem da rodovia.

Fonte: http://www.uai.com.br/EM/html/sessao_18/2009/07/14/interna_noticia,id_sessao=18&id_noticia=107020/interna_noticia.shtml

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