sábado, 25 de julho de 2009

2009.07.25 - Dor e miséria na Rodovia da Morte - Estado de Minas

Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas em acidente com caminhão que transportava arroz. Multidão saqueou a carga

Pedro Ferreira

BR-381

Um grave acidente na manhã de ontem, no km 448 da BR-381, no Bairro Bom Destino, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, matou uma pessoa e deixou quatro feridas. O caminhão placa KJK 8152, dirigido por Alexandro Rodrigues Silva, de 23 anos – que transportava 30 toneladas de arroz e uma mudança por cima da carga, além de quatro pessoas de uma mesma família na cabine, saiu da estrada, bateu violentamente contra uma árvore e tombou, ficando totalmente destruído.

No ano passado, 91 pessoas morreram e 1.328 ficaram feridas somente nos 108 quilômetros que ligam Belo Horizonte a João Monlevade, no trecho conhecido como Rodovia da Morte. A pista é única, com uma curva atrás da outra e topografia acidentada, com subidas e descidas íngremes. Para complicar a situação, muitos motoristas, principalmente de caminhão e ônibus, abusam na velocidade.

O caminhão acidentado, que trafegava sentido Belo Horizonte/Vale do Aço, estava indo para Trindade (PE), onde moram as vítimas. O agricultor José Belarmino Silva, a técnica em enfermagem Maria Aparecida Rodrigues Silva, de 29, e a filha dela, Nicolle Rodrigues da Silva, de 4, foram socorridos em unidades de resgates do Corpo de Bombeiros. O motorista, em estado mais grave, foi transportado num helicóptero. O pedreiro Damião Alves Tenório, de 42, morreu na hora.

As vítimas ficaram presas nas ferragens do caminhão e os bombeiros gastaram quase três horas para retirá-las. A carga de arroz ficou misturada com o que sobrou dos móveis da mudança. Armários, geladeira, mesas e cadeiras, tudo foi destruído. Pedaços da carroceria foram parar longe. O veículo ficou com as rodas para cima, ocupando parte da pista.

HERANÇA O acidente foi numa curva perigosa, palco de vários outros acidentes graves. Uma montanha de cacos de filtro de barro é herança de uma das tragédias, há dois anos. “Já tombaram caminhões com refrigerante, cerâmica, caixa de bombom, galinha, telha e cerveja”, conta a estudante Ádala Barbosa, de 15.

O acidente foi às 7h40. Até o meio-dia, a pista continuava interditada, provocando engarrafamento de mais de 23 quilômetros nos dois sentidos da rodovia. A fila de carros chegou ao Bairro São Gabriel, na Região Nordeste da capital. Buzinar insistentemente não adiantou. Restou apenas muita paciência aos motoristas presos no engarrafamento.

O comerciante Wanderson Ferreira Andrade, de 29, viajava com mais quatro pessoas para Ipatinga, Vale do Aço, e não suportou o sol escaldante, preocupado com a criança de 4 anos. “Paramos às 8h30 e já são 11h30. Já é terceira vez que fico preso em engarrafamento na BR-381. Há três semanas, uma carreta que transportava pedras tombou e fiquei parado quatro horas”, disse o comerciante. A amiga dele, que deve pegar serviço às 15h de hoje, em Belo Horizonte, antecipou seu retorno para as 5h, com medo de ficar presa na estrada.

O técnico em informática Walisson Stopa, de 28, ia com a mulher para São Pedro dos Ferros, Zona da Mata. “Estamos parados há duas horas e 15 minutos. Só nos resta ter paciência, até que a rodovia seja duplicada”, disse. O motorista de ambulância Aloísio Correia Neto, de 42, transportava cinco doentes de Santo Antônio do Grama, Zona da Mata, para Belo Horizonte. “Tentei passar pela contramão, mas não deu. Essas pessoas marcaram consulta pelo SUS há mais de três meses e podem perder os exames”, reclamou Aloísio.

Fonte: http://www.uai.com.br/em.html

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