sábado, 12 de março de 2011

2011.03.11 - Sangue na pista - Estado de Minas

Número de acidentes foi 47,9% maior no carnaval deste ano

A morte voltou a vencer, no carnaval, o bom senso e a responsabilidade nas estradas brasileiras. Mais uma vez, será fácil culpar as vítimas, principalmente as que não podem mais se defender. Há, sim, os imprudentes, mas faltam os que deveriam estar em ação para detê-los e, antes dos vigilantes, continuam falhando os responsáveis pela péssima qualidade das vias oferecidas ao público, que paga impostos e conta com elas. A estatística macabra colhida no carnaval deste ano nos 66 mil quilômetros de rodovias federais comprova que as autoridades brasileiras estão longe de estancar a carnificina. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelou ontem que, da manhã de sexta à noite de quarta-feira de cinzas, 213 vidas ficaram entre ferragens de nada menos do que 4.165 acidentes. O número de mortes foi 47,9% maior do que o do carnaval de 2010 e o de acidentes, 28,8%.

Ajuda a compreensão do peso da má condição das estradas nesse monumental desastre a constatação de que o número de acidentes, nos dois primeiros dias, foi 76,76% maior ao o dos dois últimos. Como se sabe, o movimento de ida para as festas é muito mais concentrado do que o de volta (mais disperso), o que exige muito mais da condição das estradas e dos motoristas. E Minas permanece na frente desse vergonhoso campeonato de tragédias, com 880 acidentes, que resultam na indesejável relação de mais de um em cada cinco dos casos de todo o país. Mas é simplista e não pode mais ser aceita a tentativa de justificar essa incômoda liderança com o fato de que o estado hospeda a maior quilometragem rodoviária brasileira.

Trata-se de uma maneira de esconder a pior parte da realidade: o abandono e o descaso com as estradas federais que cortam o estado não são menores do que o tamanho da malha. A maior parte das rodovias tem pelo menos 30 anos que foram abertas e é perigosamente grande o descompasso em relação ao tamanho atual da frota e, principalmente, à capacidade que os veículos têm hoje de desenvolver velocidade. Não fosse a dor das tragédias que causam, já teriam virado piada as promessas de eliminação das armadilhas conhecidas como Rodovia da Morte e certos trechos das BRs 116 (Rio-Bahia) e 040 (BH-Rio e BH-Brasília), para citar apenas os mais famosos pelo número de perigos por quilômetro de asfalto.

Sem o efetivo e o equipamento necessários para cumprir sua missão, a PRF fez o possível no carnaval: submeteu mais de 37 mil motoristas ao teste do bafômetro, prendendo 479 deles por embriaguez. Além disso, apreendeu 6 mil pedras de crack, uma tonelada de cocaína e 338 quilos de maconha. Se isso comprova a irresponsabilidade de tantos motoristas, também indica para que serve a fiscalização e quanta dor ela poderia evitar se pudesse ser mais presente.

Fonte: Estado de Minas

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