domingo, 13 de março de 2011

O TSUNAMI BRASILEIRO SÃO AS RODOVIAS FEDERAIS.

A imprensa nacional dedicou editoriais, capas de jornais e revistas, páginas e mais páginas de suas edições desta semana a catástrofe natural ocorrida no Japão. Mas com raras e honrosas exceções, esqueceu de citar um TSUNAMI que passou por aqui durante o carnaval. O Brasil enfrenta uma tragédia de dimensões semelhantes à catástrofe japonesa. Podemos dizer que a daqui é muito mais grave, já que o Japão está longe e não precisamos nos preocupar com este tipo de fenômeno da natureza – terremotos.

 

O TSUNAMI que passa por aqui de forma recorrente acontece nos feriados e deixa milhares de mortes todos os anos nas estradas do país, sobretudo as federais. Só em Minas foram 1.344 mortes no local do acidente em 2010. Pasmem, mas foram 27.336 acidentes com 16.695 feridos. Estima-se que 40% dos feridos graves morrem a caminho do hospital ou alguns dias depois e não aparecem em nenhuma estatística. Durante o carnaval de 2011 foram 223 mortes nas estradas federais que atravessam o país.

 

O número de óbitos, só em Minas Gerais, que é o estado com a maior malha rodoviária do país pode ultrapassar 4 mil pessoas por ano. A culpa dessa carnificina é debitada na conta da imprudência pelas autoridades, mas a realidade mostra que 83% das mortes poderiam ser evitadas se a estradas fossem pelo menos duplicadas.  Contra os imprudentes a única solução é estrada segura, pois eles sempre vão existir. Basta comparar os números de São Paulo, que tem uma frota de 22 milhões de veículos e estradas seguras, com a dos outros estados que são campeões de acidentes – MG com 7 milhões, Rio, Paraná e Santa Catarina com pouco mais de 4 milhões cada um - prova inequívoca de que rodovias seguras evitam mortes.

 

O  que mata em acidentes de rodovias são as colisões frontais. Regra geral, elas envolvem um motorista que não estava cumprindo as suas obrigações ao volante com outro que estava. O que é cumpridor do seu dever acaba pagando com a vida pela imprudência ou negligência do outro.  E quem precisa proteger os cidadãos de bem dos negligentes é o estado, construindo rodovias seguras e com barreiras físicas de concreto entre uma pista e outra ou mesmo com distanciamento, que inclusive são mais ecológicas e fazem menos mal aos olhos. Basta ver as rodovias de São Paulo

 

O Ministério dos Transportes empurra o problema com a barriga há anos e tenta minimizar com ações paliativas, mas a cada feriado os números aumentam na mesma proporção da frota e da potencia dos carros. A exceção de São Paulo que tem rodovias de primeiro mundo, todos os outros estados da federação sofrem com o abandono e com o modelo de rodovias ultrapassados que permitem dois veículos cruzarem em sentidos opostos em alta velocidade, “protegidos” apenas por uma faixa de 47 centímetros de largura, o que é inconcebível em rodovias federais com auto fluxo de caminhões e carros pequenos misturados. Vale lembrar que as chances de sobrevivência em uma colisão frontal são quase nulas.

 

José Aparecido Ribeiro

Especialista em Transito e Assuntos Urbanos

ONG SOS Rodovias Federais

CRA – MG 0094/94

Belo Horizonte – MG

31-9953-7945

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...