quinta-feira, 29 de março de 2012

Trilhos e asfalto são só promessa

O PAÍS DO ATRASO

Duplicação da BR-381 e expansão do metrô de Belo Horizonte estão entre as principais obras esperadas pelo povo mineiro nas últimas décadas que ainda não saíram do papel

Marcelo da Fonseca

Publicação: 27/03/2012 04:00

Termina nesta semana o prazo para a divulgação dos projetos selecionados pelo Ministério das Cidades para as obras de mobilidade urbana das maiores regiões metropolitanas do país. Prevista inicialmente para o fim do mês passado, a definição marcará o início do processo licitatório para a ampliação do metrô da capital mineira, obra aguardada com ansiedade pelos belo-horizontinos e prometida para começar ainda neste ano. Também esperada por muitos anos, a obra de duplicação da BR-381 é outra que sofreu com várias adiamentos nos últimos anos, mas ainda não vê qualquer sinal de que será priorizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Seja por falta de recursos, pouco prestígio de políticos do estado em Brasília ou por esbarrar na burocracia governamental, projetos como a duplicação da 381 e expansão do metrô passaram as últimas duas décadas em discursos e compromissos de campanha, mas continuam sendo peças de ficção para os mineiros.
A decepção e a indignação da população aumentam quando vem à tona que já existem soluções que amenizariam a situação e se misturam com o desânimo, quando as novas promessas são acompanhadas de repetidos atrasos.

DESDE OS ANOS 1960

Considerada a opção mais adequada para a mobilidade em grandes centros urbanos, o metrô foi prometido pela primeira vez em BH ainda no final da década de 1960, com o compromisso do então prefeito Souza Lima de construir um transporte que atravessaria a cidade em poucos minutos. Apesar de reservar boa parte do orçamento da prefeitura em 1968 e negociar verbas com bancos internacionais, a ideia não foi colocada em prática durante sua gestão. Somente em 1981, no governo de Maurício Campos, começaram as obras para o trem urbano da capital. Mas junto com elas vieram uma série de promessas não cumpridas. O então ministro Eliseu Resende, representando o presidente João Figueiredo, anunciou que, até 1983, o trem estaria funcionando, mas o início das operações foi autorizado em 1986 e a linha 1 (Eldorado-Vilarinho) só foi concluída em 2002.

As obras para a construção de uma das novas linhas, entre o a estação do Calafate e a região do Barreiro, chegou a ser iniciada em 2003. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) liberou cerca de R$ 80 milhões para estudos de viabilidade no local e autorizou serviços de terraplanagem no terreno que receberia os novos trilhos, mas logo no ano seguinte os repasses foram cancelados e a obra paralisada. A inclusão do metrô da capital no Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC-2) reacendeu as expectativas da população de que as duas novas linhas do metrô – que, segundo especialista, já são consideradas insuficientes para a demanda atual – possa finalmente sair do papel.

Palavra de especialista

Nilson Nunes, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 

População e economia sofrem

“Nossa cidade precisa de um conjunto de ações para melhorar as condições de mobilidade e a ampliação do metrô estaria dentro delas. Mas o que está sendo programado, com duas novas linhas, ainda será insuficiente para atender a demanda atual. Uma cidade como Belo Horizonte precisaria de 100, ou até 150 quilômetros de metrô. Hoje, o custo social desse atraso é muito alto e afeta diretamente a população e a economia da cidade. São serviços de empresas que não podem ser feitos por falta de opções para o transporte e um ar cada vez mais poluído com o excesso de veículos nas ruas. Sem dúvida, temos hoje uma matriz equivocada, que aposta as fichas na opção dos ônibus. Para vermos melhorias reais, é preciso um planejamento integrado, com equilíbrio entre as alternativas para a locomoção das pessoas.”

Campeões do desprestígio

Metrô

Valor estimado: R$ 3,1 bilhões
Estágio atual: Em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff anunciou em Belo Horizonte a nova proposta para a ampliação do metrô. Os recursos serão divididos entre os governos federal, estadual e municipal, com apoio da iniciativa privada. O início das obras está previsto para este ano e a conclusão para entre 2016 e 2017.Até o final desta semana, o Ministério das Cidades deve divulgar os projetos escolhidos para a licitação da obra e os editais serão elaborados pela prefeitura, em parceria com o governo estadual.

BR-381

Valor estimado: R$ 4 bilhões (duplicação entre BH e Governador Valadares)
Estágio atual: O novo desenho da BR-381 sonhado pelos
motoristas que passam pelo trecho prevê a duplicação da pista e a eliminação de curvas sinuosas, com redução de 13,2 quilômetros do traçado atual. O cronograma prometido pelo Dnit previa a licitação
de dois lotes da obra até dezembro de 2011, porém o processo
não foi iniciado e o órgão não sabe informar a previsão para a abertura das licitações. 

Fonte: Estado de Minas

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