Com caixões e cruzes, participantes do ato público interditaram o trânsito para denunciar o que classificam como omissão dos órgãos públicosDepois de dois meses, ainda de muletas, Marcos de Castro, de 23 anos, voltou à perigosa BR-381, a mesma estrada que roubou a vida de seis de seus amigos e quase tirou a dele. Inseguro com a estrada, a qual durante todo esse tempo não quis mais atravessar, Marcos confessou sentir medo do traçado que a Rodovia da Morte oferece aos motoristas. Mas ontem ele venceu o temor e se juntou a outros moradores de Caeté, na Grande BH, todos calejados pelas marcas deixadas nesse caminho, para exigir medidas imediatas para a segurança da estrada. Os manifestantes, que fecharam as pistas nos dois sentidos, na altura do trevo de Caeté, carregavam um caixão, simbolizando as centenas de vítimas do trajeto que mais mata no Brasil. Nas cruzes, os nomes dos órgãos responsáveis pela manutenção do percurso, que, segundo os participantes do manifesto, cruzaram os braços. “Até quando?”, questionou Marcos.
O protesto, que durou 30 minutos e resultou em um congestionamento de aproximadamente três quilômetros em cada sentido, ocorreu pela terceira vez este ano, sempre coincidindo com a data do enterro dos ocupantes da van que saíram de Belo Horizonte na noite de 11 de março e morreram no km 435, em Sabará, quando um caminhão bateu de frente com o veículo. Cinco deles eram universitários, o outro era o motorista. O movimento também aconteceu paralelamente na BR-381, nos trevos de Ipatinga e Governador Valadares, no Vale do Aço; e em São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central.
O cenário permanentemente armado para tragédias anunciadas continua o mesmo para Oswaldo de Pádua, pai de Oswaldo, de 20 anos, que cursava ciência da computação e morreu no acidente. “Estou aqui para exigir mudanças. Não quero que outros pais acordem de madrugada, vejam a cama dos filhos vazias e tenham de reconhecê-los no Instituto Médico Legal”, disse, contando que, se depender dele, a sua filha mais nova, que também quer estudar na capital, não enfrentará os perigos da via. “Não quero passar por tudo de novo. Alugaremos um apartamento em BH, para que ela não precise enfrentar esse tormento.”
Com a pista interditada, os manifestantes rezaram pelos mortos da rodovia. “Se precisarmos paralisar essa estrada 300 vezes para que haja alguma solução, assim faremos. Não basta a duplicação, queremos que seja feita uma reconstrução das pistas, pelo menos até a cidade de João Monlevade – parte que está cheia de buracos. Só no ano passado, foram 8.254 acidentes, sendo que 1.275 pessoas tiveram ferimentos graves e 600 morreram na BR-381”, ressaltou o presidente da organização não governamental S.O.S. Estradas Federais de Minas Gerais, José Aparecido Ribeiro, que apontou medidas urgentes, como corrigir a sinuosidade da via, implantar muretas centrais e instalar fiscalização eletrônica em pontos de maior índice de acidentes. “Mas privatizar antes de duplicar, como os órgãos responsáveis estão querendo, não vamos permitir”, alertou, dizendo que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) engavetou o projeto, depois de ter investido R$ 10 milhões em um estudo para duplicar a estrada.
Em nota, a superintendência do Dnit em Minas Gerais informou que o processo licitatório que contratará os projetos executivos para a duplicação do trecho está em andamento. O departamento prevê que os projetos estejam prontos no primeiro semestre de 2010, quando se iniciará o processo para contratação das obras, que deverão ter início no mesmo ano.
Feriadão Os 30 minutos de protesto no trevo de Caeté causaram um congestionamento de três quilômetros, nos dois sentidos da via. De acordo com José Aparecido, a próxima manifestação, 13 de junho, será em um sábado, véspera de feriado. “É possível mudarmos a paralisação para a sexta-feira, quando o movimento da estrada será ainda maior”, ameaça.
Os congestionamentos se repetiram em Ipatinga, no Vale do Aço, onde moradores, lideranças políticas e comunitárias de 27 municípios da região participaram de manifestação em defesa da duplicação da rodovia. O trânsito também foi interrompido por cerca de 30 minutos na saída da cidade. Já em Governador Valadares, onde também ocorreu manifestação, o trânsito de veículos foi interrompido na altura do Bairro Santa Rita. O trecho foi liberado 10 minutos após o inicio do ato público. (Com Daniel Antunes)
Fonte: http://www.uai.com.br/EM/html/sessao_18/2009/05/14/interna_noticia,id_sessao=18&id_noticia=100292/interna_noticia.shtml
é isso mesmo se for preciso parar 300 vezes a rodovia assim o faremos.... duplicação já....será que estão esperando a morte de algum ilustre na rodovia para tomarem uma atitude?
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