sábado, 16 de maio de 2009

2009.05.16 - Prêmio para salvar vidas na BR-381 - Jornal Hoje em Dia

Celso Martins
Repórter

Uma empresa de ônibus que transporta 1.600 passageiros por dia encontrou uma forma criativa para evitar acidentes na BR-381, conhecida como “Rodovia da Morte”. Um prêmio, no valor de R$ 125,08 por mês, é dado ao motorista que não ultrapassar 60 quilômetros por hora nos trechos mais perigosos da estrada. Com o atrativo, a direção da empresa reduziu em 90% o índice de acidentes. No ano passado, 138 pessoas morreram na BR-381, entre Belo Horizonte e Ipatinga. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não tem o balanço de ocorrências de 2009.
A velocidade máxima permitida na rodovia é de 80 quilômetros por hora. Para receber o prêmio, o motorista da Viação Presidente não pode passar dos 60 quilômetros nas descidas e nas pontes localizadas em curvas. Diariamente, são 54 ônibus da empresa que fazem o trajeto entre Belo Horizonte, Ipatinga, Caratinga e Tarumirim, no Leste do Estado.
O gerente de Operações da empresa, José de Alencar Leal, afirma que 90% dos motoristas conseguem receber o prêmio integral. “A velocidade dos ônibus é controlada por um tacógrafo. Toda semana, um supervisor checa o comportamento de todos os motoristas. Quando fica constatado o excesso de velocidade, ele é chamado para conversar”, explica.
A localização das 200 curvas e 13 pontes estreitas, entre Belo Horizonte e Ipatinga, em 209 quilômetros, foi colocada em um mapa elaborado pela Presidente. José Leal afirma que estas informações permitem um controle de toda a operação dos motoristas. “O prêmio é dado há mais de 20 anos, mas foi aperfeiçoado nos últimos três anos, com o aumento de mortes na BR-381”, afirma.
“Se num dia da semana o motorista ultrapassar os 60 quilômetros por hora, ele perde um quarto do prêmio”, diz Odilon José da Cruz Campos, 39 anos, que há 12 trabalha na linha de Ipatinga/Belo Horizonte. “Quase todo dia eu passo por um acidente grave na BR-381, provocado por imprudência dos motoristas”, declara o motorista que ganhou todos os prêmios neste ano. O salário da categoria em Minas é de R$ 1.200, mas os motoristas da Presidente preferem não dizer quanto recebem.
O perito da Polícia Civil Paulo Ademar de Souza Filho, especialista em direção defensiva, avalia que o prêmio deveria ser adotado por outras empresas de ônibus e de caminhão. “É uma forma de dar segurança para os passageiros e funcionários das empresas, que trabalham com mais incentivo”, diz. O especialista explica que o ônibus numa velocidade de 60 quilômetros por hora tem como ser desviado de buraco ou de um outro veículo trafegando na contramão.
Paulo Ademar lembra que todo motorista deve ter um curso de direção defensiva, mas ressalta que a maioria acaba esquecendo o que aprendeu quando precisa tirar o atraso provocado por acidentes e congestionamentos.
O contador Adriano Bueno Santos, 32 anos, que uma vez por semana faz o trajeto entre Belo Horizonte e João Monlevade, não se importa em pagar R$ 10 a mais para viajar nos ônibus da Presidente. O acréscimo é porque a empresa não tem a concessão para transportar passageiros neste trecho.
“Eu perdi dois primos numa batida, em 2005, na BR-381, perto de Bom Jesus do Amparo. Eles estavam dirigindo a 150 quilômetros por hora, em um local onde a velocidade permitida era de 80 quilômetros”, recorda Adriano Bueno. Mesmo gastando 15 minutos a mais no percurso da capital até João Monlevade, o contador garante que a viagem é mais agradável, sem trancos nas curvas.
Segundo a PRF, em 2008 foram registrados 2.706 acidentes e 2.055 feridos no trecho entre Ipatinga e Belo Horizonte. Em 2007 foram 121 mortes e 1.985 feridos em 2.522 acidentes.
Na última quinta-feira, duas pessoas morreram em uma batida entre dois caminhões, no KM 30 da BR-381, em Sabará. Um dos acidentes mais graves deste ano na rodovia aconteceu na noite de 12 de março. Cinco estudantes morreram na batida entre uma van e um caminhão. Eles voltavam de Belo Horizonte, onde faziam faculdade, para Caeté.
Depois da tragédia, moradores e comerciantes da cidade decidiram fechar a rodovia todo dia 13, como forma de protesto pedindo a duplicação da BR-381. Na última quarta-feira, o movimento cresceu, com a adesão de moradores de Bela Vista de Minas, Ipatinga, Governador Valadares e São Gonçalo do Rio Abaixo.

Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/

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