sábado, 23 de maio de 2009

2009.05.23 - Animais em rodovias aumentam risco de acidente - Portal Uai

Renato Weil/EM/D.A Press - 19/02/2004
Vacas pastam às margens da rodovia BR-381 (Fernão Dias): perigo dobrado

O acidente que matou uma e feriu seis pessoas, quinta-feira, no km 503 da BR-040, em Esmeraldas, na Grande BH, serve de alerta para a presença de animais na pista, uma preocupação a mais para motoristas que já se arriscam com a imprudência de outros condutores e com as más condições da pista. O acidente foi provocado por uma vaca, mas várias ocorrências semelhantes são registradas nas estradas mineiras. Nessa quinta-feira, outra vaca causou acidente na MG-353, em Juiz de Fora, Zona da Mata. Um Escort atropelou o animal e foi atingido na traseira por um Palio. Três ocupantes do Escort ficaram feridos, um deles em estado grave.

Somente no ano passado, animais provocaram 721 acidentes em rodovias estaduais e federais em Minas, que mataram 11 pessoas e feriram 259. Os números podem ser mais elevados, já a estatística da Polícia Militar Rodoviária (PMRV) abrange apenas as estradas da Grande BH, incluindo apenas o número de acidentes com vítima, e não a quantidade de vítimas por veículo. “Quando se trata de animal de pequeno porte, o veículo passa por cima e vai embora. A polícia somente é chamada quando há vítimas ou danos materiais”, disse o assessor de comunicação do Batalhão da PMRV, sargento Renato Augusto Campos.

A situação mais preocupante é da MG-424, entre BH e Pedro Leopoldo, onde é grande a presença de vacas, cavalos e outros animais na pista. O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) não tem caminhões para recolher os bichos, laçadores treinados e curral para colocá-los. Até 15 de maio, a PMRV registrou 42 acidentes com animais na pista, sem mortos, nas 26 rodovias estaduais da Grande BH. No ano passado, foram 136 acidentes, sendo 39 com feridos e cinco com mortos.

Somente nos 27 quilômetros do Anel Rodoviário da capital, foram três casos graves este ano. No Anel, é comum a presença de cavalos, porcos, cães e cabritos na pista. Se os motoristas tentam mudar de faixa, podem provocar graves acidentes.

Bois e cavalos

No dia 14, um cachorro quase provocou uma tragédia no Anel, no Bairro Dom Silvério, Região Nordeste de BH. O motorista Sebastião Variz Carniato, de 56, transportava cinco trabalhadores de uma construtora e freiou a Kombi bruscamente para não atropelar o cão, sendo atingido na traseira por um ônibus com 19 passageiros. A Kombi ficou destruída e os seis ocupantes tiveram ferimentos graves.

Em maio de 2008, Fabrício Costa Reis, de 31 anos, morreu ao atropelar três cavalos na MG-424, em Pedro Leopoldo, na Grande BH. Ele perdeu o controle da picape placa GSJ 7492 e capotou. Os cavalos também morreram. Um mês antes, houve quatro acidentes com animais na região metropolitana, três na MG-010 e um na MG-424.

O comerciante Tunai Faria, de 26, também já foi vítima de um grave acidente no km 85 da MG-050, em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas. Seu Gol teve a frente e o teto amassados ao atropelar um cavalo. O animal foi arremessado para cima do carro e, mesmo ferido, invadiu a pista contrária e morreu atropelado por um ônibus. O prejuízo do comerciante ficou em R$ 5,8 mil. Três dias antes, no mesmo local, o passageiro de um Honda Civic, de 23 anos, morreu no atropelamento de um cavalo.

O assistente de qualidade de frota Patrício Teixeira Vargas, de 37, conseguiu identificar o dono do boi atropelado por seu carro, em 2002, mas a pessoa não quis arcar com os danos materiais. O acidente foi na MG-431, entre Pará de Minas e Itaúna. “Geralmente, os donos dos animais não são localizados porque sabem que serão responsabilizados criminalmente”, disse o inspetor Aristides Júnior, da Polícia Rodoviária Federal.

Condenação

Em abril de 2008, a 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça condenou o dono de uma vaca a pagar indenização de R$ 22,2 mil a um pecuarista, por ter deixado o animal fugir para a estrada e provocar um grave acidente em Aimorés, no Vale do Rio Doce. A caminhonete Silverado da vítima ficou danificada e a decisão da Justiça foi por danos materiais. No acidente, o pecuarista, depois de atropelar o animal, bateu de frente numa ambulância que trafegava no sentido contrário. O acidente foi na madrugada de 8 de fevereiro de 2007.

Por lei, os municípios deveriam firmar convênio com o DER-MG e construir currais para abrigar animais soltos nas estradas. Depois de 90 dias, se o dono não for identificado, vacas e cavalos e outros bichos devem ser leiloados para, com o dinheiro, arcar os custos. No entanto, de acordo com o assessor técnico da Subsecretaria de Transportes de Minas Lindberg Ribeiro Garcia, um outro método tem surtido efeito. “Quando encontramos animais soltos nas estradas, nós os devolvemos de imediato ao dono, alertando-o das penalidades a que estará sujeito”, disse Lindberg.

ATROPELAMENTOS

Rodovias federais

2007 – 661 acidentes com animais: 220 pessoas feridas e 9 mortas
2008 – 629 acidentes com animais: 176 pessoas feridas e 6 mortas

Rodovias estaduais (Grande BH)

2008 – 92 sem vítimas, 39 com vítimas e cinco com mortos
2009 – 27 sem vítimas, 14 com vítimas (até 13 de maio)

Anel Rodoviário

2008 – 4 acidentes sem vítimas
2009 – 3 acidentes com feridos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...