Mobilização de políticos do Vale do Aço fechou o tráfego por 30 minutos em Ipatinga
IPATINGA – Por meia hora, o trânsito da BR-381 foi paralisado ontem à tarde, na saída de Ipatinga para Governador Valadares, em protesto pela duplicação da rodovia e contra a cobrança de pedágio antes da realização das obras. Às 15h em ponto, dezenas de manifestantes, carregando faixas e cartazes, fecharam o tráfego da rodovia entre os bairros Veneza e Caravelas.
Quem estava em carros menores, inicialmente, procurou alternativas pelas ruas dos bairros que margeiam a BR-381, mas a fila de carretas cresceu e atingiu rapidamente dois quilômetros em cada lado da rodovia. Dentro do prazo prometido, de meia hora, o trânsito voltou a circular, mas a lentidão durou mais meia hora. Com base no histórico de conflitos em manifestações anteriores, a Polícia Militar Rodoviária garantiu a segurança dos manifestantes.
Caixão
Durante o protesto, um caixão era transportado de um lado para o outro, alertando que “qualquer um pode ser a próxima vítima da BR-381”. Uma das organizadoras do “desfile fúnebre”, a ipatinguense Regiane Nogueira, disse que a ideia era “mostrar indignação diante das mortes ocorridas na estrada”.
A Defensoria Pública Estadual também apoiou o movimento na BR-381. O defensor público Rafael Boechat destacou que toda manifestação em prol do bem-estar da sociedade deve ser apoiada. “Uma manifestação legítima e que deve ser levada a sério pelas autoridades”, defendeu.
Impasse
A paralisação do tráfego da BR-381 ontem deu sequência a uma série de protestos que vem ocorrendo no Trecho Norte em protesto pelo atraso na duplicação da estrada. Pelo cronograma divulgado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2005, as obras de duplicação, com modernização do traçado, já deveriam ter sido iniciadas.
Em vez da duplicação, o projeto caiu no meio de um imbróglio entre o Dnit e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que propõe uma alternativa mais barata para o governo, com a duplicação sendo financiada pela cobrança de pedágio antes da realização das obras. Com isso, o projeto do Dnit não saiu da gaveta.
O movimento de protesto iniciado em março, em Caeté, e que chegou ontem à terceira paralisação, quer pressionar pelas medidas corretivas emergenciais na rodovia, como redutores de velocidade, sinalização, fiscalização e pelo fim do impasse para a duplicação.
Prefeitos querem pressionar o governo pelo projeto do Dnit

O prefeito de Santana do Paraíso, Joaquim Correia de Melo – Kim (PT), foi um dos poucos, no Vale do Aço, que participou da paralisação da BR-381 ontem à tarde, perto da divisa de Ipatinga com o seu município.
Kim reforçou a luta contra a cobrança de pedágio antes da duplicação da rodovia e defendeu agilidade no andamento do projeto, por entender que a expansão das indústrias do Vale do Aço torna a rodovia mais movimentada e sem condições de atender à demanda. “Tenho conversado com os agentes políticos em Brasília e explicado que a situação da nossa principal rodovia está insustentável e vai ficar pior”, afirmou.
O prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões (PT), que também participou do protesto, destaca que a atual reivindicação tem como principal diferencial o fato de ser mais ampla, com adesão de cidades que estão além do Vale do Aço.
Simões lembrou que, embora a luta pela duplicação da rodovia seja antiga, somente no atual governo é que os projetos começaram a andar nos órgãos da União. Também contrário à cobrança antecipada de pedágio, o prefeito de Fabriciano apoia o projeto do Dnit, que prevê a modernização da estrada com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Vamos formar uma comissão e ir a Brasília reforçar essa defesa”, prometeu Simões.
Deputadas unem forças

Em meio a dezenas de pessoas, vindas de várias cidades, duas mulheres se destacavam ontem no protesto que paralisou, por meia hora, o trânsito na BR-381 na saída de Ipatinga para Governador Valadares: as deputadas estaduais Cecília Ferramenta (PT), presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, e Rosângela Reis (PV), presidente da Frente Parlamentar Pró-Duplicação da BR-381. Elas foram as principais organizadoras do movimento de protesto.
Cecília Ferramenta (PT) lamentou, durante a paralisação de ontem, que a BR-381 tenha acumulado tantas tragédias e chegado a um alto nível de saturação sem as obras necessárias para que a rodovia fique em condições seguras de tráfego.
A deputada petista explicou que a proposta é ampliar a conscientização dos usuários da rodovia, para que entendam as paralisações de protesto como importantes: mostrar ao governo federal a insatisfação com o atraso na duplicação. “Queremos que o governo federal retire a proposta absurda de cobrar pedágio antes das obras. Vamos fazer uma marcha até Brasília para exigir resposta sobre isso”, afirmou.
Novos protestos
Por sua vez, Rosângela Reis anunciou que mensalmente, todo dia 13, haverá uma paralisação na BR-381 até que o governo federal inicie a obra de duplicação do chamado Trecho Norte, que liga o Leste mineiro à capital. A deputada do PV afirmou que, apesar de toda a mobilização, o movimento ainda encontra dificuldades na agenda da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para tratar do assunto.
Rosângela Reis também defende uma marcha a Brasília em defesa da duplicação sem a cobrança de pedágio. “Está clara a falta de vontade política para as obras emergenciais da 381”, observou a parlamentar.
Alex Ferreira
Fonte: http://www.diariodoaco.com.br/noticia.php?cdnoticia=21589#topo
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