Thobias Almeida - Estado de Minas
Publicação: 15/08/2010 20:04
Na pista, a cena apresentava um grave acidente envolvendo um caminhão-tanque e um caminhão-caçamba, além de uma moto. Duas vítimas receberam os primeiros atendimentos ainda no asfalto, uma mulher grávida, passageira da moto, que teve o membro superior direito decepado e o motorista do caminhão de combustível, que ficou preso às ferragens. Devido à gravidade do acidente, equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Guarda Municipal de Betim e da SOS Cotec, empresa especializada em lidar com desastres envolvendo materiais perigosos, trabalharam no local do acidente, além de fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia).
Felizmente, o cenário descrito acima foi uma simulação realizada na manhã deste domingo no quilômetro 499 da BR 381, no posto da PRF de Betim. O treinamento foi organizado pela empresa AQCES Logística Nacional Ltda, responsável pelo transporte de combustível especial para aeronaves, o Jet A1, da refinaria da cidade para aeroportos de Brasília, São Paulo e os terminais de Confins e da Pampulha. Diariamente, 12 caminhões da empresa, com capacidade para carregar 66 mil litros do produto, circulam pelas rodovias. Na simulação, o combustível foi substituído por quatro mil litros de água.
"O treinamento é muito importante, esse tipo de produto pode pegar fogo com uma simples fagulha e em caso de acidente pode haver contaminação ambiental. O importante é termos essa simulação que envolve todas as autoridades competentes. Em caso de um acidente real, caso não haja esse treinamento, as equipes podem ficar perdidas", considera o gerente de operação da AQCES, Jair Correia da Silva. Vinte e oito pessoas da empresa e da SOS Cotec participaram da ação. Ele acrescenta que a transportadora não tem registros de acidentes envolvendo seus veículos. A cada seis meses a empresa realiza a simulação.
Na simulação, as equipes destacadas para o trabalho primeiro fazem a sinalização na estrada, que cabe aos agentes da PRF, responsáveis também por acionar as outras unidades demandadas em um acidente com tal perfil. Feito isso, a área é isolada pelo Corpo de Bombeiros, principalmente para se evitar que outras pessoas se contaminem. Ao mesmo tempo, as equipes de atendimento de emergência, como o SAMU e novamente os bombeiros, iniciam os procedimentos direcionados para as vítimas. Por sua vez, a empresa responsável por lidar com cargas perigosas parte para a avaliação dos riscos e trabalha na contenção do produto, com pó de serra e mantas absorventes, para que o material não alcance cursos de água, por exemplo. Periodicamente um funcionário realiza medições com um explosímetro, aparelho que faz a leitura do volume de gases inflamáveis no local. Por fim, há que ser feito o transbordo da carga, operação também supervisionada pelo bombeiros, que mantém um caminhão de prontidão durante todo o trabalho.
O policial rodoviário Filgueiras avalia que a simulação, apesar de não conseguir reproduzir exatamente a realidade, é válida para que haja uma familiarização com acidentes dessa natureza. "Conseguimos perceber falhas que serão discutidas e corrigidas posteriormente", relata o policial. Ele diz que, de acordo com um levantamento de 2007, por dia acontecem em média 2,5 acidentes com cargas perigosas no Brasil. "Além disso, a simulação é importante porque mostra que as equipes devem trabalhar sem vaidade, em conjunto, cada um com sua competência", completa.
A Guarda Municipal de Betim também foi convidada a participar, mesmo que sua atuação se concentre mais em ocorrências nas vias urbanas. "Não é nosso trabalho estar na linha de frente em um caso como esse, mas podemos ajudar na retaguarda. É um ganho de conhecimento que poderá ser usado no futuro", declarou o guarda municipal Anderson Reis.
A simulação atende ao Decreto 96.044, que determina o treinamento de equipes de pronto atendimento emergencial. A Feam participou da iniciativa no sábado, quando foi ministrado um curso teórico aos que fizeram parte da iniciativa.
Fonte: Portal Uai
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