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BR-381: projeto executivo ameaçado
A elaboração dos projetos executivos para a duplicação da BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valada-res, pode ser suspensa por falta de pagamento por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), adiando o início das obras. Segundo matéria publicada no último domingo (15) pelo jornal Estado de Minas, denúncia de empresa contratada pelo órgão dá conta de que o Governo Federal teria empenhado somente metade da verba necessária para custear os projetos de engenharia. Contudo, o Dnit afirma que nenhum pagamento está atrasado e, inclusive, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu os R$2,5 bilhões para a execução da obra. Ainda consta na matéria que, de acordo com o denunciante, que pede sigilo por ser um dos contratados, o Dnit teria quitado um quarto do valor total do contrato, mas ao ser solicitado reforço de recursos, as empresas teriam sido informadas de que só foram empenhados 50% dos valores iniciais de cada contrato. Por causa do reajustamento, as empresas não têm como faturar metade do trabalho realizado. Ou seja, o Governo Federal nem sequer teria repassado valor suficiente para quitar os custos da metade inicial do projeto, uma vez que, com a correção monetária, estariam faltando cerca de 5% do total de cada lote. O projeto de engenharia é dividido em duas etapas: estudos e projeto. Na primeira, as empresas fazem análise topográfica, ambiental, sondagens e estudo de tráfego e, em seguida, parte-se para projetos de pavimentação, drenagem, pontes e viadutos, entre outros. Além da reclamação da empresa por falta de verba, dois dos dez lotes da obra continuam desertos depois de mais de seis meses do início dos projetos dos outros oito lotes. Até agora, nenhuma empresa se interessou em elaborar os estudos dos lotes 9 e 10, que tratam da implantação e pavimentação de rodovia em pista dupla (variante) no trecho entre o Rio Una, em São Gonçalo do Rio Abaixo, e Nova Era, totalizando 45,4 km de extensão. A elaboração de oito dos dez lotes vai custar R$23,6 milhões. A previsão do Dnit é que os projetos sejam concluídos entre outubro e novembro e que seja publicado edital para a duplicação da rodovia no primeiro semestre do ano que vem. A expectativa inicial é de que toda a obra estivesse concluída em quatro anos.
Entrevista
Em entrevista à Rádio Itatiaia ontem (16), o superintendente do Dnit em Minas, Sebastião Donizete, negou que haja atraso no atual estágio dos projetos. Segundo Donizete, não há atrasos, pois os contratos dos estudos de engenharia só saíram no fim do ano passado e as empresas estão dentro dos prazos contratuais. Só nessa etapa, o Governo Federal, segundo ele, investe cerca de R$40 milhões. Outros R$10 milhões já foram gastos nos estudos de viabilidade econômica e ambiental da obra. Sebastião Donizete admitiu que a rodovia deveria ter sido duplicada há pelo menos dez anos, tal a gravidade da situação hoje, considerada uma das mais críticas do Brasil. “Se tudo estiver certo, esperamos que no primeiro semestre de 2011, no máximo no começo do segundo semestre, seja iniciada a duplicação”, destacou. Atualmente, com um traçado com curvas acentuadas em meio às montanhas, o trecho Norte da 381 não tem condições de receber uma duplicação simples, de uma pista ao lado da outra. “Para se ter uma ideia, entre Belo Horizonte e João Monlevade, temos 100 quilômetros de extensão e cerca de 200 curvas, ou seja, duas curvas por quilômetro”, detalha o superintendente do Dnit. A BR-381 é conhecida como “Rodovia da Morte” por ser palco de diversos acidentes com morte. A Notícia tentou ouvir, na tarde de ontem, a presidente da Câmara de Mon-levade, Dorinha Machado (PMDB), sobre o assunto, mas ela não foi encontrada. A vereadora é uma das principais lideranças da região engajadas na luta pela duplicação da rodovia. No ano passado, Dorinha criou a Frente Parlamentar de Apoio à Duplicação da 381 e, desde então, vem realizando várias ações para cobrar ainda mais o início das obras do Governo Federal.
Fonte: Jornal A Notícia
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