domingo, 29 de agosto de 2010

2010.08.29 - Degradação dos principais acessos à BH assusta visitantes e comprova descaso – Estado de Minas

Ernesto Braga - Estado de Minas
Publicação: 29/08/2010 06:48 Atualização: 29/08/2010 11:58

Uma péssima impressão
Lixo, buracos, áreas invadidas, mato e sujeira em toda parte. Degradação dos principais acessos a BH assusta os visitantes e comprova o descaso das autoridades com o problema

Alexandre Guzanshe/Esp. EM/D.A Press20100828181131172 BR-381, sentido Vitória/BH. Entulho acumulado à beira da pista é apenas uma das irregularidades encontradas nas entradas da capital.

Acostumado a viajar de carro por vários cantos do Brasil, Welbert Cossenzo, de 38 anos, consultor de uma empresa multinacional, tem sempre uma má impressão quando retorna a Belo Horizonte: “As entradas da cidade são visualmente feias e as deficiências nas rodovias causam insegurança”, afirma. O impacto negativo sentido por ele é causado por uma série de irregularidades vista às margens dos principais acessos à cidade, ou seja, as duas pontas das BRs 381 e 040, além do Anel Rodoviário: mato tampando as placas de sinalização, asfalto trincado e com ondulações, bota-foras de restos de material de construção, depósitos de todo tipo de lixo, esgoto correndo a céu aberto, cemitérios de carros velhos e barracos sem reboco construídos em áreas invadidas. A tudo isso somam-se os constantes engarrafamentos, outro grave problema enfrentado por motoristas e passageiros.

O cenário é criticado por quem chega a Belo Horizonte e se depara com tanta degradação. Todos fazem a mesma pergunta: serão esses os cartões de visita encontrados pelos turistas que virão à cidade acompanhar a Copa do Mundo de 2014? “Espero que não. É necessária uma grande maquiagem, principalmente na chegada do Espírito Santo, pela BR-381, a parte mais feia, uma nítida visão de periferia abandonada”, ressalta Welbert. As margens da rodovia estão repletas de bota-foras e pilhas de entulhos. Um dos pontos mais críticos é o entroncamento com o Anel Rodoviário, entre os bairros Jardim Vitória e Goiânia, na Região Nordeste. Neste trecho, fios são puxados de forma clandestina dos postes até os barracos erguidos em pontos invadidos.

O lixo também está espalhado pelo Anel, material descartado pelos moradores de 3 mil unidades habitacionais que surgiram em invasões às margens da rodovia, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). No outro extremo da BR-381 (Fernão Dias), na chegada de São Paulo, trecho privatizado pelo governo federal, é nítida a diferença do tratamento dado às estradas pelo poder público e iniciativa privada, que lucra com a cobrança de pedágios. O asfalto está revitalizado e a sinalização sendo melhorada. Na semana passada, equipamentos reflexivos chamados olhos de gato foram instalados no km 500, próximo à barreira da Polícia Rodoviária Federal, em Betim, na região metropolitana, onde a empresa que administra a via montou uma central de atendimento ao motorista. Quem trafega pelo trecho, no entanto, encontra viadutos pichados. Outra deficiência é a desativação das lombadas eletrônicas, usadas para inibir os excessos de velocidade.

Confira a galeria com as imagens dos principais acessos à BH

SUCATAS

Os problemas se repetem na BR-040, na chegada de Brasília, onde a pichação toma conta dos viadutos e placas de sinalização. Há radares desativados próximo à Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa), em Contagem, na região metropolitana, trecho repleto de barracos construídos em áreas invadidas. Depósitos de carros sucateados instalados próximos às pistas tornam o cenário ainda mais degradante, sem contar o matagal que invadiu o canteiro central e o esgoto escorrendo pelo asfalto. “A sinalização é precária, pois foi tampada pelo mato, e há muito lixo na rodovia. O problema ocorre de Sete Lagoas (Região Central) até BH”, denuncia o comerciante Ronaldo Ferreira de Jesus, de 36. Ele mora em Montes Claros, no Norte de Minas, e vem à capital pelo menos uma vez por semana.

Formado por luxuosos condomínios fechados, o trecho da BR-040 usado por quem chega do Rio é o de menor degradação. O principal problema é a poeira provocada pela atividade mineradora. O local onde funcionava uma balança do Dnit, próximo à entrada para São Sebastião de Águas Claras (Macacos), no município de Nova Lima, na Grande BH, virou bota-fora. Além das sobras de material de construção, são despejados todos os tipos de restos: sofá, televisão, roupas, sapatos, latas de tinta e outros entulhos. “Esse material acaba indo parar na pista e fura os pneus”, denuncia o médico Jonathas Maciel Teles Rezende, de 28, que ficou esperando por socorro após ter o pneu da bicicleta furado. “A entrada da cidade melhorou muito com a retirada de outdoors na (avenida) Nossa Senhora do Carmo”, disse.

De acordo com o engenheiro civil Silvestre Andrade, consultor em transporte e trânsito, a falta de planejamento urbano é responsável pelo ambiente mais degradado da chegada de Vitória, pela BR-381, do que os demais acessos a Belo Horizonte. “A expansão urbana da cidade rumo a Nova Lima, no Vetor Sul, por exemplo, foi feita de forma organizada, racional. Já na BR-381, houve uma ocupação expontânea, com invasões em loteamentos não aprovados pela prefeitura. Como o poder público não tem capacidade para evitar que isso aconteça, cria-se uma sensação de impunidade, com as pessoas se vendo no direito de jogar lixo e esgoto onde bem entenderem.”

Fonte: Estado de Minas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...