Especialistas dizem que revitalização do atual Anel não pode ser abandonada
CAROLINA COUTINHO E TÂMARA TEIXEIRA
ALEX DE JESUS - 13.2.2010
Sem solução. Anel Rodoviário de Belo Horizonte registra desde o início do ano uma média de oito acidentes por dia; em maio deste ano, três pessoas da mesma família morreram no KM 6 da rodovia
Os repetidos acidentes no Anel Rodoviário de Belo Horizonte - muitos deles com mortes de famílias inteiras - já poderiam ter sido reduzidos em mais da metade se o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) colocasse em prática alguns dos projetos esquecidos nas gavetas do órgão.
Além da revitalização da via, orçada em R$ 800 milhões, mas anulada na semana passada pelo Dnit por suspeita de superfaturamento detectada pelo Tribunal de Contas da União, pelo menos outros três projetos já foram apresentados ao órgão para desafogar o tráfego pesado da via.
Os anéis viários de Contorno Sul (veja quadro abaixo), Contorno Norte e Leste são apontados por especialistas e pelo próprio prefeito da capital Marcio Lacerda (PSB) como soluções definitivas para colocar fim às mortes no Anel atual.
Apresentado em 2001, o Anel de Contorno Norte, assim como as outras duas propostas, é um anteprojeto ainda sem previsão de quando será executado. A nova rodovia teria 65 km de extensão e iria contornar a capital, ao custo de R$ 700 milhões. A intenção seria concentrar nela o transporte de veículos pesados, ligando a BR-381 (em Betim) à BR-262 (em Sabará). Já o Anel Viário Sul teria 35 km unindo a BR-381 (em Betim) à BR-040, no bairro Olhos D’ água, na capital.
Para o engenheiro da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenador do grupo de mobilidade do plano diretor da região metropolitana, Nilson Tadeu Nunes, o poder público precisa iniciar com urgência a construção das novas vias.
"A única solução para o fim dos constantes acidentes e tragédias no Anel é a construção do Anel Viário Norte. Enquanto tiver esse volume de veículos leves e pesados trafegando juntos na atual rodovia teremos acidentes e mortes", disse.
O Anel Rodoviário, segundo Nunes, é uma rodovia que não foi planejada para ser usada como via de circulação urbana, com tráfego intenso durante todo o dia e com grande quantidade de circulação de carros de passeio. "Com os anos, o Anel foi sendo incorporado ao dia a dia dos belo-horizontinos e hoje pode ser considerada como uma grande avenida", afirmou.
O especialista Silvestre de Andrade Puty Filho, mestre em engenharia de transporte, concorda com a necessidade imediata da construção do Anel Viário de Contorno Norte, mas afirma que essa intervenção não pode ser considerada uma medida que vá substituir a revitalização do Anel Rodoviário.
"O Anel Viário não pode ser interpretado pelas autoridades como uma alternativa ao atual Anel Rodoviário, mas sim um complemento. Uma via independe da outra, pois terão funções distintas", argumentou.
Sem verbas
De acordo com o prefeito Marcio Lacerda, as ideias dos anéis Sul e Norte, além do Anel de Contorno Leste, passando atrás da Serra do Curral e ligando as BRs 040 à 381, não fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Ideias existem, mas não há alocação de verbas do governo federal", disse.
Estado quer iniciar obras em 2011
Ontem, em meio à campanha eleitoral, o governador Antonio Anastasia afirmou que o Estado está preparado para assumir as obras de revitalização do Anel Rodoviário. Para isso, o governador espera agora que o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, acate a sua proposta.
“Se houver a decisão do governo federal de nos repassar a execução da obra, eu acredito que conseguiríamos iniciar as intervenções no início de 2011”. (TT)
Fonte: O Tempo
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