Administrador era recém-casado e planejava filho para o ano que vem
RAPHAEL RAMOS E THAÍNE BELISSA
FOTOS ANGELO PETTINATI
Comoção. Pelo menos 200 pessoas acompanharam o velório de mãe e filho, realizado na tarde de ontem, na cidade de Mateus Leme
A professora aposentada Maria Imaculada Martins Oliveira, 59, estava radiante com o casamento da filha caçula, previsto para o mês que vêm. Anteontem, ela aproveitou que o filho Mário Henrique Oliveira, 32, vinha a Belo Horizonte para trabalhar e o acompanhou para distribuir convites a parentes e amigos. Mas no caminho de volta para Mateus Leme, na região metropolitana, onde a família mora, um acidente colocou fim à alegria da celebração.
Mãe e filho morreram carbonizados depois que tiveram o carro esmagado por um carreta, na BR-381, em Betim, na mesma região. Os dois poderiam ter sido salvos se um caminhão-pipa da administradora da rodovia que passou pelo local tivesse água. Testemunhas afirmam que, mesmo após o acidente, as vítimas permaneceram vivas esperando socorro, mas o fogo tomou conta do local e elas foram carbonizadas.
Uma prima de Mário contou que o administrador entraria na igreja com a irmã, a nutricionista Ana Flávia Oliveira, 28. Isso porque o pai dos dois morreu há 19 anos. Segundo um tio da vítima, o professor Bruno José de Oliveira, 44, Mário estava casado há sete meses e planejava ter filho até o ano que vem. "É o fim de um sonho", lamentou.
Ontem, os corpos de Maria Imaculada e Mário foram sepultados no Cemitério Central de Itaúna, na região Central de Minas. De acordo com Bruno Oliveira, foi nesse local que o irmão dele (pai de Bruno) foi enterrado e era o desejo da família que todos ficassem juntos.
Velório. Pelo menos 200 pessoas, entre parentes e amigos, foram ao velório das vítimas, na tarde de ontem, no Ginásio Poliesportivo de Mateus Leme. Emocionada, a mulher de Mário precisou ser amparada por familiares.
Amigas de Maria Imaculada contaram que ela era muito religiosa. Segundo parentes, a família era conhecida e querida na cidade. "Não estamos revoltados, mas assustados. Até agora estamos em choque", disse uma prima.
Testemunhas informaram que o acidente que matou a aposentada e o administrador foi provocado por um caminhão-baú. Ele tentava entrar em um posto de gasolina quando uma carreta que vinha atrás não conseguiu frear. Os dois bateram e a carreta prensou o carro onde estavam mãe e filho na mureta de proteção da rodovia.
Para testemunha, acidente foi "uma cena aterrorizante"
O dia seguinte à tragédia que matou mãe e filho foi de tristeza também para o ajudante Franciano de Paula, 32. Mesmo sem conhecer as vítimas, o homem que presenciou a tragédia disse não será fácil esquecer a cena. "Não consegui dormir. As imagens do caminhão e do carro pegando fogo não saem da minha cabeça".
Casado e pai de dois filhos, Franciano foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local do acidente. Ele conta que as chamas começaram aos poucos na frente da carreta e, depois, atingiram o carro.
Segundo o ajudante, ele chegou a pegar na mão de Oliveira. "O fogo começou de baixo. Foi tomando conta de tudo. Só foi possível ouvir o rapaz e a mulher gritando e os pedidos de socorro. Não deu para fazer nada. Uma situação que jamais quero voltar a viver", lamentou. (RR)
Fonte: O Tempo
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