domingo, 20 de setembro de 2009

2009.09.20 - Lentidão na BR-381 causada pelo Gasoduto do Vale do Aço será muito bem recompensada - Jva Online

Canteiro de obras na rodovia que corta o perímetro urbano de Ipatinga funciona de oito horas até meia-noite para acelerar a construção. Abastecimento de indústrias com gás trará representativos ganhos econômicos e também benefícios ambientais à população

IPATINGA – Os condutores de veículos que circulam diariamente pela BR-381 no perímetro urbano de Ipatinga - o trecho em que a rodovia ganhou o nome de Avenida Pedro Linhares Gomes, em homenagem ao pioneiro empreendedor imobiliário da região – continuam se queixando muito do estresse provocado pela lentidão do trânsito. As obras de implantação da tubulação do Gasoduto do Vale do Aço, iniciadas em julho, ainda provocam um incômodo “funil”, principalmente nos horários de pico do tráfego, nas entradas e saída dos turnos de trabalho e escola, além dos intervalos das refeições. Contudo, o ganho econômico do empreendimento para as principais indústrias geradoras de empregos na região é muito representativo. Além disso, num futuro próximo, todos os transtornos deverão se reverter em benefícios ambientais para a população.

A substituição do carvão vegetal pelo gás como matriz energética, pelas siderúrgicas da região, deverá trazer grande economia e melhores possibilidades para geração de empregos nesse momento de crise mundial. Um estudo feito pela Fundação Gorceix apontou que o uso do gás natural - tecnologia usada no mundo todo, sobretudo na Europa – traz como principal ganho a preservação ambiental. Segundo o pesquisador Paulo von Kruger, que esteve à frente de levantamentos realizados no Pará, somente para abastecer o Pólo Siderúrgico de Marabá seriam necessários cerca de 40 milhões de metros cúbicos de gás natural por ano para a substituição parcial do carvão vegetal. Mas isso resultaria na redução do uso de 500 mil metros cúbicos de carvão vegetal por ano, eliminando poluição atmosférica. Kruger explica que para a produção de cada metro cúbico de carvão vegetal são necessárias 12 árvores, conforme preconiza a Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente IN 01/96-MMA. E a partir daí se chega ao saldo de que o investimento na substituição da tecnologia do carvão vegetal pouparia seis milhões de árvores por ano.

A preocupação do setor siderúrgico é no sentido de utilizar tecnologias que minimizem impactos ambientais e que contribuam para a sustentabilidade. Mas a implantação de um gasoduto beneficia não só as grandes indústrias. Vários empreendimentos do setor produtivo devem ganhar novo vigor, sem contar a atração de novos investimentos.

Desafios

O pesquisador Paulo Kruger também destaca que “a racionalização do uso da energia e a proteção ao meio ambiente são os maiores desafios da atualidade e, naturalmente, a indústria siderúrgica está dentro deste contexto”. Ele explica que pelas suas próprias características, o processo de obtenção do ferro é, tanto consumidor intensivo de energia, quanto ambientalmente impactante. E neste contexto, se destaca o alto-forno, responsável pela fabricação de mais de 95% do ferro gusa produzidos no mundo. Para entender melhor o processo de produção do ferro gusa é preciso saber que o meio energético universalmente empregado no processo do alto-forno é o carbono, seja na forma de coque ou de carvão vegetal.

O coque implica na extração do carvão mineral, seu beneficiamento e a sua coqueificação. Já o carvão vegetal, envolve reflorestamento e carvoejamento. Em ambos os casos, os custos envolvidos são elevados e os impactos ambientais também. Por esse motivo, não têm sido poucos os esforços do setor siderúrgico, já há algum tempo, no sentido de substituir o redutor calibrado, caro, por energéticos menos nobres, que sejam injetados através das ventaneiras dos altos-fornos e ambientalmente menos impactantes. Destes, os mais comuns são o carvão pulverizado e o gás natural.

O uso do gás natural minimiza sobremaneira o impacto ambiental em relação à camada de ozônio, que tem sido bastante atingida pela liberação de monóxido de carbono.
O gás natural faz com que parte do monóxido de carbono liberado durante o processo de produção seja substituído pelo hidrogênio. O hidrogênio é um redutor mais eficiente que o monóxido de carbono, o que proporciona ganhos de energia e menores consumos de redutor.

Paulo von Kruger ressalta também que, a técnica que usa o carbono gera e emite quantidades maciças de bióxido de carbono, que é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global (efeito estufa), enquanto a redução pelo hidrogênio gera apenas vapor de água. E mais: a prática de injeção de gás natural não implica em investimentos em equipamentos e instalações, como ocorre no caso da injeção de carvão pulverizado. O único investimento requerido se refere ao distribuidor e ao regulador da pressão do gás.

Supostos “gargalos” não são problema para avanço da tubulação

Ao contrário do que muitos imaginam, nos pontos em que a tubulação do Gasoduto do Vale do Aço terá que transpor áreas de viadutos e outras pistas de grande fluxo de veículos na cidade, a obra tende a ser rápida, mais veloz até que nos locais planos. Quem trafega nesses pontos não sofrerá tanto com o “gargalo”. De qualquer forma, o engenheiro civil Eduardo Luiz, responsável por coordenar o andamento das obras, reforça que esse incômodo momentâneo vai trazer mais desenvolvimento para a região.
Eduardo explica que nos locais onde a perfuração subterrânea precisa vencer viadutos, rios, trevos de avenidas, a técnica empregada é o Método Não Destrutivo (MND). “Essa metodologia tem a vantagem de definir os pontos de entrada e saída da tubulação, e a recomposição da perfuração é muito mais rápida. Nesse sentido, essa técnica tem impactos positivos para a população”, explicou o engenheiro.

O método será usado nos viadutos dos bairros Horto (‘Mergulhão’), Iguaçu (próximo ao Hotel Panorama), Novo Cruzeiro (junto ao estádio Ipatingão) e Veneza (perto do Centro Cultural e Esportivo 7 de Outubro e na rotatória). A máquina que faz esse trabalho é a perfuratriz direcional. O operador programa a perfuração inicial, chamada de furo piloto, com base numa análise da topografia do terreno. Após a primeira escavação que determina o caminho da tubulação, o túnel é alargado até alcançar o diâmetro de 26 polegadas. Para não fechar os pontos cavados, a máquina aplica uma solução de água, bentonita e polímero. A mistura também ajuda no deslizamento dos tubos.

Trânsito lento

Quanto à lentidão do tráfego dos dias atuais, Eduardo Luiz explica que não adianta reduzir o canteiro de obras nas pistas da BR-381. “Colocar um Pare-Siga muito em cima de onde os operários e as máquinas trabalham é inviável, porque a qualquer problema na pista o motorista vai jogar o carro para o canto, representando problema de segurança”. As placas de sinalização indicam a velocidade de 30 quilômetros por hora, para sensibilizar o motorista de que o trânsito será lento. O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Prefeitura Municipal, Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar já estavam cientes de que durante as obras haveria transtornos no trânsito, lembra a Gasmig. Para acelerar a instalação da tubulação, as empresas têm trabalhado de 8 às 24h.

Segurança

A Gasmig contratou as empresas DM Construtora e Galvão Engenharia para a execução da obra do gasoduto, mas acompanha cada etapa do processo. O investimento em segurança é o quesito mais importante, tanto que cada solda feita nas juntas da tubulação passa por uma checagem com aparelho de ultrassonografia, antes do tubo ser enterrado. Quando há defeito, é feito um corte na tubulação e refeita a solda. A empresa tem usado nas obras as técnicas que oferecem maior segurança.

Fonte: http://www.jvaonline.com.br/noticias.asp?id_noticia=76564

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...