18/06/2009 08h01Cerca de oitenta por cento dos presentes votaram por um movimento de interrupção do tráfego no Trevo, município de Bom Jesus do Amparo. Câmara Municipal vai organizar o ato público
JOSÉ SANA
Durante uma hora e meia, autoridades, lideres comunitários e cidadãos itabiranos decidiram que vão parar o tráfego na BR 381 em sinal de protesto. O ato público em favor da duplicação da rodovia deverá ser realizado até o mês de julho, segundo organizadores do movimento. A partir de agora, a Câmara Municipal de Itabira, que lidera a iniciativa, vai intensificar contatos com a comunidade organizada da cidade com vistas a detalhes e documentos a serem preparados.
A Audiência Pública, convocada pelo vereador-presidente Neidson Dias de Freitas (PP), presidida pelo vereador Élson Sá (PMDB, presidente da Comissão de Transporte Público e Sistema Viário), ocorreu na noite desta quarta-feira, no plenário da Câmara Municipal de Itabira. Contou também com a presença dos prefeitos João Izael Querino Coelho (PR), de Itabira; Raimundo Nonato Barcelos, Nozinho (PDT), de São Gonçalo do Rio Abaixo; do deputado estadual Ronaldo Magalhães (PSDB); do vice-prefeito Roberto Ferreira Chaves (PSDB), de Itabira; do coordenador da 12ª Regional do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Itabira, Álvaro Eduardo Goulart e do presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita), José Antônio Lopes — todos esses componentes da mesa de honra — e de mais 90 cidadãos que registraram em livro próprio as suas participações.
Estiveram ainda na sede do Legislativo e discutiram o tema proposto os vereadores João Grande (PR), Ilton Magalhães (PR), Paulo Chaves (PSDB) e Tãozinho Leite (PP).
DISCUSSÕES
Tanto o vereador Neidson de Freitas quanto seu companheiro de trabalho Élson Sá fizeram questão de anunciar que as decisões seriam tomadas pela maioria dos presentes à Audiência Pública, fazendo valer a força da democracia. Disseram ainda que haveria uma decisão objetiva até o final dos trabalhos.
O primeiro a se manifestar foi o coordenador do DER, engenheiro Álvaro Goulart, que se posicionou contrariamente a uma possível decisão de paralisar o tráfego na rodovia. Além dele, seu companheiro de trabalho, do setor de Fiscalização, José Homério de Souza, ponderou sobre os riscos de partir para um movimento radical.
Outras opiniões foram contundentes, como do prefeito Nozinho, de São Gonçalo, que lembrou o movimento iniciado em seu município na semana passada, dia 10 de junho. O chefe do executivo são-gonçalense deixou de liderar um movimento de paralisação do tráfego por acreditar que a imprensa de Belo Horizonte se limita a dar cobertura a regiões próximas da capital. A tônica de sua proposta foi mantida: educação no trânsito e sensibilização de autoridades para a gravidade do problema enfrentado por uma extensa região.
O deputado Ronaldo Magalhães, a exemplo do foco econômico analisado pelo presidente da Acita, José Antônio Lopes, também criticou o governo federal, por buscar altíssimas somas em impostas na “rica região de Minas Gerais” e dar pouca importância às carências enfrentadas pela mesma região, dentre as quais “a necessidade urgente de duplicação da BR 381”. O parlamentar afirmou que o governador Aécio Neves, de seu partido, já propôs “estadualizar” a BR 381, mas o governo federal se mantém irredutível, “preferindo que a rodovia se transforme em um caos cada vez mais perigoso”. Outras abordagens foram feitas por ele, que elogiou o primeiro projeto apresentado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mais tarde abandonado. A nova proposta é instalar radares no trecho de Governador Valadares a Belo Horizonte, além de postos de cobrança de pedágio. Ronaldo disse que a decisão do órgão federal é inexplicável. “Estaremos pagando para morrer”, bradou em protesto.
João Izael Querino Coelho, depois das críticas de seu vice-prefeito Roberto Chaves, fez a denúncia que a plateia esperava, tanto que a aplaudiu. “A questão é uma só: falta de vontade política ou falta de respeito”, alfinetou de alto e bom tom. E fez relatos de situações tristes que os usuários da BR enfrentam dia após dia.
Em seguida às suas queixas, o presidente Neidson de Freitas não deixou por menos e, embora concordasse com colocações do deputado Ronaldo Magalhães, pediu mais empenho de Aécio Neves, além da proposta de “estadualização” da rodovia. A Lula não faltou com o elogio à “boa administração” que, segundo ele, mas deixou para o presidente, também, a sua alfinetada: “Ele falta ao compromisso político com a nossa região”.
Vários cidadãos se manifestaram logo a seguir. Houve queixas acerca da rodovia Itabira a Nova Era, cujo trânsito caótico já vem sendo denunciado faz tempos, principalmente por DeFato, além de outros acessos, como a São Gonçalo do Rio Abaixo, Santa Maria de Itabira e João Monlevade. Em lados opostos, Ceomar Santos informou que era previsto, já em 1999, que a rodovia Itabira a Nova Era se transformasse na nova BR 381; outros cidadãos consideraram essa situação extremamente negativa, porque é desestruturada. O engenheiro Álvaro Goulart explicou as dificuldades que enfrenta o DER para normalizar o tráfego nessa estrada, programada para um fluxo diário de 1.000 veículos e hoje com volume de 1.200 somente de caminhões.
Todos os manifestantes falaram da necessidade de convocar a classe política, principalmente deputados federais e senadores para participarem do movimento. De sua forma, cada um pensa que assim a voz da região chega aos ouvidos do presidente da República, a quem cabe decidir pela duplicação, objeto final dos protestos que ecoam em vários municípios.
DECISÃO
Depois das discussões, o presidente Neidson de Freitas voltou a afirmar que a Câmara Municipal acataria a decisão da maioria sobre a paralisação ou não do tráfego na BR 381, como participação do povo itabirano entre os que protestam contra o estado da rodovia. Élson Sá colocou em votação e obteve a quase totalidade de manifestações favoráveis: em torno de 80% dos presentes.
Diante do resultado, o presidente da Câmara anunciou que haverá, até o mês de julho, um movimento itabirano no Trevo da BR 381, município de Bom Jesus do Amparo. “Convocaremos a comunidade organizada de Itabira para discutirmos detalhes do movimento, como tempo de duração, data do protesto e outras providências”, afirmou.
E finalizou: “Itabira, que sofre com constantes acidentes na BR 381, que já perdeu valiosas vidas nessa rodovia, não pode e não quer se omitir. Vamos mostrar que queremos ação determinada dos políticos”.
Fonte: http://www.defatoonline.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=4050
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